Análise IEDI
Sem recuperação, nem moderação das quedas
Em fevereiro de 2017, o faturamento real do setor de serviços conseguiu crescer 0,7% frente a janeiro, já descontados os efeitos sazonais, mas aprofundou suas perdas frente a fevereiro do ano passado (-5,1%). Neste início de ano, se levarmos em conta o desempenho do primeiro bimestre, o setor praticamente se encontra na mesma situação do início de 2016. E mais, a gravidade do quadro não é, na média, muito diferente daquela vivida nos anos de 2015 e 2016 como um todo.
Vejamos os números. A retração do faturamento real dos serviços neste primeiro bimestre de 2017 foi de -4,3% frente a igual período do ano anterior, enquanto -4,4% foi o resultado do mesmo bimestre de 2016 e -4,3% o patamar médio de declínio de 2015 (-3,6%) e 2016 (-5,0%).
Em outros termos, assim como para a indústria e o comércio varejista, o corrente ano não começa muito bem para os serviços. O único alento nos dados divulgados hoje pelo IBGE é que nos últimos quatro meses tem havido resultados positivos na série com ajuste sazonal para o total do faturamento real do setor de serviços. As altas são pequenas, mas persistentes.
Com isso, o primeiro bimestre de 2017 acena com um retorno ao padrão de queda de meados de 2016, da ordem de -4,5%, depois de um último trimestre do ano passado especialmente ruim (-6,0%). Contudo, os diferentes segmentos que compõem o setor não acompanharam esse movimento geral, como mostram as variações interanuais abaixo. Para a maioria deles o quadro é de piora adicional.
• Serviços totais: -4,8% no 2º tri/16; -4,4% no 3º tri/16; -6,0% no 4º tri/6 e -4,3% no 1º bimestre de 2017;
• Serviços prestados às famílias: -5,9%; -4,0%; -4,5% e -5,0%, respectivamente
• Serviços profissionais, adm. e complementares: -6,4%; -4,2%; -4,7% e -8,5%
• Outros serviços: -3,9%; -2,0%; -1,0% e -6,4%;
• Serviços de Transporte, seus auxiliares e correios: -6,7%; -8,9%; -9,5% e -3,8%;
• Serviços de informação e comunicação: -2,4%; -1,2%; -4,7% e -0,1%
Três segmentos apontaram deterioração neste começo de ano, como os serviços prestados às famílias, os serviços profissionais, administrativos e complementares, bem como outros serviços – que incluem serviços financeiros, imobiliários, agropecuários, de assistência técnica etc.
O desempenho mais preocupante dentre estes três casos cabe aos serviços prestados às empresas, isto é, os profissionais, administrativos e complementares, que retornaram a seus piores momentos, com níveis de retração semelhantes àqueles do final de 2015 e início de 2016.
Já no caso de outros serviços, é verdade que suas quedas já foram mais intensas no passado, mas o aspecto negativo é que o segmento parece ter descarrilhado da trajetória de amenização de suas perdas que vinha ocorrendo ao longo da segunda metade de 2016. Os serviços prestados às famílias tampouco tão sinais de melhora; ao contrário, vem lentamente majorando suas quedas na comparação interanual.
As atividades de turismo também podem ser incluídas na relação dos desafortunados, pois seu resultado nunca esteve tão ruim quanto agora. Só em fevereiro último a retração chegou ao patamar recorde de -8,8% frente ao mesmo período do ano anterior (-8,4% no 1º bim/17). A valorização do câmbio, a impulsionar as viagens ao exterior, e a crise financeira das famílias, que ainda não passou, voltaram a agir com força sobre o turismo nacional, depois do pequeno e breve crescimento em dezembro de 2016 (+0,7% frente a dez/15).
Em situação oposta estão os serviços de informação e comunicação, o único segmento do setor de serviços a atingir uma virtual estabilidade no primeiro bimestre de 2017 (-0,1%), recuperando sua trajetória de redução da intensidade de suas quedas que vinha desde o segundo trimestre de 2016, mas que tinha sido interrompida no último trimestre daquele ano.
Por fim, os serviços de transporte, seus auxiliares e correios, que guardam uma forte aderência ao ritmo da atividade econômica geral, encontram-se em uma posição intermediária. Seu desempenho no primeiro bimestre de 2017 está longe da estabilidade (-3,8%), mas, a despeito de uma queda ainda relativamente alta, vem trilhando um percurso de aponta para sua redução.
De acordo com dados divulgados pelo IBGE da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de fevereiro, o volume de serviços prestados cresceu 0,7% na comparação com o mês de janeiro, para dados com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior, apresentou oscilação negativa de 5,1%. Em 12 meses a variação foi negativa em 5,0% e no acumulado do ano a variação foi de -4,3%.
Na comparação com o mês de janeiro, na série com ajuste sazonal, a variação do volume de serviços prestados apresentou crescimento no segmento de serviços prestados às famílias (0,6%); transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (0,5%); e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,2%). Os segmentos que registraram queda na mesma base de comparação foram: serviços de informação e comunicação (-1,5%) e outros Serviços (-0,5%). O agregado especial das atividades turísticas apresentou crescimento de 0,2%.
Em relação ao mês de fevereiro de 2016, todos os segmentos exceto serviços de informação e comunicação, que não apresentou variação (0,0%), registraram queda. O recuo mais intenso foi de serviços profissionais, administrativos e complementares (-10,2%), seguido por outros serviços (-7,3%), serviços prestados às famílias (-6,0%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-4,7%) e serviços de informação e comunicação (-1,1%). O segmento de atividades turísticas registrou queda de 8,8%.
No acumulado do ano, todos os setores mantiveram desempenho negativo. A maior queda foi observada no segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares (-8,5%), seguido por outros serviços (-6,5%), serviços prestados às famílias (-4,9%) transporte, serviços auxiliares dos transportes e correios (-3,8%) e serviços de informação e comunicação (-0,1%). Os serviços relacionados a atividades turísticas tiveram retração de 8,3%.
Na variação de 12 meses registrada em fevereiro, todos os setores registraram queda. O pior desempenho foi registrado no segmento de transportes, serviços de transportes e correio (-7,6%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,7%), serviços prestados às famílias (-4,7%), serviços de informação e comunicação (-2,6%) e outros serviços (-2,6%). Nesta comparação, os serviços de atividades turísticas registraram retração de 4,1%.
Na análise por unidade federativa, as maiores variações negativas em fevereiro frente ao mesmo mês do ano anterior foram registradas nos estados de Tocantins (-25,2%), Amapá (-18,9%), Rondônia (-18,0%), Maranhão (-16,1%), Roraima (-15,0%), Distrito Federal (-13,3%), Mato Grosso do Sul (-12,1%), Sergipe (-11,7%), Rio de Janeiro (-11,3%) e Pará (-10,4%). As variações positivas mais intensas foram observadas no Piauí (10,0%), Mato Grosso (3,0%) e Acre (0,5%).