Análise IEDI
Sem melhoras de final de ano
A elevação do mês de novembro de 2016, de 0,1% frente ao mês de outubro com ajuste sazonal, é mais um indício de que as vendas reais do setor de serviços não passam por um bom momento. Convém sublinhar que de agosto a outubro, seu faturamento caiu mês após mês, culminando com o resultado praticamente insignificante de novembro. Assim, pode-se dizer que os serviços foram, tanto quanto a indústria e o varejo, uma vítima da virada do segundo semestre de 2016, deixando para trás a trajetória em vigor no primeiro semestre que intercalava meses de declínio e de crescimento.
Tomados em seu conjunto, os onze meses de 2016, para os quais já conhecemos os dados, significaram um aprofundamento da crise do setor. A queda acumulada nesse período chega a -5,0%, sensivelmente superior aos -3,6% de 2015 como um todo. Nesse sentido, os serviços acompanham o comércio varejista, que também sofreu perdas maiores em 2016, enquanto a indústria, que é o epicentro da atual crise econômica, apresentou alguma moderação, ainda que muito insuficiente.
No caso dos serviços, o que se vislumbra para o último trimestre de 2016 não é nada bom, a tomar pelo desempenho do bimestre formado pelos meses de outubro e novembro. O declínio real do setor como um todo chegou a -6,2% frente ao mesmo bimestre de 2015, o que sugere um agravamento do quadro e uma provável interrupção de um movimento muito lento de redução do nível de queda.
Isso fica bem ilustrado na comparação com os resultados dos três trimestres de 2016 frente ao mesmo período do ano anterior que seguem abaixo:
• Serviços totais: -5,0% no primeiro trimestre, -4,7% no segundo trimestre, -4,5% no terceiro trimestre e -6,2% em out-nov/16;
• Serviços prestados às famílias: -3,1%, -5,8%, -4,0% e -6,2%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -4,4%, -2,4%, -1,2% e -3,7%;
• Serviços profissionais, administrativos e complementares: -6,7%, -6,3%, -4,2% e -4,6%;
• Transportes, serviços auxiliares e correios: -5,2%, -6,7%, -8,9% e -10,7%;
• Outros serviços: -3,8%, -3,9%, -2,0% e -2,4%.
Dentre os grandes segmentos de serviços, duas situações distintas podem ser identificadas, ambas não sugerindo melhoras no curto prazo.
A primeira acompanha o movimento geral do setor, isto é, os resultados mais recentes (de out-nov/16) sugerem uma fase de deterioração adicional. Enquadra-se neste caso o segmento de serviços prestados às famílias, que pode terminar o ano de 2016 em situação tão desfavorável quanto o último trimestre de 2015 (-6,2%), quando atingiu sua pior marca. Também faz parte deste grupo os serviços de informação e comunicação, que devido a suas inovações tecnológicas vinha amortecendo os impactos da crise sobre seu faturamento.
Na mesma situação encontra-se o segmento de transportes, mas este caso é ainda mais preocupante já que caminha para um patamar recorde de queda, puxado principalmente pelo transporte terrestre (-13,2% em out-nov/16), que reflete muito o dinamismo geral da economia, mas também pelo transporte aquaviário (-21,8%) e pelo aéreo, que continua no negativo (-1,8%).
A segunda situação caracteriza aqueles segmentos que parecem se encontrar presos no “fundo do poço”, isto é cujo ritmo de redução das quedas pode ter perdido força. São os casos dos segmentos de outros serviços, dos serviços profissionais, administrativos e complementares e também das atividades turísticas.
Vale um comentário adicional sobre os serviços profissionais, administrativos e complementares, já que seus dois componentes apresentam tendências distintas. O desempenho dos serviços mais qualificados, isto é, aqueles técnicos-profissionais, continua piorando e já mostram declínio de 16,3% em out-nov/16. Em contrapartida, o componente de serviços administrativos e complementares, que foram alvo do ajuste das empresas desde meados de 2015, caminham para a estabilidade (-0,6% em out-nov/16).
De acordo com dados divulgados pelo IBGE da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de novembro, o volume de serviços prestados cresceu 0,1% sobre o mês de outubro, para dados com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior, apresentou variação negativa de 4,6%. Para o acumulado do ano e a variação dos últimos 12 meses, o resultado foi de -5,0%.
Na comparação com o mês de outubro, na série com ajuste sazonal, a variação do volume de serviços prestados apresentou crescimento em todos os segmentos, liderados por outros serviços (3,3%) e, em seguida, por transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios (2,1%), serviços de informação e comunicação (1,0%), serviços profissionais, administrativos e complementares (0,8%) e serviços prestados às famílias (0,2%). A atividade turística, na mesma comparação, teve alta de 0,5%.
Em relação ao mês de novembro de 2015, por sua vez, todos os segmentos tiveram desempenho negativo, puxados por transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-7,9%), serviços prestados às famílias (-5,6%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,6%), serviços de informação e comunicação (-3,0%) e outros serviços (-0,3%). O segmento de atividades turísticas registrou queda de 2,6%.
No acumulado do ano até novembro, todos os setores também mantiveram desempenho negativo. A maior queda observada foi no segmento de transporte, serviços auxiliares dos transportes e correios (-7,6%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,6%), serviços prestados às famílias (-4,6%), outros serviços (-3,1%) e serviços de informação e comunicação (-2,9%). Os serviços relacionados a atividades turísticas tiveram retração de 2,9%.
Na variação de 12 meses registrada em novembro, a retração foi igualmente generalizada entre os setores. O pior desempenho alcançado foi do grupo de transportes, serviços de transportes e correio (-7,6%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,9%), serviços prestados às famílias (-4,9%), outros serviços (-3,8%) e serviços de informação e comunicação (-2,6%). Nesta comparação, os serviços de atividades turísticas retraíram 2,8%.
Na análise por unidade federativa, no acumulado do ano até novembro, os únicos casos com variação positiva foram Roraima (1,3%) e Distrito Federal (0,3%). As maiores variações negativas foram registradas nos estados do Amapá (-15,1%), Amazonas (-14,4%), Maranhão (-10,7%), Mato Grosso (-10,1%), Pernambuco (-9,0%), Goiás (-8,7%), Bahia (-8,6%), Espírito Santo (-8,3%), Paraíba (-8,2%) e Sergipe (-8,1%).