Análise IEDI
O comércio exterior é parte da melhora da economia
A evolução da balança comercial brasileira foi excepcional, em 2017, devido a uma confluência de fatores positivos, que permitiram um desempenho ímpar em nossas vendas externas, bem acima do aumento de nossas importações, de modo a gerar um superávit recorde no valor de US$ 67 bilhões.
Assim, as exportações saíram na frente das importações, voltando a registrar crescimento depois de cinco anos seguidos de retração e constituindo-se em um componente da melhora do quadro econômico.
De fato, no ano passado, nossas vendas externas, que somaram US$ 217,7 bilhões, avançaram 18,5% frente a 2016, quando considerada a média por dia útil. Em contrapartida, as importações cresceram 10,5% na mesma comparação, chegando a US$ 150,7 bilhões.
A que se deve este resultado exportador do Brasil? Alguns fatores foram de estimada importância, tais como a super safra agrícola e a elevação dos preços de commodities, a impulsionar as vendas externas de produtos básicos, cujo dinamismo, a partir das médias por dia útil, pode ser visto abaixo.
• Exportações totais: -13,7% em 2015; -3,4% em 2016 e +18,5% em 2017;
• Básicos: -19,4%; -9,5% e +28,7%, respectivamente;
• Semimanufaturados: -7,9%; +5,2% e +13,3%;
• Manufaturados: -8,2%; +1,2% e +9,4%.
Mas a boa performance não ficou restrita apenas aos produtos básicos. As exportações de semimanufaturados cresceram, em 2017, 13,3% e as de manufaturados atingiram um patamar confortável de 9,4%, isto é, bem acima do resultado do ano anterior (+1,2%).
O acréscimo nas vendas externas de manufaturados foi, de fato, outro fator de destaque no comércio exterior do ano passado. Muito disso se deveu à exportação da cadeia automobilística, incluindo não apenas automóveis de passeio, mas também veículos de carga, chassis com motor, autopeças, pneumáticos, etc. Não é por acaso que o setor de veículos e os ramos a ele associados lideraram o crescimento industrial do ano passado.
Do lado das importações, a recuperação econômica ainda muito gradual conteve uma retomada mais rápida. As mais afetadas foram as importações de bens de capital, que, em 2017, continuaram registrando queda: -11,4% pela média por dia útil, trazendo uma má sinalização para a evolução do investimento. O restante das importações – de bens intermediários, bens de consumo e combustíveis -, por sua vez, mostrou tendência própria de uma economia que encerrou um período de recessão.
Entretanto, é preciso notar que nos últimos meses as compras externas de bens de capital já apontaram reação, crescendo 14,7% no último trimestre do ano e sugerindo uma reativação do investimento doméstico. Em boa medida devido a esse comportamento, as importações como um todo também deram sinal de aceleração no final de 2017 (18,1% no último trimestre contra 10,5% no acumulado do ano), levando a crer que para 2018 teremos um valor maior de importações.
Dessa maneira, quanto à balança comercial há bons motivos para comemoração. Até os sinais negativos, como a retração das importações de bens de capital, parecem estar em reversão. Mas alguns aspectos merecem atenção, como o aumento da concentração de nossas relações de comércio exterior como a Ásia, que já não é pequena e se dá tanto nas exportações como nas importações.
De acordo com os dados divulgados pelo MDIC, para o mês de dezembro de 2017 a balança comercial brasileira apresentou superávit de US$ 4,998 bilhões, valor que representou aumento de 13,2% frente ao mesmo mês do ano anterior, em que o saldo positivo foi de US$ 4,415 bilhões.
As exportações alcançaram US$ 17,595 bilhões, o que representa um incremento de 21,4% em relação a dezembro de 2016 segundo as médias diárias, que considera o número de dias úteis no mês. As importações somaram US$ 12,598 bilhões, o que implica um aumento de 20,2% na mesma base de comparação.
No mês, as médias diárias das exportações e importações foram de US$ 879,8 milhões e US$ 629,9 milhões, respectivamente.
Exportações por fator agregado. A exportação de produtos básicos foi de US$ 7,273 bilhões no mês, variação de 35,5% em relação a dezembro de 2016. Nesta mesma comparação, as exportações de produtos manufaturados alcançaram US$ 7,283 bilhões e as de semimanufaturados somaram US$ 2,625 bilhões, variações de 14,7% e 8,8%, respectivamente.
