Análise IEDI
Da exceção à regra
O panorama regional da indústria brasileira sofreu uma reviravolta importante, em direção positiva, neste primeiro trimestre de 2017. No último trimestre do ano passado apenas 3 das 15 localidades pesquisadas pelo IBGE apontavam alta na produção, agora são 12. Considerando apenas o mês de março, a indústria cresceu na maioria das localidades (em 8 delas). Ou seja, aquilo que era exceção tornou-se a regra.
Esse avanço na disseminação de resultados positivos é uma boa notícia, porque dá substância ao crescimento de mero 0,6% do total da produção industrial do país em janeiro-março de 2017 frente a igual período do ano anterior. Esse desempenho poderia ter sido melhor, não fossem algumas poucas, porém determinantes localidades.
De fato, apesar de raros, dentre os casos que escapam da regra atual, que é a da volta ao crescimento, estão estados de peso no sistema industrial do país, como São Paulo. O desempenho da indústria paulista no primeiro trimestre de 2017 manteve sua trajetória de redução de perdas, mas ainda não apresenta suficiente dinamismo. Fechou o período em virtual estabilidade (+0,1%) na comparação interanual, sob influência de uma piora no setor de alimentos e de atividades do setor químico (farmacêuticos, produtos de limpeza e higiene pessoal e outros produtos químicos).
Em situação pior está a região Nordeste, cuja indústria não só continua em declínio como sofreu deterioração na passagem do quarto trimestre de 2016 (-2,0%) para o primeiro trimestre do corrente ano (-2,5%). Isso se deve aos resultados de Bahia e Ceará, já que Pernambuco voltou ao azul. Quedas em setores como o de derivados de petróleo, alimentos e bebidas têm dificultado a recuperação industrial da região.
Hoje, à exceção de São Paulo e Nordeste, as altas preponderam e chegam a intensidades não desprezíveis, como pode ser visto abaixo, muito embora a existência de baixas bases de comparação contribua muito para isso.
• Brasil: -5,3% no 3º trim/16; -3,3% no 4º trim/16 e +0,6% no 1º trim/17;
• Santa Catarina: -1,0%; -0,8% e +5,2%, respectivamente;
• Rio de Janeiro: -2,8%; +2,1% e +4,8%;
• Paraná: -4,2%; +3,1% e +4,6%;
• Espírito Santo: -21,5%; -5,8% e +4,0%;
• Minas Gerais: -3,8%; -3,6% e +3,6%;
• São Paulo: -2,1%; -2,9% e +0,1%
• Nordeste: -4,2%; -2,0% e -2,5%, respectivamente.
O bom desempenho da indústria extrativa, ao lado de metalurgia, tem ajudado algumas localidades a figurar dentre aquelas com as maiores altas no primeiro trimestre de 2017, como no caso de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
A indústria carioca também teve uma relevante fonte de crescimento na indústria automobilística. Este é igualmente o caso de Paraná, Santa Catarina e do Rio Grande do Sul (+1,9%). Tanto nos estados da região Sul quanto em Goiás (+6,6%) e Mato Grosso (+0,4%), a indústria de alimentos e bebidas também contribuiu para impulsionar a produção neste começo de ano.
Vale ainda um comentário sobre o Amazonas, que depois de ter visto uma queda de 21% no primeiro trimestre de 2016, conseguiu amenizar suas perdas ao longo do ano passado e voltou ao positivo em janeiro-março de 2017: +1,3% na comparação interanual. Ainda é pouco, mas pode ser um início de recuperação. Neste período a maioria dos setores industriais do estado apresentou crescimento, mas o destaque ficou por conta da produção de equipamentos de informática, eletroeletrônicos e ópticos.
