Análise IEDI
Um bom começo de ano para as exportações de manufaturados
O ano de 2018 começou com um resultado superavitário da balança comercial de US$ 2,8 bilhões, o melhor saldo para um início de ano desde 2006, mas não muito diferente daquele do ano passado. A alta foi de apenas 2,2% na comparação entre janeiro de 2018 e janeiro de 2017. As exportações totalizaram US$ 17 bilhões e as importações, US$ 14,2 bilhões em janeiro último.
O que distingue o início desses dois últimos anos são as velocidades em que avançam as exportações e importações. Tomadas a partir das médias por dias úteis, embora o patamar de crescimento permaneça expressivo, as vendas externas do país apontam para uma certa desaceleração, enquanto as compras externas ganham ímpeto. Esse movimento, que vem desde 2017, também marca o primeiro mês de 2018.
As exportações registraram alta de 13,8% frente ao mesmo período do ano passado, mas tinham chegado a 20,5% em janeiro de 2017 na mesma comparação, a partir das médias diárias. Em contrapartida, as importações cresceram 16,4% em janeiro deste ano, mais do que o dobro do resultado de janeiro de 2017 (+7,4%). É uma tendência para 2018 que as importações cresçam a taxas mais expressivas do que cresceram no ano passado.
O destaque das vendas externas em janeiro foram os bens manufaturados, com alta de 23,5% frente ao mesmo período do ano anterior, bem acima do resultado de janeiro de 2017 (+7,4%). Contribuíram para isso o avanço dos embarques de aviões (+474% ante jan/17), de açúcar refinado (+295%), de bens da cadeia automobilística, como pneumáticos (+92%), autopeças (+6,2%) e automóveis (+3,7%), e de alguns intermediários, a exemplo de polímeros plásticos (+74,2%) e óxidos/hidróxidos de alumínio (+31,2%), entre outros.
Foram, então, as exportações de básicos e de semimanufaturados os responsáveis por um desempenho menor neste início de 2018 em comparação com aquele de janeiro de 2017. As variações interanuais abaixo a partir das médias por dias úteis ilustram as diferenças na entrada destes dois anos.
• Exportações totais: +20,5% em jan/17 e +13,8% em jan/18;
• Exportações de básicos: +29,8% e +11,5%, respectivamente;
• Exportações de semimanufaturados: +27,4% e +1,1%;
• Exportações de manufaturados: +7,4% e +23,5%.
Do lado das importações, chama atenção o quadro radicalmente oposto das compras externas de bens de capital: em janeiro de 2017 a queda chegava a -40,1% e agora em janeiro de 2018 houve crescimento de 11,4% ante o mesmo período do ano anterior, tomadas as médias por dia útil. Dentre as maiores contribuições positivas encontram-se muitos produtos associados ao setor de transporte, como veículos de carga, locomotivas diesel-elétricas, dumpers para transporte de mercadoria, máquinas para elevação de carga, aviões, chassis com motor, além de robôs industriais.
A importação de bens de consumo também marca a diferença deste início de ano, ao crescer 41,5% em janeiro último e apenas 2,8% em janeiro do ano passado. Automóveis de passageiros e produtos farmacêuticos estão entre as altas mais expressivas.
De acordo com os dados divulgados pelo MDIC, para o mês de janeiro a balança comercial brasileira apresentou superávit de US$ 2,768 bilhões, valor que representou aumento de 2,1% frente ao mesmo mês do ano anterior, em que o saldo positivo foi de US$ 2,710 bilhões.
As exportações alcançaram US$ 16,968 bilhões, o que representa um incremento de 13,8% em relação a janeiro do ano passado segundo as médias diárias, que considera o número de dias úteis no mês. As importações somaram US$ 14,199 bilhões, o que implica um aumento de 16,4% na mesma base de comparação. No mês, as médias diárias das exportações e importações foram de US$ 879,8 milhões e US$ 629,9 milhões, respectivamente.
