Análise IEDI
A posição do Brasil no IED mundial
A Carta IEDI a ser divulgada hoje resume os principais aspectos do World Investment Report 2017 divulgado pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). O relatório, que trata dos fluxos internacionais de investimento direto, mostra um recuo de 2% do IED em 2016, ao atingir US$ 1,76 trilhão. Na raiz desse movimento está o baixo crescimento tanto do PIB mundial (+2,2%) como da formação bruta de capital fixo (FBCF) no mundo (+1,9%).
Enquanto a entrada de IED nos países em desenvolvimento retrocedeu 14% de forma generalizada entre as regiões, nas economias desenvolvidas houve aumento de 5%, direcionado principalmente para a América do Norte. Os EUA mantiveram a liderança no ranking internacional de fluxos de entrada de IED, seguido pelo Reino Unido, China, Hong Kong e a Holanda.
O Brasil, por sua vez, manteve-se relativamente atraente para os investimentos estrangeiros, chegando a galgar posições no ranking mundial. Entre 2015 e 2016, sua colocação subiu da 8ª para 7ª, muito embora o país tenha acompanhado o restante do mundo ao apresentar declínio do valor total de IED, passando de US$ 64 bilhões para US$ 59 bilhões neste período.
A causa principal apontada pela UNCTAD para esse recuo em 2016 foi a recessão da economia por dois anos consecutivos, o que ensejou um forte declínio no valor dos fluxos intrafirmas, isto é, para afiliadas de empresas estrangeiras instaladas no país.
Setorialmente, a menor entrada de IED no Brasil atingiu sobretudo o setor de serviços, notadamente eletricidade e gás. Entretanto, para alguns setores houve expansão, bastante expressiva, inclusive, como em minerais metálicos (de US$ 571 milhões em 2015 para US$ 2 bilhões em 2016), especialmente por conta das perspectivas de elevação nos preços de minério de ferro, e em veículos automotores (+50%, alcançando US$ 6,6 bilhões), em resposta ao aumento das exportações.
Já as inversões brasileiras no exterior foram marcadas, em 2016, por um desinvestimento líquido de US$ 12 bilhões. Na origem deste resultado estão a captação de US$ 10 bilhões pela Petrobras por meio da Petrobras Global Finance BV, uma afiliada holandesa, e a venda de ativos estrangeiros por parte de transnacionais brasileiras.
A UNCTAD estima, ainda, que os fluxos mundiais de IED, em 2017, devem chegar a US$ 1,8 trilhão, em rota de lenta recuperação desde a crise financeira internacional de 2008/2009. No Brasil, contudo, os fluxos devem continuar prejudicados pela crise econômica e política, pois ao mesmo tempo em que ela atrai capitais para fusões e aquisições, a fraca demanda interna afasta novos investimentos e diminui o reinvestimento de lucros de afiliadas das empresas multinacionais no país.