Análise IEDI
Indústrias de maior intensidade tecnológica concentram sinais de reação
A produção física da indústria de transformação, no segundo trimestre de 2017, retrocedeu 0,4% frente ao mesmo período do ano passado, a despeito da alta de 0,2% da indústria geral. Muito embora esses resultados permaneçam muito próximos da estabilidade, houve uma piora relativa frente ao desempenho do primeiro trimestre do ano, tanto no caso do ramo manufatureiro como no caso da indústria como um todo.
A Carta IEDI a ser divulgada hoje traz a evolução recente da indústria de transformação por intensidade tecnológica. Seguindo metodologia da OCDE, os ramos industriais são agrupados em quatro faixas: alta, média-alta, média-baixa e baixa intensidade tecnológica.
Em síntese, os sinais de reação do ritmo de produção em 2017, na comparação interanual, estiveram concentrados nas indústrias de alta e média-alta intensidade tecnológica, especialmente no primeiro trimestre do ano. Isso porque apenas a média-alta continuou apresentando crescimento no segundo trimestre, em grande medida devido à indústria automobilística.
Em ambas as faixas, a existência de bases de comparação muito baixas ajudou na obtenção de variações positivas, mas também contam com setores industriais favorecidos por fatores em atuação na primeira metade do como. A safra de grãos recorde esperada para este ano estimulou, por exemplo, a demanda no campo por bens de capital, o setor externo absorveu a fabricação de automóveis, enquanto a liberação de contas inativas do FGTS e a recomposição parcial do crédito às famílias impulsionaram as vendas de eletrodomésticos.
A indústria de alta intensidade tecnológica registrou declínio de 0,2% no segundo quarto de 2017 ante igual período do ano anterior, arrefecendo a recuperação do semestre, cuja expansão se limitou a 1,4%. Foi a indústria farmacêutica que puxou tais resultados para baixo, tanto no primeiro (-4,9%) como no segundo trimestre do ano (-8,4%). Já as atividades do complexo eletrônico têm atuado em sentido contrário, especialmente devido à produção de equipamentos de rádio, TV e comunicação (+27,3% no 1º trim/17 e +21,4% no 2º trim/17).
O segmento de média-alta intensidade logrou expansão de sua produção física, crescendo 1,9% na comparação entre abril-junho de 2017 e igual período do ano passado. A indústria automotiva e a de máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutras atividades lideraram o crescimento. Ainda que positivo, o resultado geral dessa faixa foi substancialmente reduzido frente ao primeiro trimestre (+3,6%), retirando ímpeto do semestre inicial de 2017.
A indústria de média-baixa intensidade, por sua vez, registrou queda tanto no primeiro (-4,0%) como no segundo (-2,3%) trimestre de 2017 frente a igual período de 2016. Para o período de abril-junho, foi o pior desempenho dentre as quatro faixas nessa base comparativa. Tais retrocessos são em muito explicados pelos declínios da fabricação de produtos de petróleo refinado, álcool e afins. Outro ramo de grande peso dessa faixa, produção de bens metálicos, inclusive siderúrgicos, até cresceu nos dois trimestres (+0,9% e +2,4%, respectivamente), mas não o suficiente para contrapor as retrações citadas.
Por fim, o segmento de baixa intensidade sofreu discreto recuo em abril-junho de 2017, de -0,4% ante igual período de 2016, depois de ter ficado estável no trimestre anterior. Junho, especificamente, contou com forte incremento (+3,8%), puxado principalmente pela fabricação de alimentos, bebidas e fumo, mas quem realmente tem apresentado uma trajetória positiva de maior consistência é a fabricação de têxteis, artigos de vestuário, de couro e calçados (+3,5% no 4º trim/16; +5,9% no 1º trim/17 e +2,9% no 2º trim/17).