|
|
Com o terceiro resultado positivo consecutivo, confirma-se a retomada
da produção da indústria brasileira neste
ano. De fato, de acordo com os dados divulgados hoje pelo IBGE,
após crescer 0,3% e 2,0%, respectivamente, em janeiro e
fevereiro, a produção industrial aumentou 0,5% em
março – todas as taxas calculadas com relação
ao mês imediatamente anterior a partir da série com
ajuste sazonal. Este resultado de março foi “puxado”
pelo desempenho da produção dos setores de bens
de capital (3,4%) e de bens duráveis (4,1%), o que reflete
a manutenção dos investimentos produtivos (no caso
dos bens de capital) e o crédito favorável (no caso
dos bens duráveis) no País.
O sinal positivo
da produção industrial também é confirmado
em outras comparações. Ao se tomar o primeiro trimestre
deste ano e compará-lo com o trimestre imediatamente anterior
ou com os três primeiros meses de 2010, observa-se que a
produção aumentou 1,3% e 2,3%, nessa ordem. Vale
destacar, nesta segunda comparação, a forte influência
dos bens de capital e bens duráveis, cujas produções
cresceram, respectivamente, 8,4% e 5,0%. Esses dados reforçam
o argumento acima de que os investimentos e o crédito continuam
fortes na economia brasileira neste início de ano.
No entanto,
o comportamento da indústria neste ano merece algumas qualificações.
Primeiro, deve-se considerar que a evolução da produção
no período de janeiro a março sucedeu um momento
muito ruim da indústria nacional: de abril a dezembro do
ano passado (portanto, durante nove meses), a indústria
apresentou crescimento acumulado diminuto, de apenas 0,8%. Ou
ainda, no ano passado, a produção caiu 0,4% no terceiro
trimestre e ficou estagnada no quarto trimestre (0,0%) –
taxas calculadas a partir da série que compara trimestre
com trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal. Assim,
o crescimento de 1,3% no primeiro trimestre deste ano com relação
ao quarto de 2010 se deve muito a um baixo nível de produção
com o qual se está comparando.
Segundo, o
resultado positivo da indústria em geral está refletindo
o desempenho de alguns poucos segmentos da atividade industrial.
Por exemplo, o crescimento de 2,3% no período janeiro-março
deste ano frente ao mesmo período de 2010 se deve, em grande
medida, aos aumentos da produção da indústria
extrativa e, sobretudo, da produção de veículos
automotores. Esses dois segmentos colaboraram com 0,75 ponto percentual
e 1,06 p.p., respectivamente, na composição daquela
taxa (2,3%).
Enfim, a análise
dos dados do IBGE permite dizer que a indústria mudou seu
comportamento neste início de ano. Mas isso não
significa que sua trajetória é acelerada ou mesmo
robusta. As condições que fizeram a indústria
brasileira patinar a partir do segundo trimestre de 2010 ainda
estão postas. Parece que houve uma “acomodação”
da forte onda de bens importados vista no ano passado, o que abriu
algum espaço para esse avanço da produção
nacional neste início de ano. A dificuldade para se pensar
qual será a trajetória da indústria nos próximos
meses é que as novas apreciações do real
podem levar a uma nova onda de importações, que
virão não somente para complementar o que se produz
domesticamente, mas em condições ainda mais favoráveis
de substituir a produção nacional.
|
Segundo dados divulgados pelo IBGE, a produção industrial
de março registrou variação positiva de 0,5% frente
a fevereiro na série livre de influências sazonais, após
ter apresentado avanço de 2,0% no mês anterior. Acumulou-se,
assim, em três meses de expansão, ganho de 2,8%. Dessa forma,
a indústria acumulou acréscimo de 2,3% no primeiro trimestre
do ano em comparação ao mesmo período de 2010. O
indicador acumulado dos últimos doze meses frente a igual período
imediatamente anterior apresenta variação positiva (6,8%),
menos intensa se comparado as variações dos oito meses anteriores.
No confronto frente
a fevereiro, todas as categorias de uso, exceto bens intermediários
(–0,2%) assinalaram taxas positivas de variação. Os
bens de consumo duráveis (4,1%) e de capital (3,4%) registraram
os maiores avanços dentre as categorias. A produção
de bens semiduráveis e não duráveis apresentou avanço
de 1,0%. Na comparação com março de 2010, a indústria
registrou recuo de 2,1%, com queda em todas categorias de uso. Por ordem
de magnitude, o recuo foi maior na produção de bens de consumo
duráveis (–5,2%) e bens de consumo semi e não duráveis
(–3,7%), enquanto bens intermediários (–0,4%) e bens
de capital (–0,1%) assinalaram perdas menos intensas.
No acumulado do primeiro
trimestre deste ano com relação a igual período de
2010, todas as categorias apresentaram alta. A liderança, nesta
comparação, continua dos bens de capital, com um crescimento
de 8,4% em 2011. As demais categorias apresentaram o seguinte desempenho:
bens de consumo duráveis (5,0%), bens intermediários (1,6%)
e bens semiduráveis e não-duráveis (0,3%). No acumulado
dos últimos 12 meses, por sua vez, a tendência de maior avanço
dos bens de capital mantém-se (16,5%). Os bens intermediários
assinalaram crescimento de 7,2%, enquanto os bens de consumo duráveis
e os semi e não duráveis registraram acréscimo de
5,5% e 3,2%, respectivamente.

Setorialmente, na passagem entre fevereiro e março do presente
ano, foi observada alta da produção em treze das vinte e
sete atividades pesquisadas pelo IBGE que têm séries sazonalmente
ajustadas – o que resultou no acréscimo de 0,5% da produção
geral. Colaboraram para esse resultado os desempenhos dos setores: material
eletrônico e equipamentos de comunicações (10,1%),
máquinas e equipamentos (1,8%), calçados e artigos de couro
(9,2%), outros equipamentos de transporte (3,6%), produtos de metal (2,5%)
e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,9%). As principais
pressões negativas ficaram com alimentos (–3,9%), equipamentos
médico-hospitalares, ópticos e outros (–9,2%), indústrias
extrativas (–1,9%), perfumaria, sabões e produtos de limpeza
(–6,0%) e bebidas (–2,8%).
No confronto com mesmo
mês do ano anterior, o decréscimo de 2,1% deveu-se a variações
negativas de dezessete ramos pesquisados. Os maiores impactos vieram de
outros produtos químicos (–8,6%), edição e
impressão (–12,9%), têxtil (–15,7%), bebidas
(–9,7%), máquinas para escritório e equipamentos de
informática (–14,8%) e alimentos (–2,1%). Por outro
lado, as maiores contribuições positivas vieram de: refino
de petróleo e produção de álcool (13,8%),
metalurgia básica (2,6%), equipamentos médico-hospitalares,
ópticos e outros (14,0%) e outros equipamentos de transporte (5,7%).
No acumulado do primeiro
trimestre de 2011, o crescimento de 2,3% na produção industrial
total deveu-se, em grande parte, à contribuição dos
setores de veículos automotores (10,0%), máquinas e equipamentos
(4,5%), outros equipamentos de transporte (13,3%), refino de petróleo
e produção de álcool (4,5%), equipamentos médico-hospitalares,
ópticos e outros (23,2%), indústrias extrativas (3,3%) e
minerais não metálicos (4,6%). Entre os nove ramos com queda
na produção destacaram-se outros produtos químicos
(–5,3%), têxtil (–10,4%) e edição e impressão
(–4,8%).






|
|