IEDI na Imprensa - Retomada da Indústria Não Está Consolidada, Avalia IEDI
Publicado em: 02/09/2016
Retomada da Indústria Não Está Consolidada, Avalia IEDI
Valor Econômico – 02/09/2016
Camilla Veras Mota
A alta “frágil” de 0,1% da produção industrial em julho, na comparação com junho, mostra como é delicado o período de “inflexão” pelo qual o setor vem passando, avalia Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
Para ele, a primeira retração observada pela categoria de bens de capital após seis meses consecutivos de alta — de 2,7% sobre junho, na série com ajuste sazonal — e o recuo de 1,9% na categoria de bens de consumo não-duráveis, após alta de 0,9% no mês anterior, acende uma “luz amarela” sobre a retomada do setor.
O ramo automotivo, cuja produção recuou 1,7% em relação a junho e puxou para baixo o resultado do segmento de transformação (-0,1%), conforme os dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM- PF), vinha se beneficiando do real desvalorizado para incrementar as vendas para países como México e Argentina e, assim, compensar parte da queda expressiva da atividade no mercado doméstico.
Com a nova onda de valorização da moeda e a ausência de perspectivas de retomada do mercado de trabalho ainda em 2016, avalia o economista, é pouco provável que esse segmento dê contribuições positivas expressivas para a produção.
“A taxa de câmbio desvalorizou 20% no primeiro semestre. Esse é o momento de colocarmos elementos dinamizadores na economia, e não de tirarmos”, pondera Cagnin. Assim, ele considera urgentes o encaminhamento do pacote de concessões, que tem potencial para diminuir os gargalos infraestruturais que afetam a eficiência do setor, e uma reforma tributária, que daria mais competitividade às empresas. No curto prazo, ele ressalta, o governo poderia lançar mão de instrumentos como o Reintegra para estimular as exportações.
Nesse sentido, o economista chama atenção para os dados da balança comercial de julho presentes na divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam uma desaceleração expressiva do volume de vendas ao exterior. O quantum de exportação avançou 8% em relação a julho de 2015, contra 9,2% no segundo trimestre e 12,3% nos três primeiros meses do ano.