Análise IEDI
10 pontos sobre o comércio exterior de manufaturados em 2016
A Carta IEDI a ser divulgada amanhã analisa, em detalhe, o desempenho das exportações e importações de produtos industriais do Brasil em 2016. Seguindo a metodologia da OCDE, agregamos os resultados de dezenove ramos industriais em quatro faixas intensidade tecnológica: de alta, de média-alta, média-baixa e baixa intensidade. Esta Análise, por sua vez, sumariza em dez pontos os principais aspectos que marcaram o comércio exterior desses produtos no ano passado.
1. Em 2016, o Brasil teve recorde de saldo comercial total (incluindo bens industriais e primários) , US$ 47,7 bilhões. Algo semelhante ocorrera 10 anos antes (US$ 46,5 bilhões em 2006), quando já se iniciara o “boom” de commodities e ainda era elevado o saldo do comércio de bens industriais (próximo de US$ 30 bilhões, o segundo maior jamais visto).
2. Destaque também para o quase equilíbrio comercial de bens industriais (-US$ 2,4 bilhões) em 2016, o melhor resultado desde 2008.
3. Bens industriais responderam por 101% (ou US$ 28,3 bilhões) da melhora do resultado comercial global do país frente a 2015 (+US$ 28,0 bilhões). Os produtos primários contribuíram com -1%.
4. Se considerarmos tão somente os bens industriais de maior intensidade tecnológica (média-alta e alta tecnologia), esta contribuição para a melhora do resultado comercial global chega a 65,4%.
5. Tomando a melhora do comércio exterior nos dois últimos anos (+US$ 51,7 bilhões), o comércio de bens industriais respondeu por 118% (ou US$ 61,1 bilhões) dela.
6. O lado ruim desse ajuste: a melhora do saldo comercial global brasileiro de 2015 para 2016 veio quase exclusivamente por queda de importações (95,1%); só em pequena dose decorreu de aumento de exportações (4,9%). É usual que os ajustes de comércio exterior recaiam primeiramente sobre as importações e só depois sobre as exportações. Mesmo assim, tem sido baixa a reação exportadora. As importações de bens industriais caíram -23,4% e -17,6% em 2015 e 2016; as exportações diminuíram -10,0% em 2015 e aumentaram apenas em 1,4% em 2016.
7. Muito tempo com relativo afastamento do comércio exterior e com sofrível competitividade, explicam o acanhamento das exportações. Para consertar isso teríamos que ter algum tempo de câmbio favorável e muita redução do custo Brasil.
8. Sem considerar o setor de Construção e reparação naval, os setores mais relevantes em termos de contribuição de exportações para a melhora do saldo comercial em 2016 foram: Alimentos, bebidas e tabaco, Veículos automotores, reboques e semi-reboques e Aeronáutica e aeroespacial.
9. Vários setores apresentaram forte declínio de seu desempenho exportador, como Produtos metálicos, Carvão, produtos de petróleo refinado e combustível nuclear, Produtos químicos, excl. farmacêuticos, Têxteis, couro e calçados, Máquinas e equipamentos elétricos n.e., Equipamentos de rádio, TV e comunicação.
10. Os principais setores com influência na redução das importações foram: Produtos químicos, excl. farmacêuticos, Veículos automotores, reboques e semi-reboques, Máquinas e equipamentos mecânicos n.e., Produtos metálicos, Têxteis, couro e calçados. Sabemos que a causa mais relevante para a queda das importações brasileiras foi a forte recessão. Uma causa adicional foi a substituição de importações.
Maiores detalhes podem ser conferidos em nossa Carta intitulada “A volta do crescimento das exportações de manufaturados em 2016”.