Análise IEDI
O último da fila
O setor de serviços, em comparação com a indústria e o comércio varejista, é quem pior tem se saído ao longo desses cinco primeiros meses de 2017. No ano, seu faturamento real acumula perdas de 4,4% e não registra nenhuma variação interanual positiva desde março de 2015, muito embora o resultado de maio de 2017 frente a maio de 2016 (-1,9%) tenha sido a queda mais branda desde o início da crise do setor.
Considerada a trajetória na margem, isto é, frente ao mês imediatamente anterior já descontados os efeitos sazonais, o quadro tampouco sugere um progresso. Dos cinco meses de 2017 dos quais já temos informação, três apresentaram crescimento desprezível de +0,1%, inclusive em maio último. Apenas abril teve uma alta considerável (+1,0%), mas isso porque a base de comparação foi baixa, com março caindo mais intensamente (-2,6%).
Desemprego elevado e tanto famílias como empresas ainda envoltas em processos de ajustamento de seus balanços têm procrastinado a reação do setor. A despeito disso, há alguns movimentos acontecendo de modo a evitar uma situação ainda mais desfavorável.
Dois exemplos desses movimentos: o recuo da inflação, sobretudo a de alimentos, e o bom desempenho do agronegócio e das exportações podem estar alavancando os serviços de alojamento e alimentação às famílias e os serviços de transporte (terrestre e aquaviário) e armazenagem. Com isso, os segmentos de serviços prestados às famílias e de serviços de transporte, auxiliares e correios vêm reduzindo perdas ao longo de 2017 e apontaram crescimento em maio (+1,0% e +4,9% ante mai/16, respectivamente).
Assim, alguns segmentos estão melhores que outros, como pode ser visto nas comparações interanuais abaixo. Mas é bom enfatizar que nenhum deles já saiu do vermelho no acumulado de 2017, ilustrando as dificuldades impostas à recuperação do setor de serviços, que foi o último a entrar em crise e, ao que parece, será o último a sair dela.
• Total dos serviços: -4,4% em jan-mai/17 e -1,9% em mai/17;
• Serviços prestados às famílias: -3,3% e +1,0%, respectivamente;
• Serviços de transporte, auxiliares e correios: -1,2% e +4,9%;
• Serviços de info. e comunicação: -1,5% e -2,9%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: -9,0% e -5,7%;
• Outros serviços: -10,3% e -6,2%, respectivamente.
Causa apreensão o desempenho em dois segmentos: o de serviços profissionais, administrativos e complementares, prestados às empresas, e de outros serviços – que reúne um conjunto amplo de atividades, como serviços imobiliários, financeiros, de assistência técnica, etc. Em ambos os casos, as quedas estão mais intensas em 2017 (até maio) do que em 2016 como um todo: -9,0% contra -5,6% no primeiro caso e -10,3% contra -2,8% no segundo caso. Isso sugere agravamento da recessão nesses casos. O mesmo ocorre com as atividades turísticas (-6,7% contra -2,6%).
Há, contudo, algum alento para esses dois segmentos vindo do fato de que os resultados de maio de 2017 ante maio de 2016 não foram tão negativos como nos três meses anteriores, quando as quedas foram de dois dígitos, e de na série com ajuste sazonal temos visto algumas variações positivas, ainda que pouco frequentes. Em contrapartida, esses aspectos não se verificam no caso das atividades turísticas.
Já o segmento de serviços de informação e comunicação, à primeira vista, parece estar em uma situação não tão desfavorável, dado que no acumulado de 2017 até maio (-1,5%) tem caído menos do que em 2016 (-3,3%). Mas vale observar que esse arrefecimento se deve ao primeiro bimestre de 2017, dado que as quedas entre março e maio foram se aprofundando: -2,0%, -2,6% e -2,9%.
De acordo com dados para o mês de maio da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados pelo IBGE, o volume (ou faturamento real) de serviços prestados permaneceu estável (oscilação de 0,1%) na comparação com o mês de abril, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior houve diminuição de 1,9%. A variação ficou em -4,4% no acumulado do ano e em -4,7% no acumulado em 12 meses.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, segundo dados dessazonalizados, o volume de serviços prestados aumentou em outros serviços (6,2%), serviços profissionais, administrativos e complementares (2,4%) e serviços prestados às famílias (0,5%). Serviços de informação e comunicação (-0,3%) e transportes, serviços auxiliares de transportes e correio (-0,2%) registraram queda. O agregado especial das atividades turísticas teve retração de 2,6%.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve recuo em todos os segmentos exceto transportes, serviços auxiliares de transportes e correio (4,9%) e serviços prestados às famílias (1,0%). Os demais segmentos apresentaram variações das seguintes ordens: outros serviços (-6,2%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,7%) e serviços de informação e comunicação (-2,9%). O segmento de atividades turísticas registrou queda de 5,2%.
No acumulado do ano até o mês de maio, todos os setores mantiveram desempenho negativo. A maior contração foi observada no segmento de outros serviços (-10,3%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-9,0%), serviços prestados às famílias (-3,3%), serviços de informação e comunicação (-1,5%) e transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-1,2%). O volume de serviços relacionados a atividades turísticas caiu 6,7%.
Na variação acumulada em 12 meses, também houve retrações generalizadas, nas seguintes intensidades: -6,4% em serviços profissionais, administrativos e complementares; -5,6% em transportes, serviços de transportes e correio; -5,2% em outros serviços; -4,1% em serviços prestados às famílias e -2,2% em serviços de informação e comunicação. Na mesma base de comparação, os serviços de atividades turísticas recuaram 4,2%.
Na análise por unidade federativa, as maiores oscilações negativas em maio frente ao mesmo mês do ano anterior ocorreram nos seguintes Estados: Rondônia (-20,4%), Amapá (-18,5%), Roraima (-16,9%), Distrito Federal (-13,0%) e Sergipe (-11,1%). Variações positivas foram observadas no Mato Grosso (8,6%), Paraná (6,9%), Rio Grande do Norte (2,7%), São Paulo (1,8%) e Espírito Santo (0,3%).