IEDI na Imprensa - Bolsa fecha com novo Recorde
Zero Hora
Caio Cigana
A última flechada do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer e seu grupo político não alvejou o mercado financeiro. Com alta de 1,47%, o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa paulista (B3), encerrou a sexta-feira com novo recorde, aos 75.756 pontos. Desde segunda-feira, quando pela primeira vez superou a marca de 73.516 pontos de 20 de maio de 2008, foi a terceira renovação das máximas diárias.
O dólar comercial, outro termômetro do humor dos investigadores, encerrou o dia estável, a R$ 3,11.
O analista-chefe da Geral investimentos, Carlos Müller, entende que a moderação está relacionada à percepção de que Temer tem o controle do Congresso e de que a nova denúncia contra o presidente tende a não passar na Câmara. Apesar de grave, a ofensiva de Janot era esperada e, por isso, estava de certa forma precificada.
O mercado está olhando mais a questão dos juros em queda, inflação baixa, expectativa de recuperação do PIB e a própria bolsa ainda descontada em dólares - diz Müller, referindo-se à forma como os investidores estrangeiros preferem avaliar o mercado brasileiro.
Apesar da euforia, com a renovação de máximas, Müller adverte que a bolsa já subiu bastante e uma correção deve ser esperada.
O economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), é mais cauteloso. Diz que os sinais de recuperação ainda não são consistentes e que a segunda denúncia tende a, novamente, paralisar governo e Congresso, o que pode retardar ainda mais a votação de reformas consideradas importantes pelo mercado, como a da Previdência. A saída da crise, avalia, ainda depende de disseminação mais ampla dos bons indicadores.
A indústria teve uma sequência de altas, mas o comércio ainda está de lado e o setor de serviços segue com dados ruins. Então, ainda estamos sujeitos a percalços - observa Cagnin.
O prosseguimento da turbulência política, entende o especialista, ainda pode atrapalhar a recuperação frágil por contaminar as expectativas dos agentes da economia e também por truncar agenda de Brasília.