Análise IEDI
Dois pontos sobre a balança comercial
Não há dúvidas de que a balança comercial brasileira caminha para um superávit recorde em 2017, como claramente aponta o resultado destes oito meses do ano. Ente janeiro e agosto, o saldo chega a US$ 48,1 bilhões, isto é, 48,6% superior ao superávit do mesmo período de 2016.
As exportações acumuladas de janeiro a agosto atingiram US$ 145,9 bilhões, o que representa uma alta de 18,1% ante igual período de 2016, enquanto as importações somaram neste período R$ 97,8 bilhões, isto é, um crescimento de 7,3% na comparação interanual.
Dentre os dados divulgados hoje pelo MDIC, dois aspectos chamam atenção, um deles pelo dado das importações e outro pelo lado das exportações. Os resultados a partir das variações frente ao mesmo período do ano anterior das médias por dias úteis ilustram bem o que se quer destacar.
O primeiro aspecto digno de nota é que as importações de bens de capital cresceram em agosto de 2017. A alta foi de 6,6% frente a igual mês de 2016, em termos de média diária. Não há como este resultado passar despercebido, já que a importações de bens de capital registravam retração há pelo menos 42 meses seguidos, isto é, desde fev/14.
Não é possível descartar, entretanto, a hipótese de que este resultado positivo venha a ser pontual, especialmente porque parece bastante concentrado nas importações de equipamentos de transporte industrial. Só os próximos meses permitirão verificar se agosto foi de fato uma inversão de trajetória em direção ao crescimento ou apenas um respiro momentâneo.
Outro fator importante a respeito de nosso comércio exterior é que o crescimento das exportações de manufaturados parece ter se consolidado em 2017. Frente a agosto de 2016, houve crescimento de 9,7%. Nesta comparação interanual, à exceção do mês de maio (-1,2%), o ano de 2017 só viu taxas positivas, com que já acumula um avanço de 10,4% entre janeiro e agosto.
Muito desse desempenho dos manufaturados em 2017 se deve à cadeia automobilística, com destaque para automóveis de passageiros (+53,1% ante jan-ago/16), veículos de carga (+46,7%), autopeças (+15,8%), motores p/veículos e partes (+6,9%) e pneumáticos (+10,5%). Mas também há outros produtos com um excelente desempenho no ano, a exemplo de tratores (+50,5%), máquinas p/terraplanagem (+42,1%), laminados planos (+37,3%), açúcar refinado (+29,6%), e calçados (+13,2%).
De acordo com os dados divulgados pelo MDIC, em agosto a balança comercial brasileira apresentou superávit de US$5,599 bilhões. A elevação foi de 35,3% frente ao mesmo mês do ano anterior, em que o saldo positivo fora de US$4,138 bilhões.
As exportações alcançaram US$19,475 bilhões, o que representa um incremento de 14,7% em relação a agosto do ano passado considerando as médias diárias (medida por dia útil). Já as importações atingiram US$13,876 bilhões, o que significa uma expansão de 8,0% na mesma base de comparação.
No mês, as médias diárias das exportações e importações foram de US$846,7 milhões e US$603,3 milhões, respectivamente.
Exportações por fator agregado. A exportação de produtos básicos foi de US$8,976 bilhões no mês, variação de 24,2% em relação a agosto de 2016. Nesta mesma comparação, os produtos semimanufaturados somaram US$2,792 bilhões e os manufaturados US$7,266 bilhões, com oscilações de 3,4% e 9,7%, respectivamente.
Levando em conta as médias diárias das exportações, na comparação com igual mês de 2016 houve aumento de: 24,2% para produtos básicos, 9,7% para manufaturados, 3,4% para semimanufaturados e 0,4% para operações especiais.
Destaques exportações. Na comparação com agosto de 2016, considerando o grupo dos produtos básicos, os destaques positivos foram: milho em grão (+89,3%, para US$ 818 milhões), minério de cobre (+48,8%, para US$ 242 milhões), carne bovina (+48,6%, para US$ 521 milhões), soja em grão (+40,6%, para US$ 2,2 bilhões), petróleo em bruto (+26,0%, para US$ 1,3 bilhão), carne de frango (+16,4%, para US$ 620 milhões), carne suína (+12,7%, para US$ 143 milhões) e minério de ferro (+6,3%, para US$ 1,3 bilhão).
Para os semimanufaturados, na mesma base de comparação, os aumentos mais relevantes foram: zinco em bruto (+76,0%, para US$ 24 milhões), celulose (+31,1%, para US$ 569 milhões), semimanufaturados de ferro/aço (+26,0%, para US$ 377 milhões), ferro ligas (+17,6%, para US$ 242 milhões) e madeira serrada (+16,4%, para US$ 59 milhões).
Também na comparação com agosto de 2016, a elevação dos embarques de produtos manufaturados teve como principais oscilações positivas: óleos combustíveis (+189,1%, para US$ 118 milhões), suco de laranja não congelado (+116,2%, para US$ 111 milhões), laminados planos (+69,6%, para US$ 236 milhões), máquinas p/terraplanagem (+59,3%, para US$ 224 milhões), automóveis de passageiros (+43,0%, para US$ 642 milhões), tratores (+40,8%, para US$ 143 milhões), óxidos/hidróxidos de alumínio (+22,4%, para US$ 224 milhões), motores p/veículos e partes (+20,9%, para US$ 170 milhões), autopeças (+19,1%, para US$ 204 milhões), pneumáticos (+12,3%, para US$ 113 milhões) e medicamentos (+6,6%, para US$ 97 milhões).
Importações por categoria de uso. Dos US$13,876 bilhões importados em agosto, US$1,471 bilhão foram referentes ao grupo de bens de capital, US$8,779 bilhões a bens intermediários, US$2,110 bilhão a bens de consumo e US$1,517 bilhão a combustíveis e lubrificantes.
Na comparação frente ao mesmo período de 2016, houve crescimento das importações em todos os grupos puxado por combustíveis e lubrificantes (56,6%) e seguido por bens de capital (6,6%), bens intermediários (4,8%) e bens de consumo (1,0%).
Destaques importações. No segmento combustíveis e lubrificantes, a expansão ocorreu principalmente pelo desempenho de óleo diesel, carvão, coques, gás natural, petróleo em bruto, energia elétrica.
Dentre os bens intermediários, as principais elevações couberam às aquisições de partes de televisores, cloreto de potássio, sulfetos de minério de cobre, adubos e fertilizantes, catodos de cobre, caixas de marchas, memórias digitais, laminados planos, circuitos integrados.
No que se refere aos bens de consumo, as principais altas foram observadas nas importações de produtos imunológicos, automóveis, medicamentos, camisetas, frações de sangue, vinhos, bebidas não alcoólicas.
Por fim, dentre os bens de capital, cresceram, principalmente, automóveis de passageiros, aviões, lâmpadas de LED, turbinas e rodas hidráulicas, radar, chassis c/motor, tratores.