Análise IEDI
Cinco pontos sobre a indústria por intensidade tecnológica
O desempenho da indústria no primeiro trimestre de 2017, além de modesto (+0,3% ante 1º trim/16), indicando um processo muito lento de saída da crise, foi acompanhado por um resultado ainda negativo no ramo manufatureiro (-0,5%). A evolução dos agrupamentos dos setores da indústria de transformação segundo sua intensidade tecnológica ressalta uma outra faceta do quadro industrial neste início de ano.
A partir de metodologia desenvolvida pela OCDE, o IEDI classificou os setores manufatureiros em alta, média-alta, média-baixa e baixa intensidade tecnológica. As trajetórias em detalhe para cada um desses grupos serão tratadas em nossa Carta IEDI desta semana, mas a presente Análise sintetiza os principais aspectos que, deste ponto de vista, marcaram a indústria em janeiro-março de 2017.
Chamamos atenção para os cinco itens que seguem:
• A melhora recente, que no caso da indústria de transformação significou uma redução do seu patamar de queda, como vimos anteriormente, foi muito concentrada na indústria de média-alta intensidade tecnológica. Este foi o único grupo a apresentar alta no primeiro trimestre do ano (+3,4% frente ao 1º trim/16).
• E mais, o crescimento da média-alta tecnologia deveu-se em grande medida a somente um setor, a indústria automobilística (+11,5%). Resta-nos esperar que este não tenha sido resultado exclusivamente da existência de bases de comparação muito baixas, que sem dúvida vem sendo um fator destacado para a recuperação deste assim como de outros segmentos industriais. A ampliação das exportações do setor dá esperanças de que sua recuperação possa ter continuidade.
• A indústria de alta intensidade tecnológica, por sua vez, fechou o trimestre no negativo (-3,0%) embora tivesse tudo para ter seu primeiro resultado positivo desde o 1º trim/14. A queda foi devido a um único setor, a farmacêutica, cujo declínio foi acentuado (-15,3%). Em contrapartida, o complexo eletrônico apresentou reação expressiva (+18,3%), ajudado também por um efeito base de comparação muito baixa.
• A faixa de média-baixa intensidade foi responsável pelo pior desempenho no trimestre (-4,0%), para o qual contribuiu sobremaneira o recuo de 9,6% da indústria de petróleo e seus derivados. Seus demais setores, porém, tiveram melhor performance, como produtos metálicos (inclui siderurgia) e borracha e plástico, com alta no trimestre, e minerais não metálicos, que ao menos conseguiu arrefecer suas perdas.
• O quinto e último ponto a ser destacado é a virtual estabilidade da indústria de baixa intensidade tecnológica (-0,2% ante o 1º trim/16). Aqui, os resultados de dois setores preocupam: alimentos, bebidas e tabaco (-1,2%) e madeira, papel e celulose (-1,9%), que têm mostrado oscilações importantes e piora neste começo de ano. A boa notícia ficou por conta de têxteis, confecções e calçados, em alta nos dois últimos trimestres com direito a aceleração (+3,6% no 4º trim/16 e +5,8% no 1º trim/17).