Análise IEDI
Duas ressalvas no bom quadro de 2017
O saldo da balança comercial em maio de 2017 chegou a US$ 7,7 bilhões, a melhor marca do ano. As exportações foram de US$ 19,8 bilhões e as importações, de US$ 12,1 bilhões. Com isso, o país continua reforçando o resultado de suas contas externas no acumulado do ano. Nesses primeiros cinco meses de 2017, o saldo chegou a US$ 76,7 bilhões, isto é, muito acima do resultado de 2016 como um todo (US$ 47,7 bilhões).
A economia brasileira tem podido contar, em 2017, com um quadro externo mais favorável, apoiado principalmente em dois fatores. Em primeiro lugar, uma recomposição dos preços de commodities, a ampliar sobretudo as exportações de produtos básicos mas também de alguns semimanufaturados. E, em segundo lugar, uma boa performance das vendas externas de produtos manufaturados, com contribuição importante da indústria automobilística.
Os dados abaixo para o acumulado de 2016 como um todo e para janeiro-maio de 2017, frente ao mesmo período do ano anterior, ilustram a boa evolução que nossas exportações, em termos de média por dia útil, tiveram nesses últimos meses.
• Exportações totais: -3,4% em 2016 e +18,4 em jan-mai/2017;
• Exportações de Básicos: -9,6% e +27,0%, respectivamente;
• Exportações de Manufaturados: +1,2% e +8,9%;
• Exportações de Semimanufaturados: +5,3% e +15,2%, nas mesmas comparações.
As importações também voltaram ao terreno positivo em 2017, acumulando alta de 8,3% até maio, em termos de média por dia útil. O contraste com o desempenho de 2016 como um todo é flagrante: -20,1%. Muito dessa reversão de sinal se deve à importação de bens intermediários (+12,9% contra -14,9%), o que também é favorável, já que pode estar respondendo a um estágio menos adverso do dinamismo econômico geral.
Mas os resultados do mês de maio último trazem duas ressalvas importantes. A primeira delas vem justamente das importações. O declínio acentuado e persistente nas importações de bens de capital continua sugerindo um quadro negativo para o investimento, como ademais mostraram os dados do PIB também divulgados hoje. Em maio a variação foi -20,7% e no acumulado jan-mai/17, de -19,4%, tomando as médias por dia útil na comparação interanual.
Outro aspecto negativo foi a obtenção do primeiro resultado negativo em 2017 das exportações de manufaturados. Também em termos de média por dia útil e frente a maio do ano passado, o recuo foi de 1,2%, um valor pequeno e que pode ser apenas uma queda pontual, mas que merece atenção.
De acordo com os dados divulgados pelo MDIC, em maio a balança comercial brasileira apresentou superávit de US$ 7,661 bilhões. A elevação foi de 19,1% frente ao mesmo mês do ano anterior (saldo de US$ 6,433 bilhões).
As exportações alcançaram US$ 19,792 bilhões, o que representa um incremento de 7,5% em relação a maio do ano passado considerando as médias diárias. Já as importações atingiram US$ 12,131 bilhões, aumento de 4,0% na mesma base de comparação.
No mês, as médias diárias (medida por dia útil) das exportações e importações foram de US$ 899,6 milhões e US$ 551,4 milhões, respectivamente.
Exportações por fator agregado. A exportação de produtos básicos foi de US$ 9,703 bilhões no mês, variação de 16,9% em relação a maio de 2016. Nesta mesma comparação, os produtos semimanufaturados somaram US$ 2,778 bilhões e os manufaturados US$ 6,873 bilhões, com oscilações de 21,9% e 3,5%, respectivamente.
Levando em conta as médias diárias das exportações, na comparação com igual mês de 2016, houve expansão de: 19,2% para operações especiais, 11,6% para produtos básicos e 16,4% para semimanufaturados. Registrou-se queda de -1,2% para produtos manufaturados.
Destaques exportações. Na comparação com maio de 2016, considerando o grupo dos produtos básicos, os destaques positivos foram: milho em grãos (US$ 53,2 milhões, aumento de 922,3%), petróleo em bruto (crescimento de 94,2% para US$ 1,1 bilhões), minério de cobre (+62,5%, chegando a US$ 224 milhões) e minério de ferro (incremento de 62,5%, com US$ 1,7 bilhões).
O decréscimo relativo a produtos manufaturados se deve, principalmente às oscilações de -22,5% em motores e geradores elétricos (US$ 98 milhões) e de -4,4% em polímeros plásticos (US$ 171 milhões). Por outro lado, houve elevação de 91,4% das exportações de tratores (US$ 125 milhões), 68,3% em laminados planos (US$ 174 milhões), 53,1% em açúcar refinado (US$ 204 milhões) e 53,0% em automóveis de passageiros (US$ 593 milhões).
Para os semimanufaturados, na mesma base de comparação, os crescimentos mais relevantes foram: 63,7% em semimanufaturados de ferro/aço (US$ 429 milhões), 46,0% em açúcar em bruto (US$ 824 milhões), 42,1% em ferro fundido (US$ 57 milhões), 29,0% em celulose (US$ 527 milhões) e 22,5% em madeira serrada (US$ 56 milhões).
Importações por categoria de uso. As importações totais em maio somaram US$ 12,131 bilhões, dos quais US$ 1,180 bilhão foram referentes ao grupo de bens de capital, US$ 7,498 bilhões a bens intermediários, US$ 2,100 bilhão a bens de consumo e US$ 1,342 bilhão a combustíveis e lubrificantes. Os segmentos acima tiveram variações de -16,9%, 6,4%, 25,8% e 36,4% frente ao mesmo período do ano anterior, respectivamente.
Considerando a média diária de importação, houve avanço de 4,0% na comparação com maio de 2016. A variação dos diferentes segmentos é a seguinte: combustíveis e lubrificantes (30,2%), bens de consumo (20,2%) e bens intermediários (1,5%). Vale destacar a variação negativa no grupo de bens de capital (-20,7%).
Destaques importações. No segmento combustíveis e lubrificantes, o crescimento ocorreu principalmente devido ao aumento dos preços de carvão, óleo diesel, petróleo em bruto, gasolina exceto p/aviação, gás natural, coque de hulha e óleos lubrificantes.
Dentre os bens intermediários, cresceram as compras de álcool etílico, partes de aparelhos de telefonia e de tv, catodos de cobre, células solares, adubos e fertilizantes, memórias digitais montadas, álcool metílico, estireno, coque de petróleo
No segmento bens de consumo, as principais altas foram observadas em importações de produtos imunológicos, automóveis de passageiros, medicamentos, frações de sangue, salmão, arroz, alhos frescos, filés de peixe congelados, veículos equipados p/propulsão e cobertores e mantas.
Para bens de capital, as quedas mais significativas são as dos seguintes itens: barcos-faróis, fornos não elétricos, máquinas p/empacotar, máquinas e aparelhos mecânicos, escavadoras, helicópteros, aparelhos de treinamento de voo e elevadores de mercadorias.