Análise IEDI
Avanço também nos serviços
A contar pelos dados já divulgados, o mês de abril foi mais positivo do que se esperava, com alta na produção industrial, nas vendas do comércio e até mesmo no faturamento real do setor de serviços, que até então mal dava sinais de recuperação. Em abril, os serviços registraram seu primeiro avanço em 2018: +1% frente a março com ajuste sazonal. Um dado que mostra que o setor pode estar se aproximando da saída da recessão, mas que não deve se repetir em maio, dada a paralisação do transporte rodoviário de carga.
Assim, o setor retomou o nível de dinamismo do final de 2017, quando havia crescido 1% em novembro e 1,2% em dezembro, antes de submergir em janeiro do presente ano (-1,8%). Ademais, outro aspecto favorável do desempenho de abril foi que a reação se mostrou bastante disseminada, atingindo quase a totalidade dos segmentos de serviços. A única exceção foi informação e comunicação (-1,1% ante março, com ajuste).
Há ainda mais um fator de destaque: ocorreu a segunda alta na comparação interanual desde abril de 2015. A primeira havia sido em dez/17 (+0,6%), mas a de abr/18 foi bem mais intensa, chegando a 2,2%. As razões para a comemoração dessa reversão de sinal seriam muito maiores se não existisse um efeito calendário em ação. Como abril do corrente ano teve três dias úteis a mais do que abril de 2017, as variações interanuais indicam desempenhos mais robustos do que efetivamente foram.
Por isso, a perda de faturamento real do segmento de serviços de informação e comunicação também na comparação interanual (-1,6%) demonstra que este tem sido um dos principais entraves a uma evolução mais satisfatórias do setor como um todo. Outros segmentos, porém, vêm se saindo melhor, como mostram as variações abaixo com ajuste sazonal. Esta comparação têm a vantagem de evitar o efeito calendário mencionado anteriormente.
• Total serviços: -1,8% em jan/18; 0% em fev/18; -0,2% em mar/18 e +1% em abr/18;
• Serviços prestados às famílias: +0,3%; -0,8%; +2,8% e +1,5%, respectivamente;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: -2,4%; +2,1%; -1,6% e +1,7%;
• Transportes, seus auxiliares, correios: -1,2%; -0,3%; -0,6% e +1,2%;
• Outros serviços: +2,2%; -0,5%; -0,2% e +0,7%, respectivamente.
O segmento de serviços prestados às famílias, depois de um primeiro bimestre quase estagnado, voltou a crescer a taxas mais substanciais tanto em março como em abril. Na origem deste comportamento estão os serviços de alojamento e alimentação, cujo resultado em abril último foi de +1,6%, contra a mera estabilidade de outros serviços prestados às famílias.
Já nos serviços profissionais, administrativos e complementares, abril assegurou o melhor resultado dentre os segmentos de serviços identificados pelo IBGE. A alta foi de 1,7% frente a março, dando continuidade a uma trajetória de acentuada oscilação iniciada em jan/2018, cujo resultado final, por ora, ainda não é favorável. O nível de seu faturamento real em abr/18 estava 0,2% abaixo daquele de dez/17. Quem têm atrasado sua reação são aqueles serviços menos qualificados, isto é, administrativos e complementares, que avançaram bem menos em abril (+1,1%) do que o componente de serviços técnico-profissionais (+5,2%).
Em outros segmentos, contudo, as trajetórias não têm sido muito animadoras, mas ao menos conseguiram registrar variações positivas em abril. É o caso de transportes, seus auxiliares e correios, cujo faturamento real, até então, só declinava em 2018, depois de meses de crescimento em 2017. É o caso também do segmento de outros serviços, com queda por dois meses seguidos antes deste último mês de alta.
Por fim, um comentário a respeito do agrupamento especial referente às atividades de turismo. Na série com ajuste sazonal, desde outubro do ano passado esses serviços vêm apresentando crescimento, à exceção de um único mês, fevereiro de 2018, quando retrocedeu de modo acentuado (-4,1%). Ainda assim, nestes sete meses o nível de seu faturamento conseguiu progredir 3,3%.
A partir dos dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados pelo IBGE para o mês de abril, o volume de serviços prestados apresentou expansão de 1,0% frente ao mês de março de 2018, na série com ajuste sazonal. Em comparação com o mesmo mês do ano anterior (abril/2017) o crescimento foi de 2,2%. No acumulado de 12 meses observou-se retração de -1,4% e para o acumulado do ano queda de -0,6%.
Frente ao mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, quatro dos cinco segmentos analisados apresentaram variação positiva em relação a março de 2018: serviços profissionais, administrativos e complementares (1,7%), serviços prestados às famílias (1,5%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (1,2%) e outros serviços (0,7%). Para o segmento de serviços de informação e comunicação observou-se decréscimo de 1,1%. No segmento das atividades turísticas houve crescimento de 3,3% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Na comparação com abril de 2017, quatro dos cinco segmentos apresentaram expansão: outros serviços (11,4%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (4,4%), serviços profissionais, administrativos e complementares (2,7%) e serviços prestados às famílias (0,8%). Por outro lado, o setor de serviços de informação e comunicação apresentou retração de 1,6%. As atividades turísticas apresentaram variação positiva de 2,2% frente a abril de 2017, motivado principalmente pelo aumento de serviços de hotéis e de transporte aéreo.
No acumulado de doze meses (maio de 2017 a abril de 2018), somente no segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio houve expansão de 3,8%. Para os demais setores foram registradas retrações: serviços profissionais, administrativos e complementares (-4,6%), outros serviços (-4,1%), serviços de informação e comunicação (-2,7%) e serviços prestados às famílias (-0,1%). O volume de serviços das atividades turísticas variaram negativamente em -4,5%.
Na análise por unidade federativa, no mês de abril de 2018 comparado ao mesmo mês do ano anterior, observamos as maiores expansões nos estados do Espírito Santo (9,6%), Roraima (8,6%), Rio Grande do Sul (6,8%), Distrito Federal (5,3%), São Paulo (5,1%), Mato Grosso do Sul (4,7%) e Santa Catarina (4,0%). Em sentido oposto, as maiores retrações foram observadas no Acre (-17,1%), Bahia (-11,2%), Amapá (-8,5%), Paraíba (-8,4%), Rio Grande do Norte (-8,4%) e Sergipe (-8,1%).
Por fim, e ainda na análise por unidade federativa, na comparação do acumulado do ano com relação ao mesmo período do ano anterior houve crescimento em oito dos vinte e sete estados analisados: Roraima (3,8%), Espírito Santo (2,0%), São Paulo (1,6%), Mato Grosso (0,9%), Goiás (0,7%), Amazonas (0,3%), Rio Grande do Sul (0,3%) e Mato Grosso do Sul (0,1%). Nos outros estados foi observado decréscimos, sendo os maiores nos estados do Rio Grande do Norte (-10,3%), Acre (-8,7%), Pará (-8,3%), Ceará (-8,1%), Bahia (-7,4%), Tocantins (-7,0%), Piauí (-6,8%) e Alagoas (-6,2%).