Análise IEDI
Cinco pontos sobre 2017
Muito embora a melhora no quadro do emprego ainda caminhe lentamente e de forma parcial, parece que se inicia, em 2017, um período em que se acumulam boas notícias tanto na ocupação como no rendimento do trabalho.
Este aspecto cria condições para que a recuperação da economia ganhe mais vitalidade, melhorando ainda mais o emprego. É essa dinâmica que precisamos obter para que avancemos na recuperação de tudo aquilo que perdemos na crise.
Com o ano praticamente findo, podemos dizer que a mensagem trazida por 2017 para o emprego pode ser resumida em cinco pontos, identificados nos dados da Pnad Contínua, divulgados hoje pelo IBGE.
1) O número de ocupados voltou a crescer a partir do trimestre de maio-julho/2017, assumindo uma trajetória de consistente aceleração desde então. Passou de +0,2% para +1,9%, agora no trimestre findo em nov/17 frente a igual período do ano anterior. Em termos absolutos, isso significou um avanço no incremento de postos de trabalho de +190 mil para +1,7 milhão nesta mesma comparação.
2) A taxa de desocupação tem recuado sistematicamente desde o início do ano, ainda que permaneça em um patamar elevado. No primeiro trimestre de 2017, atingiu o pico de 13,7%, mas no trimestre findo em novembro encontrava-se em 12%. Essa evolução foi possível porque a criação de vagas cresceu mais rapidamente do que o número de pessoas que voltaram a procurar emprego depois de um período de desalento.
3) Tal desempenho da ocupação total, que, como dito anteriormente, chegou a +1,7 milhão de pessoas frente a set-nov/16, se deu, sobretudo, graças à inflexão no emprego industrial. A indústria parou de demitir e voltou a empregar a partir do segundo trimestre de 2017. Agora no trimestre móvel findo em novembro foram 394 mil vagas (+3,4%) a mais do que em igual período do ano passado. Outro caso de mudança de trajetória foi o de comércio e reparação de veículos, em alta desde maio-junho-julho e chegando a criar +222 mil vagas no trimestre findo em nov/17 (+1,3%).
4) Quanto ao perfil das ocupações geradas, é verdade que persistem reservas, pois se concentram principalmente em trabalho por conta própria (+1,1 milhão ou +5% ante set-nov/16) e sem carteira assinada (+718 mil ou +6,9%), que são mais suscetíveis a revezes e contam com rendimentos menores e mais irregulares. Entretanto, todos os demais tipos de ocupação já mostram expansão, exceto o trabalho com carteira assinada. Essa disseminação de resultados positivos sugere que, caso não tenhamos nenhuma reviravolta no quadro político-econômico, pode ser uma questão de tempo para o emprego formal voltar ao azul.
5) Por fim, o aspecto que há mais tempo vem se mostrando favorável: o crescimento da massa de rendimentos reais, o que, na comparação interanual, ocorre já a partir do trimestre móvel findo em fev/17. No início, esse desempenho era explicado apenas pela recuperação do rendimento real face à expressiva redução da inflação. Desde o segundo semestre, contudo, a alta na ocupação vem dando uma contribuição cada vez maior. Agora no trimestre findo em nov/17, a massa real conseguiu sua melhor marca no ano: +4,5% ante igual período de 2016.
De acordo com dados da PNAD Contínua divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação registrada no trimestre compreendido entre setembro e novembro foi de 12,0%. Tal taxa é 0,1 p.p. maior que a observada no mesmo trimestre do ano passado, de 11,9% de desocupados.
O rendimento real médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$2.142,00, representando crescimento de 2,6% frente ao mesmo trimestre de referência do ano anterior (R$2.087,00).
A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos alcançou R$191,9 bilhões no trimestre encerrado em novembro, registrando alta de 4,5% frente ao mesmo trimestre de 2016 (R$183,7 bilhões).
No trimestre de referência, a população ocupada foi de 91,9 milhões de pessoas, variação positiva de 1,9% em relação ao mesmo trimestre do ano passado (90,2 milhões de pessoas ocupadas). Por outro lado, na mesma base de comparação, o número de desocupados aumentou 3,6%, chegando a 12,6 milhões de pessoas.
Frente ao mesmo trimestre do ano anterior, os grupamentos de atividades que apresentaram aumento da ocupação foram: alojamento e alimentação (9,1%), outros serviços (5,6%), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (5,3%), serviços domésticos (3,8%), indústria (3,4%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (1,3%), transporte, armazenagem e correios (0,9%), administração pública, defesa, seguridade, educação, saúde humana e serviços sociais (0,8%). Em sentido oposto, as categorias que apresentaram retração foram: agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-4,3%) e construção (-1,7%).