Análise IEDI
Uma sequência de bons resultados
Assim como a indústria, o comércio varejista teve um desempenho satisfatório em abril, mas neste caso não só o aumento das vendas foi mais forte, já descontados os efeitos sazonais, como faz parte de uma sequência de resultados positivos que vigoram desde o início de 2018.
Enquanto a produção industrial variou 0,8% frente a março, as vendas reais do varejo cresceram 1% em seu conceito restrito e 1,3% no conceito ampliado, que incluem as vendas de automóveis, autopeças e material de construção. Tais resultados vieram depois de um mês de março também favorável, com alta de 1,1% em ambos os conceitos, indicando certa consistência na recuperação do setor.
De fato, o aspecto mais promissor no desempenho recente do varejo tem sido sua trajetória em que a alternância entre altas e quedas na segunda metade de 2017 deu lugar a sucessivas variações positivas desde janeiro de 2018 na série com ajuste sazonal. No caso do varejo restrito, há apenas uma exceção referente ao mês de fevereiro, quando as vendas ficaram estáveis (0%). Apesar disso, por ora, o terreno negativo tem sido evitado com sucesso.
Na comparação interanual temos o mesmo quadro: variações positivas desde abril de 2017 no conceito restrito e desde maio no conceito ampliado. Em abril de 2018, o resultado mais fraco nas vendas, de apenas 0,8%, sofreu influência de um efeito calendário, já que a Páscoa foi em abril do ano passado, mas em março do corrente ano.
Diante dessa evolução, o patamar de vendas do varejo em abril último encontrava-se 3% acima do nível de dezembro de 2017 (3,7% no conceito ampliado). 2018 segue, então, como um ano de reativação do comércio, em boa medida calcada no retorno do crédito às famílias a taxas de juros mais moderadas. Outros fatores que impactam o setor vêm melhorando, mas de forma muito restringida, como é o caso do emprego e também do rendimento real, em que a desaceleração da inflação não tem contribuído tanto quanto no ano passado.
O panorama entre os diferentes segmentos do varejo, por sua vez, mostra trajetórias mais ou menos consistentes segundo o caso, como ilustram as variações com ajuste sazonal abaixo:
• Varejo restrito: +1% em jan/18; 0% em fev/18; +1,1% em mar/18 e +1% em abr/18;
• Combustíveis e lubrificantes: -0,1%; -1,3%; +1,9% e +3,4%, respectivamente;
• Supermercados, alimentos, bebidas e fumo: +2,8%; -0,9%; +0,1% e +1,0%;
• Tecidos, vestuário e calçados: +0,8%; -0,9%; +0,8% e +0,3%;
• Móveis e eletrodomésticos: -2,7%; +1,6%; +0,7% e +0,7%;
• Material de escritório, informática e comunicação: +4,4%; +3,6%; -3,8% e +4,8%;
• Varejo Ampliado: +0,4%; +0,8%; +1,1% e +1,3%;
• Veículos e autopeças: +4,6%; +3,1%; +3,2% e +1,9%, respectivamente.
As melhores evoluções vêm sendo apresentadas por três segmentos de peso no varejo: supermercados, alimentos, bebidas e fumo; veículos e autopeças e material de construção. Embora não tenham sido poupados de episódios de perda de dinamismo, esses segmentos crescem desde abril do ano passado, registrando quedas apenas pontualmente.
A maior parte dos segmentos, contudo, engataram em uma sequência de resultados majoritariamente positivos muito recentemente, como material de escritório, informática e comunicação, outros artigos de uso pessoal e doméstico e livros, jornais e papelaria, desde jan/18; móveis e eletrodomésticos, desde fev/18 e tecidos, vestuário e calçados e artigos farmacêuticos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos, desde nov/17. Antes, todos mostravam uma trajetória mais errática, embora para alguns as altas fossem mais fortes ou mais numerosas.
Quem fugia à regra e dava poucos sinais de recuperação era o segmento de combustíveis e lubrificantes, com quedas recorrentes na série com ajuste sazonal de julho de 2017 a fevereiro de 2018 (com exceção de out/17). Nos últimos meses pareceu tentar compensar o tempo perdido e ensaiou uma reação relativamente vigorosa: +1,9% em mar/18 e +3,4% em abr/18. Com a paralisação dos caminhoneiros, porém, dificilmente este movimento recente terá continuidade no mês de maio.
