Análise IEDI
Ainda em recessão
O setor de serviços até chegou a recuperar o fôlego em novembro, mas isso depois de quatro meses de declínio consecutivo. A bem da verdade, encontrar sinais de recuperação neste setor não tem sido uma tarefa fácil e se algum mês bom vem a ocorrer, geralmente se perde em meio a resultados desfavoráveis. Ao contrário da indústria e do comercio varejista, o setor de serviços ainda está em recessão.
A alta do faturamento real de 1% frente a outubro foi o primeiro resultado positivo do segundo semestre de 2017 na série com ajuste sazonal e foi acompanhada por todos os segmentos do setor. Apesar de relativamente substancial, este crescimento pode não se sustentar nos meses que seguem, dada a existência de trajetórias não muito consistentes em diversos segmentos.
Exemplificando: no caso dos serviços prestados às famílias, a série com ajuste sazonal tem sido marcada por resultados muito voláteis na segunda metade do ano. Já para os serviços profissionais, administrativos e complementares, desde jun/17, quando ocorre alguma variação positiva, ela é muito modesta, enquanto as quedas são intensas. O segmento de outros serviços, por sua vez, ficou praticamente estável no trimestre set-nov/17.
De modo geral, o setor de serviços tem tido grande dificuldade em evitar o terreno negativo. Frente ao mesmo período do ano anterior, completou em novembro último 32 meses seguidos de declínio. Com isso, 2017 terminará como seu terceiro ano de crise. No acumulado até novembro, a queda é de -3,2%, depois de ter atingido -5,0% em 2016 e -3,6% em 2015 como um todo.
Se a recuperação ainda não é uma realidade neste importante setor, que é o mais destacado empregador na economia, o ano de 2017 ao menos trouxe alguma moderação em suas perdas. Cabe observar, entretanto, que este resultado tem sido produzido por pouquíssimos segmentos, indicando o quão localizados são os sinais de melhora.
O único segmento a realmente mostrar um comportamento mais consistente de crescimento são os serviços de transporte, seus auxiliares e correios, puxados por seus componentes de transporte terrestre, aquaviário e de armazenagem. Na série com ajuste sazonal, as altas predominam em 7 dos 11 meses de que temos notícias. Na comparação interanual, seu faturamento cresce desde maio, com direito a aceleração. Assim, em jan-nov/17 acumula resultado de +2,0%, chegando a +6,1% no trimestre findo em novembro.
Além de certa reativação do nível de atividade econômica, foram importantes para essa performance superior dos serviços de transporte e afins, a supersafra agrícola de 2017 bem como o avanço das exportações brasileiras, tanto de bens primários como de bens manufaturados.
Outro segmento a dar sinais de reação, embora só mais recentemente, foi o de serviços prestados às famílias. Também foram 7 meses de alta na série com ajuste sazonal, ainda que quedas tenham voltado a ocorrer no segundo semestre. No acumulado de 2017, o quadro ainda é de declínio (-0,8%), porém cada vez menor. Considerado apenas o último trimestre, isto é, set-out-nov/17, já há crescimento, como mostram abaixo as variações na comparação com o mesmo período do ano anterior.
• Serviços total: -5,0% em jan-dez/16; -3,2% em jan-nov/17; -1,4% em set-out-nov/17;
• Serviços prestados às famílias: -4,4%; -0,8% e +2,1%, respectivamente;
• Serviços de info. e comunicação: -3,3%; -2,4% e -2,9%;
• Serviços prof. adm. e complementares: -5,6%; -7,7% e -6,4%;
• Serviços de transporte, seus aux. E correios: -7,6%; +2,0% e +6,1%;
• Outros serviços: -2,8%; -9,0% e -6,2%, respectivamente.
A exemplo do setor de serviços como um todo, o segmento de informação e comunicação deve encerrar 2017 em uma situação menos complicada do que a de 2016. Os dados do trimestre findo em novembro, contudo, sugerem que esse movimento perdeu força. Vale lembrar que a crise demorou a chegar para esses serviços, mas chegou e, ao que parece, não deve ser superada muito rapidamente.
Para quem a recuperação não passa de uma miragem no horizonte é o segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares. Até nov/17, as perdas acumuladas chegavam a -7,7%, isto é, mais intensas do que aquelas de 2016. Isso se deve ao agravamento da crise no segmento de serviços administrativos e complementares, correspondentes às atividades terceirizadas das empresas, sem que houvesse alívio em seu outro subsegmento, o de serviços técnicos-profissionais.
Por fim, a categoria de outros serviços, que inclui um conjunto amplo de atividades, tais como serviços financeiros, imobiliários, de reparos etc., encontra-se em um quadro mais negativo. Em 2017, a queda de seu faturamento real é cerca de três vezes mais intensa do que a de 2016. Algo não muito diferente ocorre com o grupamento especial de atividades turísticas: -6,6% em jan-nov/17 contra -2,6% em jan-dez/16.
De acordo com dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados pelo IBGE para o mês de novembro de 2017, o volume de serviços prestados apresentou expansão de 1,0% na comparação com o mês de outubro, para dados com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior houve queda de 0,7%. No acumulado do ano a variação foi de -3,2%, já para o acumulado em 12 meses a queda foi de 3,4%.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, apenas o segmento de outros serviços manteve-se estável em relação a outubro (variação de 0,0%), todos os demais registraram crescimento: serviços prestados às famílias (0,9%), serviços de informação e comunicação (0,9%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (0,6%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,2%). O agregado especial das atividades turísticas apresentou crescimento de 0,9% em relação a outubro.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve retração de 0,7%, com recuo dos segmentos: outros serviços (-7,7%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-6,5%) e serviços de informação e comunicação (-0,7%). Os demais segmentos tiveram variações positivas transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (6,5%) e serviços prestados às famílias (1,4%). As atividades turísticas registraram queda de -6,6%.
No acumulado do ano, com exceção dos serviços de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (2,0%), todos os demais setores mantiveram o desempenho negativo. A maior contração foi observada no segmento de outros serviços (-9,0%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-7,7%), serviços de informação e comunicação (-2,4%) e serviços prestados às famílias (-0,8%). O volume de serviços relacionados a atividades turísticas caiu 6,6%.
Na variação acumulada em 12 meses, houve retrações em quase todos os ramos, nas seguintes intensidades: outros serviços (-8,5%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-7,4%), serviços de informação e comunicação (-2,8%) e serviços prestados às famílias (-0,9%). Apenas o setor de serviços auxiliares dos transportes e correio registrou variação positiva de 1,2%. O volume de serviços relacionados a atividades turísticas caiu 5,9%.
Na análise por unidade federativa, na comparação com igual mês do ano anterior variações positivas ocorreram nos seguintes estados: Mato Grosso (56,0%), Paraná (7,3%), Amazonas (3,2%), Rondônia (2,6%), Goiás (1,1%) e São Paulo (0,9%). Por outro lado, os principais recuos ocorreram nos estados do Amapá (-13,9%), do Maranhão (-12,9%), do Pará (-10,6%), da Paraíba (-9,8%), do Mato Grosso do Sul (-9,6%) e Ceará (-8,3%).