Análise IEDI
Reação incompleta
Em junho, a recuperação industrial mostrou ter tido forças suficientes para superar as dificuldades criadas em maio pela paralisação dos caminhoneiros. Depois de uma queda de nada menos do que 11%, a produção avançou 13,1% em junho, já descontados os efeitos sazonais. Segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, algumas indústrias regionais conseguiram o mesmo feito, mas outras não tiveram tanta sorte.
O saldo de junho foi majoritariamente positivo, com 13 das 15 localidades acompanhadas pelo IBGE registrando variações positivas na série com ajuste sazonal. Este dado, assim como a disseminação da alta entre os setores, compõe um quadro de curto prazo bastante favorável, de retorno ao padrão normal de reativação do setor industrial.
Há que se considerar, contudo, que nem todos os parques industriais tiveram uma reação da magnitude necessária para compensar as perdas anteriores. É isso que evidencia a comparação, já corrigidos os efeitos sazonais, do nível de produção de junho com aquele de abril, isto é, antes dos efeitos negativos do episódio de maio.
Sob este critério, apenas 5 localidades tiveram um resultado melhor do que a média Brasil, que foi de +0,7%. Dentre elas, está São Paulo, cujo parque industrial é o maior e mais diversificado do país, com alta de 1,1%. Outras 3 localidades praticamente não saíram do lugar: Rio Grande do Sul (+0,2%), Nordeste (+0,1%) e Ceará (-0,1%). A maior parte, contudo, não conseguiu reaver integralmente a produção perdida. Foram 6 localidades em queda, como Amazonas (-5,3%), Rio de Janeiro (-4,7%) e Minas Gerais (-2,3%).
Em resumo, a reação veio, mas não para todos e não na intensidade necessária em muitos casos. Além disso, vale enfatizar que a perda de ímpeto do dinamismo que a indústria nacional vem demonstrando desde o início de 2018 também foi sentida por diversos parques regionais, inclusive dos mais importantes. Por isso, pode-se dizer que a reação foi incompleta.
Tomado o primeiro semestre de 2018 frente a igual período do ano anterior, o desempenho de 12 das 15 localidades foi inferior àquele do segundo semestre de 2017, na mesma comparação, como mostram as variações abaixo.
• Brasil: +4,0% em julho-dezembro de 2017 e +2,3% em janeiro-junho de 2018
• São Paulo: +6,7% e +4,8%, respectivamente;
• Rio de Janeiro: +4,6% e +3,4%;
• Rio Grande do Sul: -0,9% e +0,3%;
• Nordeste: +0,9% e -0,3%;
• Minas Gerais: +0,4% e -1,7%;
• Amazonas: +6,4% e +15,6%, respectivamente.
Três situações distintas caracterizam a maioria das indústrias regionais. A primeira delas segue a média Brasil, isto é, com desaceleração do crescimento em 2018, mas preservando, ainda assim, um dinamismo razoável. São os casos de Pará, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. A indústria paulista cresceu também cada vez menos trimestre após trimestre: +5,4% no 1º trim/18 e + 4,3% no 2º trim/18.
A segunda situação, diz respeito àqueles parques industriais cujo ritmo de crescimento em 2018 tem sido extremamente baixo, como Paraná (+1%) e Rio Grande do Sul (+0,3%). No primeiro caso, mais em função do declínio em janeiro-março. Já no segundo caso, desde o último trimestre do ano passado o desempenho vem se mantendo próximo de zero, chegando à plena estabilidade (0%) no segundo trimestre de 2018 ante o mesmo período do ano anterior.
A terceira situação é a mais grave, dado que houve retorno ao negativo. Registraram queda na produção na primeira metade do ano Goiás (-3,2%), Mato Grosso (-0,2%), Minas Gerais (-1,7%) e a Região Nordeste como um todo (-0,3%). Nestes dois últimos casos, o resultado positivo na segunda metade de 2017 já havia sido muito baixo (+0,4% e +0,9%, respectivamente), denotando que as dificuldades não vêm de agora.
Por fim, além destas três situações, há dois casos isolados que se destacam. Do lado negativo, Espírito Santo registrou perda de produção tanto no segundo semestre de 2017 (-1,1%) como no primeiro semestre de 2018 (-5,5%), com direito a uma deterioração digna de nota.