A partir dos dados de abril de 2018 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional apresentou crescimento de 1,0% frente a março na série com ajuste sazonal. Na comparação com abril do ano anterior, houve incremento de 0,6%. Para o acumulado dos últimos doze meses, o resultado variou positivamente em 3,7% e para o acumulado do ano o crescimento foi de 3,4%.
No que se refere ao volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção, verificou-se expansão de 1,3% em relação a março de 2018, a partir de dados livres de influências sazonais. Na comparação com abril de 2017, houve incremento de 8,6%. Para o acumulado dos últimos 12 meses o crescimento aferido foi de 7,0% e no acumulado do ano o crescimento foi de 7,4%.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, a partir de dados dessazonalizados, todas as atividades apresentaram expansão nas vendas, sendo elas as seguintes na ordem decrescente: equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (4,8%), combustíveis e lubrificantes (3,4%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,5%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,0%), livros, jornais, revistas e papelaria (0,9%), móveis e eletrodomésticos (0,7%) e tecidos, vestuário e calçados (0,3%), já em outros artigos de uso pessoal e doméstico não houve variação. Para o comércio varejista ampliado, houve crescimento de 1,3%, sendo o aumento de veículos e motos, partes e peças de 1,9% e o de material de construção 1,7%.
Em relação ao mês de abril de 2017, verificaram-se resultados positivos em três das oito atividades que compõem o varejo: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (10,3%), móveis e eletrodomésticos (5,6%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (4,9%). Por outro lado, os outros segmentos analisados, apresentaram retrações: tecidos, vestuário e calçados (-7,3%), livros, jornais, revistas e papelaria (-4,1%), combustíveis e lubrificantes (-1,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,1%). Para a atividade de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo não houve variação. Em relação ao comércio varejista ampliado, houve crescimento de 8,6%, puxado pelo crescimento de veículos, motos, partes e peças (36,5%), que respondeu por quase 80% da taxa global, e material de construção (15,9%).
Verificando o acumulado do ano (janeiro a abril de 2018), verificaram-se resultados positivos em cinco das oito atividades que compõem o varejo, as variações foram as seguintes: outros artigos de uso pessoal e doméstico (8,0%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (6,3%), hipermercados, supermercados, produtos, alimentícios, bebidas e fumo (5,0%), móveis e eletrodoméstico (2,6%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (2,1%). Em relação aos outros segmentos analisados, foi registrado decréscimos em livros, jornais, revistas e papelaria (-7,6%), combustíveis e lubrificantes (-4,1%) e tecidos, vestuário e calçados (-3,1%). Em relação ao comércio varejista ampliado, houve expansão de 7,4%, com crescimento de veículos, motos, partes e peças (22,2%) e material de construção (6,6%).
Analisando o acumulado de 12 meses, registrou-se variações positivas em seis dos oito segmentos: móveis e eletrodomésticos (9,6%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (5,6%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (5,5%), tecidos, vestuário e calçados (4,8%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,5%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (0,1%). Para os demais setores observamos contrações em livros, jornais, revistas e papelaria (-5,2%) e combustíveis e lubrificantes (-2,9%). Para o comércio varejista ampliado, houve expansão de 7,0%, sendo que veículos, motos, partes e peças apresentou expansão de 13,0% e material de construção de 10,3%.
Por fim, em comparação frente a abril de 2017, 16 das 27 unidades federativas apresentaram crescimento do volume de comércio: Tocantins (13,8%), Roraima (7,9%), Acre (7,7%), Rondônia (6,8%), Rio Grande do Norte (6,1%), Espírito Santo (5,8%), Santa Catarina (5,0%), Ceará (4,3%), Pará (2,8%), Rio Grande do Sul (2,2%), Amapá (2,0%), Minas Gerais (1,3%), Maranhão (1,1%), Paraíba (1,0%), Mato Grosso (0,3%) e Distrito Federal (0,1%). Em sentido oposto, houve variações negativas em Pernambuco (-3,9%), Mato Grosso do Sul (-3,7%), Sergipe (-2,4%), Goiás (-2,3%), Alagoas (-1,8%), Paraná (-1,0%), Bahia (-0,9%), Amazonas (-0,1%) e Piauí (-0,1%). Por fim, para o Rio de Janeiro e São Paulo não houve variação no volume de comércio.