Exportações por Fator Agregado. A exportação de produtos básicos foi de US$7,544 bilhões no mês, variação de 11,2% em relação a janeiro de 2017. Nesta mesma comparação, os produtos manufaturados somaram US$ 6,327 bilhões e os semimanufaturados US$ 2,625 bilhões, incremento de 23,6% e 1,1%, respectivamente.
Levando em conta as médias diárias das exportações, na comparação com igual mês de 2017 houve aumento de: 23,6% para manufaturados, 16,0% para produtos industrializados, 11,2% para produtos básicos e 1,1% para semimanufaturados. As operações especiais registraram crescimento de 16,6% na mesma base de comparação.
Destaques Exportações. Na comparação com janeiro de 2017, considerando o grupo dos produtos básicos, os destaques positivos foram: algodão em bruto (+166,1%, para US$ 130 milhões), fumo em folhas (+123,4%, para US$ 161 milhões), milho em grão (+92,4%, para US$ 469 milhões), soja em grão (+62,9%, para US$ 594 milhões), carne bovina (+20,9%, para US$ 426 milhões) e petróleo em bruto (+18,9%, para US$ 2,1 bilhões).
Para os semimanufaturados, na mesma base de comparação, os aumentos mais relevantes foram: catodos de cobre (+207,1%, para US$ 36 milhões), madeira serrada (+103,0%, para US$ 55 milhões), ferro fundido (+75,2%, para US$ 54 milhões), semimanufaturados de ferro/aço (+35,0%, para US$ 416 milhões), ferro ligas (+34,3%, para US$ 237 milhões) e celulose (+19,8%, para US$ 713 milhões).
Também na comparação com janeiro de 2017, nos embarques de produtos manufaturados houve acréscimo principalmente em aviões (+474,4%, para US$ 198 milhões), óleos combustíveis (+323,4%, para US$ 122 milhões), açúcar refinado (+294,9%, para US$ 115 milhões), máquinas para terraplanagem (+171,2%, para US$ 259 milhões), pneumáticos (+92,1%, para US$ 96 milhões), polímeros plásticos (+74,2%, para US$ 165 milhões), laminados planos (+49,0%, para US$ 163 milhões), óxidos/hidróxidos de alumínio (+31,2%, para US$ 326 milhões), tubos flexíveis de ferro/aço (+17,8%, para US$ 150 milhões), autopeças (+6,2%, para US$ 167 milhões) e automóveis de passageiros (+3,7%, para US$ 359 milhões).
Importações por Categoria de Uso. Dos US$ 14,199 bilhões importados em janeiro, US$ 8,509 bilhões foram referentes a bens intermediários, US$ 2,142 bilhões a bens de consumo, US$ 2,117 bilhões a combustíveis e lubrificantes e US$ 1,419 bilhão a bens de capital.
Na comparação frente ao mesmo período de 2017, considerando a média diária, houve crescimento das importações em todos os grupos, puxado por combustíveis e lubrificantes (96,3%) e seguido por bens de consumo (19,2%), bens de capital (11,4%) e bens intermediários (5,8%).
Destaques Importações. No segmento combustíveis e lubrificantes, o resultado ocorreu principalmente pelo aumento de óleo diesel, petróleo em bruto, propanos liquefeitos, gás natural, gasolinas, energia elétrica, querosenes de aviação.
Dentre os bens intermediários, os principais crescimentos foram para aquisições de partes para aparelhos de radiodifusão, caixas de marchas, torres e pórticos de ferro fundido, catodos de cobre, pigmento rutilo, laminados planos, hidróxido de sódio, circuitos integrados e microprocessadores.
Quanto aos bens de consumo, as principais altas foram observadas nas importações de automóveis de passageiros, frações de sangue, medicamentos, produtos imunológicos, azeite de oliva, preparações para alimentação de animais, fritadoras eletrotérmicas, preparações alimentícias.
Por fim, dentre os bens de capital, cresceram, principalmente, veículos de carga, locomotivas diesel-elétricas, dumpers para transporte de mercadoria, motores elétricos, lâmpadas de LED, máquinas para elevação de carga, aviões, chassis com motor, quadros de energia, bulldozers/angledozers, robôs industriais.