Análise IEDI
O que fez a diferença em 2017
No ano de 2017, o que fez diferença para que a indústria voltasse a respirar foram praticamente dois meses, abril e maio, quando o resultado obtido mostrou robustez (+1,1% e +1,4%, respectivamente). O restante dos meses foi marcado ora por declínios, ora por um crescimento tão baixo que se confunde com estabilidade. Não é por acaso, portanto, que o resultado industrial brasileiro ainda carregue neste ano uma boa dose de fragilidade.
A melhor forma de ver essa evolução recente da indústria são os dados na margem, já que a comparação interanual ainda carrega na memória um passado de baixíssimo nível de produção, favorecendo a obtenção de resultados positivos. O aumento de apenas 0,2% em outubro não é um dado isolado, mas sintomático de um dinamismo que se mantém próximo de zero desde julho de 2017. Entre julho e outubro, o nível de produção da indústria ficou estacionado em uma marca muito próxima daquela do final de 2015. Dito de outra forma, a recuperação de 2017 foi capaz apenas de levar o setor de volta para um período muito complicado para a indústria.
Se o desempenho industrial até o momento mostra fraqueza, pelo menos, na maior parte do ano, se não houve acréscimo aos resultados, tampouco a indústria sucumbiu a novas perdas. Por essa razão e pelas bases baixas de comparação, o crescimento acumulado em 2017 até o mês de outubro chegou a 1,9%, podendo encerrar o ano acima de 2%.
Do ponto de vista setorial, dois macrossetores têm funcionado como uma trava que impede um arranque maior na indústria: bens intermediários e bens de consumo semi e não duráveis. No primeiro caso, a produção está em uma gangorra, isto é, tudo aquilo que ganha em um mês, perde no mês seguinte. Este é um resultado de importante significado porque os bens intermediários são o núcleo da indústria, produzindo insumos para o conjunto do setor e para outras atividades econômicas.
Bens de consumo semi e não duráveis, por sua vez, também apresentam uma trajetória cheia de altos e baixos, mas neste caso as quedas são predominantes, como mostram abaixo as variações frente ao período anterior, já descontados os efeitos sazonais. Agora em outubro, em boa medida devido ao ramo farmacêutico e ao de bebidas, conseguiu voltar ao positivo.
• Indústria geral: +0,7% em jul/17; -0,8% em ago/17; +0,3% em set/17 e +0,2% em out/17;
• Bens de capital: +1,4%; +0,9%; 0% e +1,1%, respectivamente;
• Bens intermediários: +0,9%; -1,0%; +0,7% e -0,8%;
• Bens de consumo duráveis: +3,2%; +4,1%; +2,1% e -2,0%;
• Bens de consumo semi e não duráveis: +1,9%; -0,4%; -2,3% e +2,0%.
O melhor desempenho cabe a bens de capital, com oito dos dez meses de que temos notícia com alta na produção na série com ajuste sazonal. Em outubro, a expansão de 1,1% interrompeu uma tendência de desaceleração que vinha se produzindo desde o início do segundo semestre, abrindo perspectiva para resultados melhores nos próximos meses.
Em contrapartida, outubro não foi um bom mês para bens de consumo duráveis, que apresentaram declínio de 2,0%, devolvendo parte do avanço obtido nos três meses anteriores. Apoiado em exportações (notadamente de veículos) e na reação do consumo doméstico, este é o macrossetor a apresentar maior vitalidade, acumulando alta de 12,4% até outubro. Se continuar em ascensão, pode chegar a compensar a perda de produção vista em 2016 (-14,3%).
Os dados de outubro trouxeram ainda uma indicação de que o quadro industrial pode vir a melhorar proximamente, conferindo maior consistência à trajetória de recuperação. Isso porque a disseminação de taxas positivas entre os ramos industriais progrediu razoavelmente. O índice de difusão atingiu 61,9%, bastante acima da média para o mês de outubro (42,1%) e a melhor marca desde abril de 2013 (66,7%).
Os dados da Pesquisa Industrial Mensal para o mês de outubro divulgados hoje pelo IBGE indicam, para dados livres de influência sazonal, que houve crescimento da produção de 0,2% frente ao mês de setembro.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, registrou-se aumento de 5,3%, após ter crescido nos últimos quatro meses (0,8% em junho, 2,9% em julho, 3,9% em agosto e 2,6% em setembro). No acumulado do ano o setor apresentou crescimento de 1,9%. A taxa acumulada nos últimos doze meses avançou 0,4%.
Categorias de uso. Na comparação com o mês anterior, para dados sem influência sazonal, dentre as categorias que apresentaram alta, destacam-se produtos farmoquímicos e farmacêuticos (20,3%) bebidas (4,8%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (4,3%), metalurgia (1,6%), máquinas e equipamentos (1,3%) e artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (3,8%). As categorias produtos alimentícios (-5,7%), produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,6%) e produtos de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-3,2%) registraram queda.
O resultado observado na comparação com o mês de outubro de 2016 indica crescimento de bens de consumo duráveis (17,6%), seguido por bens de capital (14,9%), bens de consumo semiduráveis e não duráveis (4,9%) e bens intermediários (3,1%).
No índice acumulado no ano, verificou-se incrementos em todas as categorias. O mais intenso foi em bens de consumo duráveis (12,4%), seguido por bens de capital (5,6%), bens intermediários (0,9%) e bens semiduráveis e não duráveis (0,7%).
Em doze meses, bens duráveis (11,0%), bens de capital (6,0%), bens de consumo duráveis (2,1%) e bens intermediários (0,7%) apresentaram aumento. Por outro lado, bens semiduráveis e não duráveis não apresentou variação (0,0%).
Setores. Tomando os dados dessazonalizados, em outubro frente a setembro houve expansão do nível de produção em 15 dos 24 ramos pesquisados. A maior oscilação positiva foi observada no grupo de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (20,3%), de bebidas (4,8%), de vestuário e acessórios (4,3%), artigos para viagem e calçados (3,8%), de metalurgia (1,6%) e de máquinas e equipamentos (1,3%). Entre os setores que apresentaram variação negativa, a principal influência foi registrada por produtos alimentícios (-5,7%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-3,2%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,6%).
Na comparação com outubro de 2016, a produção industrial apresentou elevação em 22 dos 26 ramos analisados. Os principais aumentos foram observados nos seguintes ramos: equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (22,0%), móveis (17,8%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (16,9%), artigos do vestuário e acessórios (11,8%), produtos de borracha e de material plástico (9,9%), produtos de madeira (8,6%), bebidas (8,3%), máquinas e equipamentos (8,3%), produtos têxteis (7,9%), metalurgia (6,5%), outros produtos químicos (4,0%) e indústrias extrativas (3,1%). A principal variação negativa registrada foi por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,5%).