IEDI na Imprensa - Saldo comercial atinge US$ 4,7 bi, resultado recorde para novembro
Valor Econômico
Cristiane Bonfanti e Marta Watanabe
A balança comercial registrou superávit de US$ 4,758 bilhões em novembro. O saldo é resultado de US$ 16,220 bilhões em exportações e de US$ 11,463 bilhões de importações, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). Em novembro de 2015, o superávit foi de US$ 1,198 bilhão. O resultado de novembro último é recorde para o mês desde o início da série histórica, em 1989.
No acumulado entre os meses de janeiro e novembro, o saldo comercial atingiu US$ 43,282 bilhões. No mesmo período de 2015, foi de US$ 13,455 bilhões. O resultado também é recorde para o período desde o início da série histórica. O secretário de Comércio Exterior, Abrão Neto, manteve a previsão de a balança fechar o ano com saldo positivo entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões.
"O mês de dezembro será determinante para o resultado, pois é tradicionalmente um mês superavitário. Há a possibilidade de um valor histórico no saldo da balança", disse o secretário. O recorde para dezembro é de 2006, com saldo de US$ 46,5 bilhões.
Segundo Abrão, pela primeira vez, a conta petróleo deve encerrar o ano no azul. Ele ressaltou que, até agora, no acumulado do ano, a conta petróleo está com saldo positivo de US$ 416 milhões, mas como esse mercado é muito volátil, é preciso aguardar o desempenho de dezembro.
No que diz respeito ao resultado de novembro, o ministério destacou que as exportações apresentaram um crescimento de 17,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado, considerando a média diária. O desempenho do mês, porém, teve ajuda de duas plataformas de petróleo que somaram US$ 1,9 bilhão. Sem a plataforma, o crescimento da exportação de novembro cai para 3,6%.
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), também chama a atenção para a baixa base de comparação. Ele lembra que, em novembro do ano passado, a exportação média diária foi de US$ 690 milhões, abaixo da média diária de 2015, de US$ 764 milhões. Em novembro de 2016, a média diária exportada foi de US$ 811 milhões. Sem a plataforma, porém, foi de US$ 715,30 milhões.
"Isso mostra que não há muito o que comemorar." Também por conta da base baixa, diz Castro, houve elevação de 85% na exportação de veículos em novembro contra igual mês de 2015. Entre as commodities, preços em recuperação de minério de ferro, petróleo e açúcar favoreceram as altas de embarques desses produtos no mês.
Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), avalia que o resultado de novembro nos manufaturados "não foi tão ruim", mas também faz ponderações. Em novembro a exportação de manufaturados cresceu 41,8%, segundo dados do Mdic.
Sem a plataforma de petróleo, porém, a alta é de 7,7% contra igual mês de 2015, Não é um resultado ruim depois de quedas de 3,1% em setembro e 4% em outubro, sempre no critério da média diária e na comparação anualizada. Em julho e agosto, os embarques cresceram 7,5% e 7,6%, respectivamente, lembra. "Mas em junho a queda foi de 21%."
O boletim do IEDI destaca que a média por dia útil das exportações de manufaturados trocou queda de 8,2% em 2015 frente a 2014 por alta de 2,1% no acumulado até novembro contra igual período de 2015. No caso de semimanufaturados, a mudança foi de queda de 7,9% para alta de 5%, na mesma comparação. Contudo, diz Cagnin, o crescimento é pequeno levando em conta a queda no ano passado e também é insuficiente para "redinamizar" a produção industrial.