IEDI na Imprensa - Exclusivo: Brasil mantém posição modesta em ranking global de exportação de manufaturados
AE News
Francisco Carlos de Assis
O Brasil mantém uma participação marginal, de apenas 0,61%, no total mundial de exportação de bens manufaturados, disse em entrevista ao Broadcast o diretor-executivo do Instituto de Estudo para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), Júlio Gomes de Almeida. Os dados são da Organização Mundial de Comércio (OMC) e, dada à dificuldade de coleta e tabulação dos números, datam de 2016 com base de comparação em 2015.
Neste mesmo ranking, o Brasil ocupa a 30ª posição entre os países pesquisados. De acordo com Almeida, esse número já é ruim, mas a dinâmica é ainda pior, com expansão mínima na margem. Em 2015, a participação do País nas exportações mundiais de manufaturados era de 0,59% e o País ocupava o 31º lugar.
"Só cresceu em 2016 porque o mercado interno estava muito ruim e nossos exportadores procuraram um pouco mais o mercado externo." Ao mesmo tempo, as exportações globais de manufaturados caíram 1,8% enquanto as brasileiras cresceram iguais 1,8%.
Embora a participação do Brasil ainda seja significativa no PIB global da industrial, com 2% atualmente e ocupando 9ª posição nesse quesito, a fragilidade das exportações brasileiras de manufaturados não é compatível com essa representatividade, que já foi até maior (3%).
"Não é qualquer um que tem 2% no PIB global da indústria. A Índia, que está procurando maior espaço, tem 2,5%. A China hoje tem 14% de fatia, mas há 10, 15 anos tinha 2% como o Brasil", disse, acrescentando que a Coreia do Sul hoje tem 3%.
No entanto, as exportações de manufaturadas destes países são proporcionais ao tamanho de suas indústrias. "Se você pega o que a gente exporta de manufaturas, não somos o 9º, somos o 30º. E a nossa participação nas exportações de manufatura é de 0,61%. É coisa de gente fora do mapa e 30º lugar é posição de país que não participa desse processo mundial", criticou o diretor do IEDI.
Segundo Almeida, o Brasil está desperdiçando oportunidades. "É preciso ter indústria, mas com um bom parque exportador. A Alemanha tem uma indústria grande, mas tem um parque exportador correspondente ao tamanho da sua indústria. Estados Unidos, China e Coreia do Sul são a mesma coisa. Índia é um pouco menos, mas está tentando trilhar este caminho", ponderou.
Outro retrato da estagnação da indústria brasileira é o ranking global de exportações industriais, que inclui manufaturados e não manufaturados. Em 2016, o País ficou parado na 25ª posição, onde está desde 2014. "A despeito de uma queda de 3% de suas exportações brasileiras registrada pela balança entre 2015 e 2016, o País garantiu uma participação de 1,16% no total exportado no mundo. De todo modo, continuamos aquém da nossa melhor marca, atingida em 2011 (1,40%)", disse o diretor do IEDI. Naquele ano o Brasil ocupou o 22º lugar nesse ranking.
Mundo
Segundo a OMC, como tem acontecido nos últimos anos, o comércio internacional cresceu menos que a economia global em 2016. Enquanto o fluxo de comércio de bens e serviços entre países cresceu, em volume, 1,3% frente a 2015, o PIB mundial se expandiu 2,3%. Em valor, verificou-se uma queda de 3,3% em 2016, devido a recuos generalizados nas diferentes regiões do globo.