De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, entre fevereiro e março de 2017, a produção industrial, com ajuste sazonal, recuou em 8 dos 14 locais pesquisados, com destaque para as quedas mais acentuadas registrados por Santa Catarina (-4,0%), Ceará (-3,1%), Paraná (-2,9%), Minas Gerais (-2,8%) e Pará (-2,7%). São Paulo (-1,7%), Rio Grande do Sul (-1,2%) e Espírito Santo (-0,7%) também mostraram redução na produção nesse mês, porém abaixo da média nacional (-1,8%). Pernambuco (0,0%) registrou estabilidade, enquanto Amazonas (5,7%), Bahia (2,0%), Rio de Janeiro (0,7%), Goiás (0,5%) e Região Nordeste (0,1%) registraram as variações positivas.
Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, 8 dos 15 locais pesquisados assinalaram avanço da produção industrial. As elevações mais intensas foram registradas por Goiás (8,0%) e Rio Grande do Sul (7,4%). Rio de Janeiro (6,1%), Santa Catarina (5,9%), Paraná (4,9%), Espírito Santo (2,4%), Minas Gerais (2,4%) e São Paulo (0,9%) também registraram crescimento. Por outro lado, Amazonas (-7,3%), Bahia (-4,3%), Ceará (-3,8%), Pará (-2,6%), Região Nordeste (-2,5%), Pernambuco (-0,8%) e Mato Grosso (-0,3%) assinalaram recuos.
A produção industrial acumulada entre janeiro e março de 2017 apresentou crescimento em doze das quinze localidades: Goiás (6,6%), Santa Catarina (5,2%), Rio de Janeiro (4,8%), Paraná (4,6%), Pernambuco (4,2%), Espírito Santo (4,0%), Minas Gerais (3,6%), Rio Grande do Sul (1,9%), Amazonas (1,3%), Pará (0,6%), Mato Grosso (0,4%) e São Paulo (0,1%). Por outro lado, Bahia (-8,3%) apontou o recuo mais elevado no índice acumulado no ano, seguida por Região Nordeste (-2,5%) e Ceará (-2,2%).
Rio de Janeiro. Em março, frente ao mês anterior e com ajuste sazonal, a produção industrial deste estado apresentou alta de 0,7%. No confronto com março de 2016, constatou-se alta de 6,1% sob influência positiva dos seguintes setores: indústrias extrativas (10,1%), metalurgia (36,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (31,6%), de bebidas (38,8%) e produtos de metal (34,1%). Por outro lado, as contribuições negativas mais relevantes sobre o total da indústria foram assinaladas por impressão e reprodução de gravações (-81,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,0%), produtos de borracha e de material plástico (-15,6%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,3%). No acumulado do primeiro trimestre de 2017 cresceu 4,8%, devido ao avanço dos setores: indústrias extrativas (10,4%), metalurgia (31,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (19,4%), de bebidas (17,8%) e de produtos de metal (23,2%). Por outro lado, as contribuições negativas mais relevantes sobre o total da indústria foram assinaladas por: coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-4,8%) e impressão e reprodução de gravações (-71,4%).
São Paulo. A partir de dados livres de efeitos sazonais, observa-se que a indústria paulista, na passagem de fevereiro para março, registrou recuo de 1,7%. Na comparação de março de 2017 contra igual mês de 2016, houve variação de 0,9%, taxa influenciada pelos setores produtores de veículos automotores, reboques e carrocerias (5,6%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (28,3%), produtos de borracha e de material plástico (10,1%), metalurgia (12,4%), bebidas (16,0%), produtos de metal (5,9%) e outros produtos químicos (3,4%). Por outro lado, o impacto negativo mais importante veio do setor de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-28,4%), pressionado, principalmente, pela menor fabricação de medicamentos. Vale mencionar também os recuos vindos de produtos alimentícios (-4,1%), de outros equipamentos de transporte (-15,0%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,8%). No acumulado dos três primeiros meses do ano, houve avanço de 0,1% devido a influência dos setores produtores de veículos automotores, reboques e carrocerias (11,8%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (28,4%), de máquinas e equipamentos (5,6%) e de produtos de metal (6,6%). Por outro lado, os impactos negativos mais importantes vieram dos setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-8,8%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-22,6%) e de produtos alimentícios (-7,2%),