Análise IEDI
Perdas generalizadas
O comércio varejista não se saiu nada bem em outubro de 2017, diferentemente da indústria que conseguiu preservar um resultado positivo, embora muito próximo da estabilidade. As vendas reais do varejo caíram 0,9% frente a setembro. Este foi seu segundo pior resultado em 2017 na série com ajuste sazonal.
Em seu conceito ampliado, que inclui as vendas de automóveis, autopeças e materiais de construção, o quadro foi ainda pior ao registrar a retração mais intensa desde janeiro último: -1,4% ante setembro com ajuste, depois de uma sequência de quatro meses seguidos de crescimento.
Parte disso pode estar associada ao adiamento de consumo à espera da Black Friday no mês de novembro, o que pode não ter sido integralmente levado em conta pelo ajuste sazonal. Porém, este não parece ser o único fator explicativo, dada a disseminação das quedas.
Houve retração em 7 dos 10 segmentos pesquisados pelo IBGE, inclusive aqueles pouco afetados pelas promoções de novembro, como artigos farmacêuticos, médicos, de perfumaria e cosméticos e supermercados, alimentos, bebidas e fumo, cujas variações frente ao mês anterior com ajuste sazonal podem ser vistas abaixo.
• Varejo restrito: -0,5% em ago/17; +0,3% em set/17 e -0,9% em out/17;
• Supermercado, alimentos, bebidas e fumo: +0,3%; +1,0% e -0,3%, respectivamente;
• Tecidos, vestuário e calçados: -3,3%; +0,7% e -2,7%;
• Móveis e eletrodomésticos: +1,1%; -1,2% e -2,3%;
• Artigos farmacêuticos, médicos, de perfumaria e cosméticos: -1,1%; +3,3% e -0,7%;
• Varejo ampliado: +0,2%; +0,7% e -1,4%;
• Veículos e autopeças: +3,0%; -0,4% e -1,9%;
• Material de construção: +2,1%; +0,5% e -1,0%, respectivamente.
Ademais, em alguns casos as quedas de outubro foram reincidentes, como em móveis e eletrodomésticos e veículos e autopeças (-0,4% e -1,9%, respectivamente), isto é, em setores que vinham apresentando uma trajetória mais favorável com seguidos resultados positivos até pouco tempo atrás.
Para outros segmentos, outubro funcionou como uma primeira interrupção desta mesma trajetória positiva, a exemplo de material de construção, que já somava cinco meses seguidos de alta, e supermercados, alimentos, bebidas e fumo, com crescimento nas vendas nos seis meses anteriores.
Entre os segmentos que se salvaram estão as vendas reais de combustíveis e lubrificantes (+2,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (+2,4%). Em ambos os casos, porém, seguidas quedas precederam a alta de outubro, que foi capaz de compensá-las apenas parcialmente.
O único segmento com crescimento a fugir deste padrão foi o de materiais de escritório, informática e comunicação, que apresentou, na série com ajuste sazonal, desempenho positivo tanto em setembro (+2,1%) como em outubro (+3,4%), mas isso depois da queda mais intensa do ano registrada em agosto (-9,9%).
Além da disseminação entre os segmentos do varejo, a perda nas vendas também atingiu a maioria dos estados em outubro. Foram 22 dos 27 estados da federação com variações negativas na comparação com setembro. Os piores resultados foram registrados no Nordeste, como em Alagoas (-4,5%) e Paraíba (-2,9%), mas estados com os maiores mercados consumidores do país não foram poupados, como Rio de Janeiro (-1,8%) e São Paulo (-0,9%).
Cabe sublinhar que o resultado de outubro, francamente adverso, não é bastante para configurar uma mudança de rota do comércio varejista, que pelas evidências da evolução do emprego, da massa real de rendimentos e do crédito para as pessoas físicas ainda tem tudo para fechar o ano com sinais claros de retomada. Frente a outubro de 2016, o comércio restrito registrou alta de 2,5% e o ampliado de 7,5%. No acumulado dos dez meses de 2017, por sua vez, os resultados chegam a +1,4% e +3,2%, respectivamente.
De acordo com dados de outubro de 2017 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista no Brasil, a partir de dados dessazonalizados, apresentou retração em relação a setembro (-0,9%). Na comparação com outubro do ano passado, houve aumento de 2,5%. No acumulado do ano e nos últimos 12 meses, os resultados foram de: 1,4 e 0,3%, respectivamente.
O volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção, após quatro meses consecutivos de crescimento, registrou recuo de -1,4% em relação a setembro, a partir de dados livres de influências sazonais. Na comparação com outubro de 2016, houve elevação de 7,5%. No que se refere os resultados do acumulado do ano e nos últimos 12 meses, as variações foram de 3,2% e 1,4%, respectivamente.
A partir de dados dessazonalizados, verificou-se resultados negativos em cinco das oito atividades que compõem o varejo na comparação frente ao mês de setembro: outros artigos de uso pessoal e doméstico (-3,5%); tecidos, vestuário e calçados (-2,7%); móveis e eletrodomésticos (-2,3%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,7%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%). Por outro lado, as variações positivas ficaram por conta de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,4%); combustíveis e lubrificantes (2,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria, ambos com aumento de (2,4%). No comércio varejista ampliado houve recuo das vendas de veículos, motos, partes (-1,9%) e peças material de construção (-1,0%).
Em relação ao mês de outubro de 2016, seis das oito atividades obtiveram variações positivas nas vendas: móveis e eletrodomésticos (10,1%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (6,2%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (5,2%), tecidos, vestuário e calçados (4,7%) outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,7%) e bebidas e fumo (1,5%). Os setores que apresentaram recuo foram: livros, jornais, revistas e papelaria (-2,8%) e combustíveis e lubrificantes (-0,9%). No comércio varejista ampliado, houve incrementos de 18,6% em material de construção e 13,6% em veículos, motos partes e peças.
No acumulado do ano, foram observadas variações positivas em eletrodomésticos (9,6%); tecidos, vestuário e calçados (7,6%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,8%); artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,4%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,5%). Os demais setores tiveram contrações, sendo as mais intensas em móveis (-4,6%), livros, jornais, revistas e papelaria (-3,6%), combustíveis e lubrificantes (-3,0%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-0,6%). No comércio varejista ampliado, materiais de construção apresentou a expansão mais intensa de 8,6%, seguida por veículos, motos, partes e peças com crescimento de 1,7%.
Em 12 meses, os grupos de atividades que apresentaram variação positiva foram: eletrodomésticos (5,6%); tecidos vestuários e calçados (3,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,7%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,3%). Os demais grupos apresentaram variação negativa: móveis (-5,3%); livros, jornais, revistas e papelaria (-6%); combustíveis e lubrificantes (-3,6%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-1,4%). No comércio varejista ampliado, as variações de material de construção e veículos, motos, partes e peças foram de 6,6% e -0,80%, respectivamente.
Em relação a outubro de 2016 os resultados das vendas do varejo foram positivos em todos os 27 estados. As maiores elevações foram observadas em Rondônia (14,4%), Santa Catarina (13,7%) e Mato Grosso do Sul (11,9%).
Quanto ao varejo ampliado, na mesma base de comparação, as 27 unidades federativas tiveram aumento do volume comercializado, destacando-se Tocantins (26,0%); Amazonas (18,8%); e Mato Grosso (17,9%).