Análise IEDI
Sinal de grande piora
A julgar pelos dados hoje divulgados pelo IBGE, o primeiro mês de 2017 registrou resultados bastante negativos para o setor de serviços, interrompendo um movimento que apontava para uma estabilidade do seu faturamento real. Em relação a dezembro do ano passado, o recuo de janeiro foi de -2,2%, já descontados os efeitos sazonais, o que anulou a pequena alta do derradeiro mês de 2016 (+0,7%). Frente ao mesmo mês do ano anterior, o declínio chegou a -7,3%.
De todos os cinco grandes segmentos do setor, apenas dois continuaram apresentando redução de perdas na passagem de 2016 para 2017. Esta tendência foi mais pronunciada para os serviços de informação e comunicação, cujo faturamento real caiu apenas 1,1% frente a jan/16. Isso se deu, em grande medida, devido à alta de 0,6% dos serviços de telecomunicações, depois de 18 meses consecutivos de queda.
Embora mais lentamente, os serviços de transporte e seus auxiliares e de correios também se mantiveram na trilha da amenização das quedas que marcou o último trimestre do ano passado. Agora em janeiro de 2017, o resultado foi de -5,3% frente a igual mês do ano anterior, só não sendo melhor devido a certa deterioração de transportes terrestres (-11,5%) e forte declínio do transporte aéreo (-19,8%).
Os demais segmentos pioraram dramaticamente seus resultados, o que é um indicador de todo ruim para os serviços. Abaixo, seguem as variações interanuais do faturamento real para os meses de novembro e dezembro de 2016 e janeiro de 2017, que ilustram esse movimento.
• Total: -4,6% em nov/16, -5,7% em dez/16 e -7,3% em jan/17;
• Serviços prestados às famílias: -5,6%, -1,5% e -11,4%, respectivamente;
• Serviços profissionais, administrativos e complementares: -3,6%; -4,9% e -15,2%;
• Serviços de informação e comunicação: -3,0%, -6,5% e -1,1%;
• Transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio: -7,9%, -7,2% e -5,3%;
• Outros serviços: -0,3%, +0,6% e -4,8%, respectivamente.
Tanto os serviços prestados às famílias como aqueles prestados às empresas voltaram para um patamar de retração de dois dígitos. É possível que estejamos diante de um resultado pontual, mas sabe-se que há um ambiente de grande apreensão de famílias e empresas em relação à sua situação financeira, o que pode estar levando novamente a um corte mais intenso na contratação de serviços.
Em relação aos serviços prestados às famílias, o resultado de -11,4% frente a jan/16 foi puxado especialmente pelos serviços de alojamento e alimentação (-13,0%), tradicionalmente vistos como alvo de corte para o ajustamento dos orçamentos familiares. Não à toa, as atividades turísticas também levaram um tombo de -12,5% em janeiro último, após uma alta de 0,7% em dez/16. Neste caso, também é possível que a apreciação do câmbio ao longo de 2016 também tenha redirecionado, em certa medida, o fluxo de turismo para o exterior.
Quanto aos serviços profissionais, administrativos e complementares, a preocupante queda de 15,2% frente a jan/16 foi ensejada tanto por aqueles serviços de maior qualificação, isto é, os técnicos-profissionais (-23,9%), como por aqueles que reúnem atividades geralmente terceirizadas, que requerem menor qualificação, ou seja, os serviços administrativos e complementares (-15,2%).
Por fim, o segmento de outros serviços, que agrega atividades de naturezas bastante distintas demandadas pela agropecuária, setor imobiliário, financeiro e assistências técnicas, depois de ter conseguido voltar a crescer em dez/16 (+0,6% frente a dez/15), apresentou queda de 4,9% em janeiro de 2017.
De acordo com dados divulgados pelo IBGE da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de janeiro, o volume de serviços prestados decresceu 2,2% na comparação com o mês de dezembro, para dados com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior, apresentou oscilação negativa de 7,3%. Em 12 meses a variação foi negativa em 5,2%.
Na comparação com o mês de dezembro, na série com ajuste sazonal, a variação do volume de serviços prestados apresentou crescimento no segmento de serviços de informação e comunicação (5,5%). Os demais segmentos apresentaram queda, sendo as mais acentuadas referentes a serviços profissionais, administrativos e complementares (-14,5%) e ao agregado especial de atividades turísticas (11,0%). Os recuos nos demais setores foram: serviços prestados às famílias (-3,6%), outros serviços (-3,0%) e transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-0,7%).
Em relação ao mês de janeiro de 2016, todos os segmentos apresentaram variação negativa. Os recuos mais intensos foram de serviços profissionais, administrativos e complementares (-15,2%) e serviços prestados às famílias (-11,4%), seguidos por transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-5,3%), outros serviços (-4,8%) e serviços de informação e comunicação (-1,1%). O segmento de atividades turísticas registrou queda de 12,5%.
Na variação de 12 meses registrada em janeiro, todos os setores registraram queda. O pior desempenho alcançado foi do segmento de transportes, serviços de transportes e correio (-7,6%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,9%), serviços prestados às famílias (-5,0%), serviços de informação e comunicação (-3,1%) e outros serviços (-2,5%). Nesta comparação, os serviços de atividades turísticas registraram retração de 3,7%.
Na análise por unidade federativa, as maiores variações negativas para o mês de janeiro foram registradas nos estados de Rondônia (-25,6%), Tocantins (-24,5%), Amapá (24,4%), Mato Grosso do Sul (-23,8%), Sergipe (-21,7%), Roraima (-19,5%), Maranhão (-15,6%), Mato Grosso (-14,9%), Pará (-14,8%), Santa Catarina (-13,8%), Goiás (-12,5%), Distrito Federal (-12,1%), e Amazonas (-11,8%). As únicas variações positivas foram observadas em Alagoas (14,7%), Piauí (8,1%), Ceará (2,6%) e Espírito Santo (1,8%).