Levando em conta as médias diárias das exportações, na comparação com igual mês de 2016 houve aumento de: 35,5% para produtos básicos, 14,7% para manufaturados, 8,8% para semimanufaturados. As operações especiais registraram crescimento de 14,8% na mesma base de comparação.
Destaques exportações. Na comparação com dezembro de 2016, considerando o grupo dos produtos básicos, os destaques positivos foram: milho em grão (+297,1%, para US$ 621 milhões), soja em grão (+267,9%, para US$ 913 milhões), algodão em bruto (+119,5%, para US$ 227 milhões), petróleo em bruto (+87,3%, para US$ 1,2 bilhão), carne bovina (+40,3%, para US$ 467 milhões), fumo em folhas (+27,0%, para US$ 202 milhões), minério de cobre (+20,7%, para US$ 294 milhões) e carne de frango (+2,9%, para US$ 467 milhões).
Para os semimanufaturados, na mesma base de comparação, os aumentos mais relevantes foram: ferro/aço (+77,9%, para US$ 439 milhões), catodos de cobre (+42,0%, para US$ 39 milhões), madeira serrada (+30,2%, para US$ 63 milhões), celulose (+24,0%, para US$ 618 milhões), ouro em formas semimanufaturadas (+19,7%, para US$ 209 milhões), ferro ligas (+13,0%, para US$ 183 milhões), ferro fundido (+11,1%, para US$ 54 milhões) e alumínio em bruto (+4,1%, para US$ 40 milhões).
Também na comparação com dezembro de 2016, houve elevação dos embarques dos seguintes produtos manufaturados: máquinas p/terraplanagem (+139,3%, para US$ 242 milhões), óleos combustíveis (+133,0%, para US$ 166 milhões), chassis com motor (+44,9%, para US$ 119 milhões), laminados planos (+44,8%, para US$ 227 milhões), óxidos/hidróxidos de alumínio (+34,7%, para US$ 283 milhões), motores p/veículos e partes (+24,7%, para US$ 156 milhões), automóveis de passageiros (+24,5%, para US$ 631 milhões), autopeças (+23,6%, para US$ 176 milhões), polímeros plásticos (+19,3%, para US$ 164 milhões), tratores (+14,7%, para US$ 120 milhões), motores e geradores (+6,6%, para US$ 122 milhões) e calçados (+0,4%, para US$ 117 milhões).
Importações por categoria de uso. Dos US$ 12,598 bilhões importados em dezembro, US$ 1,464 bilhão foram referentes ao grupo de bens de capital, US$ 7,477 bilhões a bens intermediários, US$ 2,001 bilhões a bens de consumo e US$ 1,651 bilhão a combustíveis e lubrificantes.
Na comparação frente ao mesmo período de 2016, considerando a média diária, houve crescimento das importações em todos os grupos, puxado por combustíveis e lubrificantes (61,4%) e seguido por bens intermediários (16,5%), bens de capital (14,7%) e bens de consumo (13,6%).
Destaques importações. No segmento combustíveis e lubrificantes, o crescimento ocorreu principalmente pelo aumento de óleo diesel, gasolina, petróleo em bruto, coques, energia elétrica, gás natural, carvão.
Dentre os bens intermediários, os principais aumentos foram para aquisições de naftas p/petroquímica, sulfetos de minérios de cobre, cloreto de potássio, circuitos integrados, catodos de cobre, laminados de ferro/aço, memórias digitais, copolímeros de etileno, caixas de marchas, aparelhos de telefonia, hidróxido de sódio.
Quanto aos bens de consumo, as principais altas foram observadas nas importações de medicamentos, automóveis de passageiros, produtos imunológicos, uísques, água de colônia, frações de sangue, imunoglobulina, preparações p/alimentação de animais, azeite de oliva, consoles de vídeo, fungicida, vinhos, confecções.
Por fim, dentre os bens de capital, cresceram, principalmente, lâmpadas de LED, reguladores eletrônicos, veículos de vias férreas, veículos de carga, máquinas p/processamento de dados, aviões, robôs industriais, equipamentos terminais ou repetidores, analisadores de gases/fumaças, centros de usinagem, máquinas p/elevação de carga.