Do lado positivo, há Amazonas, em nítida trajetória de aceleração: +1,6% em jan-jun/17; +6,4% em jul-dez/17 e +15,6% em jan-jun/18. O vigoroso crescimento na primeira metade de 2018, contudo, corre o risco de não se perpetuar ao longo do ano, já que esteve muito concentrado apenas no primeiro trimestre (+24,3%). O resultado do segundo trimestre já foi bem mais modesto: +7,2% frente ao mesmo período do ano anterior.
A partir dos dados dessazonalizados, na passagem de maio para junho de 2018, a produção industrial brasileira apresentou expansão de 13,1%. Entre os 15 locais pesquisados, 13 registraram expansões sendo eles: Paraná (28,4%), Mato Grosso (25,6%), Goiás (20,8%), Rio Grande do Sul (17,0%), Santa Catarina (16,8%), São Paulo (14,8%), Pernambuco (13,5%), Nordeste (12,3%), Bahia (11,6%), Minas Gerais (7,1%), Ceará (6,8%), Pará (2,8%) e Rio de Janeiro (2,2%). De outro lado, os estados que apresentaram retração foram: Amazonas (-4,3%) e Espírito Santo (-2,0%).
Analisando em relação a junho de 2017, houve crescimento de 3,5% da indústria nacional, sendo que 11 dos 15 locais pesquisados registraram variações positivas, sendo eles: Pará (13,3%), Pernambuco (10,0%), Paraná (9,7%), Bahia (9,0%), Nordeste (6,6%), Amazonas (4,2%), São Paulo (4,0%), Santa Catarina (3,5%), Rio de Janeiro (2,2%), Rio Grande do Sul (1,1%) e Minas Gerais (0,4%). Para os demais estados observaram-se retrações, sendo elas no Espírito Santo (-7,3%), Ceará (-3,6%), Goiás (-2,1%) e Mato Grosso (-0,1%).
Acumulado do ano (janeiro a junho de 2018), observou-se expansão de 2,3% em termos nacionais, com acréscimos na produção em 10 dos 15 estados pesquisados. Para as principais expansões, temos os estados do Amazonas (15,6%), Pará (7,9%), São Paulo (4,8%), Santa Catarina (3,9%), Rio de Janeiro (3,4%), Pernambuco (3,4%), Paraná (1,0%), Bahia (0,4%), Ceará (0,3%) e Rio Grande do Sul (0,3%). Por outro lado, os estados que apresentaram decréscimos foram, Espírito Santo (-5,5%), Goiás (-3,2%), Minas Gerais (-1,8%), Nordeste (-0,3%) e Mato Grosso (-0,2%).
São Paulo. Na comparação com o mês de maio de 2018, a produção da indústria paulista apresentou crescimento de 14,8%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a junho de 2017, houve crescimento de 4,0%. No entanto, aAnalisando os dados acumulados de janeiro a junho de 2018, tivemos aumentos nos seguintes setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (16,0%), metalurgia (14,1%), máquinas e equipamentos (11,1%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (9,9%) e coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (5,9%). Por outro lado, os cinco setores que apresentaram retrações foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-13,6%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-11,1%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-4,7%), celulose, papel e produtos de papel (-1,9%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-0,6%).
Espírito Santo. Na comparação com o mês de maio de 2018, a produção da indústria capixaba apresentou decréscimo de -2,0%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a junho de 2017, houve retração de 7,3%. No acumulado do ano a indústria apresentou a maior retração dos estados brasileiros (-5,5%), sendo que o único setor com contribuição positiva foi: metalurgia (2,3%). Por outro lado, os cinco demais setores que apresentaram variações negativas foram: produtos de minerais não-metálicos (-19,4%), celulose, papel e produtos de papel (-10,4%), indústria de transformação (-6,8%), produtos alimentícios (-4,4%) e indústrias extrativas (-4,1%).
Amazonas. Na comparação com o mês de maio de 2018, a produção da indústria amazonense apresentou variação negativa de 1,1%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a junho de 2017, houve incremento de 4,2%. Por fim, os setores com os maiores incrementos (acumulado janeiro a junho de 2018) foram: equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (30,0%), bebidas (26,6%), outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (17,1%), indústria de transformação (16,6%) e impressão e reprodução de gravações (11,5%). Por fim, as maiores quedas foram em: máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-13,9%) e produtos de borracha e material plástico (-6,7%).