Análise IEDI
Iniciando o segundo semestre
O saldo da balança comercial na entrada do segundo semestre de 2017 registrou superávit US$ 6,3 bilhões, decorrente de exportações no valor de US$ 18,8 bilhões e de importações de US$ 12,5 bilhões. Com isso, o resultado no acumulado entre janeiro e julho já soma US$ 42,5 bilhões de superávit, quase o mesmo valor do saldo total de 2016 (US$ 47,7 bilhões).
Se considerarmos os resultados do mês de julho como um sinal do que esperar para a segunda metade do ano, o que temos é uma relativa desaceleração no crescimento das importações, mas sobretudo das exportações, devido a básicos e semimanufaturados.
As variações ante mesmo período do ano anterior da média por dia útil acumuladas no primeiro semestre de 2017 em comparação com o resultado de julho ilustram esse ponto. No caso das exportações, a alta no primeiro semestre recuou de 19,3% para 14,9% em julho. Já no caso das importações, a desaceleração foi de 7,3% para 6,1%.
Muito desse comportamento nas vendas externas decorreu dos produtos básicos, cuja expressiva expansão de 27,2% no primeiro semestre deu lugar a uma alta de 19,0%, como pode ser visto abaixo, nas variações interanuais das médias por dia útil.
• Exportações totais: +19,3% no 1º semestre de 2017 e +14,9% em jul/17;
• Exportações de básicos: +27,2% e 19,0%, respectivamente;
• Exportações de semimanufaturados: +17,5% e +8,7%;
• Exportações de manufaturados: +10,1% e +12,5%, respectivamente.
Bens semimanufaturados trilharam o mesmo caminho dos básicos, com suas exportações por dia útil se desacelerando acentuadamente em julho, ao passar de 17,5% na primeira metade do ano para +8,7% na entrada do segundo semestre.
Escapam da regra as exportações de manufaturados, alavancadas pelas vendas da indústria automobilística (veículos de passeio, de carga, autopeças, motores, pneumáticos etc), como tem sido a tônica do ano, bem como de bens de capital agrícola (máquinas de terraplanagem e tratores). Ao menos por ora, o dinamismo exportador de manufaturados permanece intacto.
Do lado das importações, julho trouxe desaceleração do crescimento das compras externas de bens de consumo (de +5,3% no 1º sem/17 para +3,5% em jul/17) e de bens intermediários (de +13,0% para +6,8%, respectivamente). Já as importações de bens de capital, refletindo o ambiente pouco propício ao investimento, continuaram caindo em ritmo acentuado: -27,6% no primeiro semestre e -22,7% em junho de 2017.
De acordo com os dados divulgados pelo MDIC, em julho a balança comercial brasileira apresentou superávit de US$6,298 bilhões. A elevação foi de 37,6% frente ao mesmo mês do ano anterior, em que o saldo positivo fora de US$4,576 bilhões.
As exportações alcançaram US$18,769 bilhões, o que representa um incremento de 14,9% em relação a julho do ano passado considerando as médias diárias (medida por dia útil). Já as importações atingiram US$12,471 bilhões, o que significa uma expansão de 6,1% na mesma base de comparação.
No mês, as médias diárias das exportações e importações foram de US$893,8 milhões e US$593,9 milhões, respectivamente.
Exportações por fator agregado. A exportação de produtos básicos foi de US$8,361 bilhões no mês, variação de 19,0% em relação a julho de 2016. Nesta mesma comparação, os produtos semimanufaturados somaram US$2,608 bilhões e os manufaturados US$7,386 bilhões, com oscilações de 8,7% e 12,6%, respectivamente.
Levando em conta as médias diárias das exportações, na comparação com igual mês de 2016 houve aumento de: 21,7% para operações especiais, 19,0% para produtos básicos, 12,6% para manufaturados e 8,7% para semimanufaturados.
Destaques exportações. Na comparação com julho de 2016, considerando o grupo dos produtos básicos, os destaques positivos foram: milho em grão (93,7%, com US$ 357 milhões), minério de cobre (88,2%, com US$ 182 milhões), petróleo em bruto (72,0%, com US$ 1,6 bilhão), carne bovina (38,5%, com US$ 451 milhões), minério de ferro (18,2%, com US$ 1,2 bilhão), carne suína (10,0%, com US$ 123 milhões), carne de frango (8,1%, com US$ 552 milhões), fumo em folhas (7,1%, com US$ 205 milhões) e soja em grão (4,6%, com US$ 2,5 bilhões).
Para os semimanufaturados, na mesma base de comparação, os aumentos mais relevantes foram: de óleo de soja em bruto (94,4%, com US$ 101 milhões), semimanufaturados de ferro/aço (60,1%, com US$ 302 milhões), ferro fundido (26,6%, com US$ 81 milhões), madeira serrada (25,1%, com US$ 53 milhões), ouro em forma semimanufaturada (23,2%, com US$ 170 milhões), celulose (10,0%, com US$ 497 milhões) e ferro ligas (1,1%, com US$ 186 milhões).
Também na comparação com julho de 2016, a elevação dos embarques de produtos manufaturados teve como principais oscilações positivas: óleos combustíveis (273,3%, com US$ 152 milhões), tratores (91,7%, com US$ 142 milhões), máquinas p/terraplanagem (83,4%, com US$ 207 milhões), automóveis de passageiros (69,7%, com US$ 527 milhões), chassis com motor (49,9%, com US$ 95 milhões), veículos de carga (45,4%, com US$ 251 milhões), autopeças (32,8%, com US$ 192 milhões), aviões (20,7%, com US$ 267 milhões), laminados planos (12,8%, com US$ 119 milhões), pneumáticos (12,3%, com US$ 99 milhões), óxidos/hidróxidos de alumínio (11,4%, com US$ 228 milhões) e motores p/veículos e partes (9,3%, com US$ 148 milhões).
Importações por categoria de uso. Dos US$12,471 bilhões importados em julho, US$1,339 bilhão foram referentes ao grupo de bens de capital, US$7,871 bilhões a bens intermediários, US$1,735 bilhão a bens de consumo e US$1,522 bilhão a combustíveis e lubrificantes.
Na comparação frente ao mesmo período de 2016, houve crescimento das importações de combustíveis e lubrificantes (57,3%), bens intermediários (6,8%) e bens de consumo (3,4%), enquanto caíram as importações de bens de capital (-22,7%).
Destaques importações. No segmento combustíveis e lubrificantes, o crescimento ocorreu principalmente pelo aumento de petróleo em bruto, carvão, óleo diesel, gás natural, gás GLP, querosenes, óleos lubrificantes.
Dentre os bens intermediários, as principais elevações couberam as aquisições de partes p/aparelhos receptores de radiodifusão, diidrogeno-ortofosfato, cloreto de potássio, adubos e fertilizantes, memórias digitais, partes de aparelho de telefonia, copolímeros de etileno, microprocessadores, hidróxido de sódio, caixas de marcha, pigmento rutilo.
No que se refere aos bens de consumo, as principais altas foram observadas nas importações de produtos imunológicos, automóveis de passageiros, brinquedos, salmão, vinhos, frações de sangue, imunoglobulina, camisetas, bebidas não alcoólicas, água de colônia, uísques, medicamentos, cobertores e mantas.
Por fim, dentre os bens de capital, as quedas mais significativas foram as dos seguintes itens: conversores p/metalurgia, bombas de ar, máquinas mecânicas, aviões, máquinas p/fabricação de celulose, elevadores de mercadorias, guindastes de pórtico, aparelhos p/filtrar gás, recipientes p/gás comprimido, aparelhos de telecomunicações.