Análise IEDI
Nordeste sem reação
Como vimos na semana passada, o crescimento da produção industrial brasileira em janeiro de 2017 (+1,4% frente a jan/16) foi relativamente difundido entre os ramos industriais acompanhados pelo IBGE (16 dos 26). Com os dados de hoje do IBGE é possível constatar que ele foi ainda mais disseminado em termos regionais. Houve alta em 12 das 15 localidades pesquisadas.
Devemos nos lembrar que, não muito tempo atrás, era uma raridade encontrar na indústria do país alguma região com um resultado positivo. Em outubro de 2016, por exemplo, apenas duas delas apresentavam crescimento, mas a situação foi progressivamente melhorando até atingir a grande maioria das localidades agora em janeiro.
Cabe, entretanto, enfatizar os efeitos que ajudaram no desempenho deste primeiro mês de 2017: um efeito calendário, já que janeiro de 2016 teve dois dias úteis a menos, e um efeito base de comparação, dado que o pior momento da crise industrial se deu precisamente no final de 2015 e no início do ano passado.
Essas ponderações, apesar de necessárias, não chegam a anular trajetórias favoráveis de algumas indústrias regionais. Os resultados abaixo, na comparação frente a igual mês do ano anterior são ilustrativos:
• São Paulo: +0,5% em nov/16; -1,0% em dez/16 e +1,2% em jan/17;
• Rio de Janeiro: +3,8%; -0,5% e +4,6%, respectivamente;
• Minas Gerais: -0,5%; +2,5% e +4,8%;
• Amazonas: +3,9%; +2,7% e +7,5%;
• Rio Grande do Sul: -1,6%; +3,3% e -4,1%;
• Nordeste: -3,0%; -1,0% e -2,9%, respectivamente.
Foram as localidades do centro-sul do país que alavancaram o desempenho positivo do setor industrial no primeiro mês deste ano, com exceção apenas do Rio Grande do Sul, que sentiu o declínio da produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (-20,0%) e de máquinas e equipamentos (-15,3%). As demais localidades obtiveram altas expressivas, o que em alguns casos não foi a primeira vez, como Paraná e Santa Catarina, ou, então, mantiveram-se em uma trajetória favorável.
Esta última situação caracteriza bem o desempenho de São Paulo, que, apesar de ter ficado abaixo do resultado geral da indústria nacional em jan/17 (+1,2% contra +1,4%), passa de uma etapa de redução de perdas para outra em que intercala meses de alta e de queda desde nov/16.
Ao lado de São Paulo, também integram o núcleo duro da indústria brasileira os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, por apresentarem parques industriais mais diversificados e modernos. Em ambos os casos, sob influência de suas indústrias extrativas, suas altas em janeiro foram expressivas. Já são dois meses seguidos de crescimento da produção mineira e, se ignorarmos a queda de dez/16, a produção industrial do Rio de Janeiro já cresce desde set/16.
Mas não é apenas a indústria do centro-sul que dá sinal de vida. O Amazonas por três meses consecutivos vem obtendo resultados positivos, com direito a uma aceleração em janeiro último. Com isso a indústria do estado volta a acompanhar o Pará, que nem nos piores momentos da crise presenciou o declínio de sua produção industrial.
Por fim, é digno de nota que quem não sabe o que é uma taxa positiva há algum tempo é a região Nordeste. À exceção da quase estabilidade de maio de 2016 (+0,3%), cai continuadamente desde o último trimestre de 2015 e não tem mostrado sinais de nenhuma reação. Nos últimos meses sua retração se deve unicamente à indústria baiana, cujo destaque negativo vem principalmente de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis.
A atividade industrial, em janeiro de 2017, apresentou queda de 0,1% para o total do país, na comparação com o último mês de 2016 (considerado o ajuste sazonal). Para esse resultado, as maiores contribuições vieram do desempenho negativo da indústria de 5 dos 14 locais: Bahia (-4,3%), Ceará (-3,4%), Rio Grande do Sul (-3,1%), Região Nordeste (-1,8%) e Paraná (-0,8%). Por outro lado, Espírito Santo (4,1%), Pará (2,4%), Goiás (2,4%) e Pernambuco (2,1%) registraram as variações positivas mais significativas, acompanhados por São Paulo (1,0%), Minas Gerais (0,7%), Santa Catarina (0,6%), Amazonas (0,5%) e Rio de Janeiro (0,3%).
Na comparação com janeiro de 2016, a indústria brasileira assinalou acréscimo de 1,4%, com alta em 12 das 15 localidades pesquisadas. Os maiores destaques foram: Pernambuco (14,1%), Espírito Santo (13,4%) e Mato Grosso (13,3%). Goiás (8,5%), Pará (8,2%), Amazonas (7,5%), Santa Catarina (5,6%), Minas Gerais (4,8%), Rio de Janeiro (4,6%) e Paraná (4,1%) também registraram taxas positivas nesse mês acima da média da indústria (1,4%), enquanto São Paulo (1,2%) e Ceará (0,4%) completaram o conjunto de locais com expansão na produção nesse mês. Os recuos ficaram por conta dos estados da Bahia (-15,5%), Rio Grande do Sul (-4,1%) e na região Nordeste (-2,9%).
A variação acumulada nos últimos 12 meses frente a igual período imediatamente anterior foi de -5,4%, com recuo em 14 dos 15 locais. Os principais ganhos de dinamismo entre dezembro e janeiro ocorreram nos estados de Pernambuco (de -9,4% para -5,5%), Amazonas (de -10,9% para -7,8%), Espírito Santo (de -18,8% para -16,1%), Minas Gerais (de -6,2% para -4,5%), Santa Catarina (de -3,3% para -2,0%), São Paulo (de -5,5% para -4,2%), Paraná (de -4,4% para -3,2%) e Goiás (de -5,2% para -4,2%), enquanto Bahia (de -5,2% para -7,2%) mostrou a maior perda entre os dois períodos.
Rio Grande do Sul. Frente a dezembro de 2016, a produção industrial do Rio Grande do Sul diminuiu 3,1%, já descontados os efeitos sazonais. Em relação a janeiro de 2016, o resultado foi de -4,1%, com dez das 14 atividades pesquisadas apresentado queda. Nesta mesma comparação, dentre os destaques negativos, encontram-se o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias (-20,0%), máquinas e equipamentos (-15,3%), das atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-14,7%), produtos de fumo (-28,6%) e produtos alimentícios (-1,4%). Em sentido contrário, apresentaram variações positivas os setores de celulose, papel e produtos de papel (13,6%) e de móveis (16,6%).
São Paulo. No primeiro mês do ano, a indústria paulista apresentou expansão de 1,0% frente a dezembro do ano passado, com ajuste sazonal. Em relação ao mês de janeiro de 2016, a produção da indústria paulista teve avanço de 1,2%. As atividades que influenciaram esse resultado foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (26,3%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (24,3%), produtos de metal (7,7%), outros produtos químicos (3,3%) e produtos de borracha e de material plástico (4,3%). Por outro lado, os impactos negativos mais importantes vieram do setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-12,5%), produtos alimentícios (-7,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-11,9%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,9%). Na variação 12 meses, a indústria paulista repetiu a variação de dezembro de 2016, com uma queda de 4,2%.