Análise IEDI
Um bimestre de retrocesso
Assim como a indústria e o varejo, o setor de serviços também fechou o mês de agosto no vermelho. E pior, pela segunda vez consecutiva. Seu faturamento real, que havia recuado 0,8% em julho, registrou resultado de -1,0% em agosto frente ao mês anterior com ajuste sazonal. Com isso, o bimestre julho-agosto afastou mais um pouco o setor da tão esperada recuperação.
Por estarem mais estreitamente vinculados às condições correntes da economia, ainda muito frágeis, os serviços vêm encontrando dificuldades em dar sinais consistentes de reação. Assim, no acumulado do ano, seu faturamento real continua em queda, de -3,8% até agosto.
Cabe observar que, por sua natureza, o desempenho dos serviços pôde contar menos com fatores que ajudaram a dinamizar o comércio e a indústria nos últimos meses, como o retorno do crédito às famílias, a redução dos juros, a liberação dos recursos do FGTS e a ampliação das exportações. Uma melhora no quadro das empresas e no nível geral de atividade da economia são fundamentais para a reativação do setor.
Apesar disso, o fato a ser considerado é que a queda de agosto esteve muito concentrada em apenas um segmento: os serviços prestados às famílias (-4,8% ante jul/17), especialmente em função de seu componente alojamento e alimentação (-7,5%). Este é um aspecto importante que distingue o resultado de agosto daquele de julho, quando a maior parte dos segmentos dos serviços também caiu. Abaixo, as variações na série com ajuste ilustram esse quadro.
• Serviços total: -0,8% em julho e -1,0% em agosto;
• Serviços prestados às famílias: +0,8% e -4,8%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -0,8% e +0,3%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: -1,9% e +1,6%;
• Transportes, seus auxiliares e correios: -0,7% e +0,7%;
• Outros serviços: -2,7% e +1,0%, respectivamente.
Muito embora todos os demais segmentos tenham conseguido crescer em agosto, alguns de seus mais importantes componentes não lograram obter o mesmo resultado e vem apresentando uma trajetória pouco favorável.
É o caso de telecomunicações, um componente do segmento de serviços de informação e comunicação. Dos oito meses de 2017, apenas dois tiveram resultado positivo e nos últimos quatro meses sua receita real só apontou declínios. Em julho, a queda foi de 0,6% e agora em agosto de 0,2%, já descontados os efeitos sazonais.
Também é este o caso de transportes terrestres, um componente de peso dos serviços de transporte, seus auxiliares e correios. Aqui, certa oscilação entre resultados positivos e negativos na primeira metade do ano deu lugar a dois meses seguidos de queda em julho (-1,8%) e agosto (-1,1%).
Já os serviços técnicos administrativos, que compõem o segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares, consistindo em atividades de maior valor agregado, não chegaram a cair em agosto (+0,1% ante jul/17), mas nem por isso estão bem. Sua virtual estabilidade foi precedida pelos seguintes resultados: -1,9% em julho e 0% em junho.
Além destes casos, há também o das atividades turísticas, cujos serviços formam um agrupamento especial na pesquisa do IBGE. Seu faturamento real no bimestre julho-agosto foi igualmente marcado por sinais negativos: -2,6% em julho e -3,1% em agosto, já descontados os efeitos sazonais. Isso porque registraram crescimento em apenas dois dos oito meses do ano na série com ajuste.
De acordo com dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados pelo IBGE para o mês de agosto, o volume de serviços prestados apresentou redução de 1,0% na comparação com o mês de julho, para dados com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior houve queda de 2,4%. No acumulado do ano a variação foi de -3,8%, já para os 12 meses, -4,5%.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, o volume de serviços prestados apresentou queda somente em serviços prestados às famílias (-4,8%), todas as demais categorias tiveram crescimento, a exemplo de serviços profissionais, administrativos e complementares, com variação de 1,6%, seguida por outros serviços (1,0%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (0,7%) e serviços de informação e comunicação (0,3%). O agregado especial das atividades turísticas caiu 3,1%.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve recuo em todos os segmentos exceto transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (5,3%). Os demais segmentos tiveram variações negativas das seguintes ordens: outros serviços (-9,0%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,9%), serviços prestados às famílias (-4,4%) e serviços de informação e comunicação (-3,4%). O segmento de atividades turísticas registrou queda de 8,1%.
No acumulado do ano, com exceção dos serviços de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio, que acusou aumento de 0,5%, todos os demais setores registraram queda. A maior contração foi observada em outros serviços (-10,1%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-8,1%), serviços de informação e comunicação (-2,2%) e serviços prestados às famílias (-1,9%). O volume de serviços relacionados a atividades turísticas caiu 6,4%.
Na variação acumulada em 12 meses, houve retração em todos os segmentos: -7,4% em outros serviços, -3,5% em serviços profissionais, administrativos e complementares, -3,0% em transportes, serviços de transportes e correio, -2,9% em serviços prestados às famílias e -2,8% em serviços de informação e comunicação. Na mesma base de comparação, os serviços de atividades turísticas recuaram 5,0%.
Por unidade federativa, em agosto frente ao mesmo mês de 2016 ocorreram variações positivas em quatro das 27 unidades da federação: nos estados do Mato Grosso (15,8%), Paraná (5,5%), São Paulo (0,8%) e Espírito Santo (0,1%). Nas demais, as principais quedas foram observadas no Distrito Federal (-13,3%), Paraíba (-12,7%), Amapá (-12,2%), Rio de Janeiro (-11,6%), Maranhão (-11,5%), Pará (-9,7%) e Alagoas (-8,6%).