IEDI na Imprensa - Investimento interrompe ciclo de quase 4 anos de retração
O Globo
Expansão, ainda incipiente, foi puxada por montadoras e máquinas
Daiane Costa, Marcello Corrêa, Rennan Setti e Ana Paula Machado
Os investimentos feitos pelas empresas subiram 1,6% entre julho e setembro na comparação com o trimestre anterior, na primeira expansão do indicador em 15 trimestres, divulgou ontem o IBGE. A taxa foi bastante influenciada pela retomada da indústria automobilística, pela queda dos juros e pela demanda maior por máquinas e equipamentos, que tiveram impacto também no nível de importações. Segundo analistas, apesar de animador, o movimento precisa se consolidar.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2016, a chamada formação bruta de capital fixo ainda recuou 0,5%, 14ª queda seguida. Mas mesmo aí há uma mudança de cenário. A construção civil,ainda apresenta desempenho negativo. Já a produção e a importação de máquinas e equipamentos reagiram.
— Os dois componentes principais dos investimentos são bens de capital e a construção civil. Essa última está com desempenho negativo ainda, porque ela depende muito de investimentos públicos, mas menor do que vimos no passado — explica Rebeca Palls, coordenadora das Contas Trimestrais do IBGE.
INDÚSTRIA VOLTA AO AZUL
A melhora nas máquinas e equipamentos deve-se principalmente a automóveis e caminhões. O segmento acabou puxando a Indústria, que cresceu 0,8% entre julho e agosto, na comparação com os três meses anteriores, após retração de 0,4% no segundo trimestre.
A atividade industrial já está positiva (0,4%) até mesmo na comparação com o ano anterior, o que não ocorria há 13 trimestres. Porém, alerta Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), ainda é preciso que os investimentos se espalhem com mais força:
— A reação está baseada em investimento leve e de alguns setores, como o automotivo. É uma modernização de linha produtiva, investimento para reverter custos de produção. Não são capazes de dinamizar a economia. Tanto que os desembolsos do BNDES estão em patamar baixo.
Alessandra Ribeiro, economista Consultoria Tendências, é mais otimista:
— A economia ficou paralisada. Depois de um tempo, as empresas voltam a olhar para a frente e os investimentos voltam a acontecer.
É o caso do empresário José Rubens Almeida, dono da AGM Automação. Ele postergou investimentos de cerca de R$ 2 milhões no início de 2017 devido à crise. Mas retomará as negociações na virada do ano, antecipa:
— Os últimos cinco meses, estamos percebendo uma melhora nos negócios.
Luis Otavio Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, prevê que o investimento terá altos e baixos, ao contrário do consumo, que terá recuperação mais consistente:
— O consumo será o motor, o investimento vai ser o tempero (da retomada).