|
|
O crescimento de 0,4% do PIB no segundo trimestre deste ano deve
ser comemorado, porém de forma reservada. Ele apresenta
uma melhora em relação ao primeiro trimestre, (+0,1%).
O principal fator da evolução veio da agropecuária
cujo valor agregado teve forte aumento (4,9%), que, no entanto,
apenas compensou parcialmente o declínio ainda mais forte
do primeiro trimestre de 2012 (5,9%), o fator destacado para deprimir
o PIB daquele trimestre.
Quanto ao
valor agregado da indústria, este voltou a puxar para baixo
o desempenho da economia. Houve queda de 2,5% no segundo trimestre
– taxas sempre em relação ao trimestre imediatamente
anterior com ajuste sazonal – contra um surpreendente aumento
de 1,7% no primeiro trimestre. O resultado reflete as quedas dos
valores agregados da indústria de transformação
(–2,5%), da indústria extrativa (–2,3%) e da
construção civil (–0,7%), enquanto o valor
agregado de produção e distribuição
de eletricidade, gás e água, aumentou 1,6%.
Sobre o desempenho
negativo da indústria de transformação cabe
acrescentar que, apesar de ter uma participação
cada vez menor na economia, vem determinando fortemente o PIB
global. Ou seja, dados seus efeitos sobre os demais setores da
economia, a transformação sozinha vem influenciando
mais do que proporcionalmente o resultado do PIB. É a transformação
que não deixa o PIB deslanchar, seja diretamente por causa
de seu fraco desempenho, seja indiretamente por diminuir a demanda
dos outros setores econômicos.
Quanto à
construção civil, a queda de 0,7% é preocupante,
já que as atividades desse setor vinham sendo um esteio
não somente para os resultados da indústria, mas
também para a economia como um todo.
Por sua vez,
o setor de serviços confirmou ser o sustentáculo
do crescimento da economia brasileira. Com aumento de 0,7% no
segundo trimestre (terceira taxa positiva consecutiva), esse setor
acumula crescimento de 1,5% no primeiro semestre deste ano contra
igual período de 2011. Vale observar que, nessa comparação,
o PIB cresceu 0,6%, com a agropecuária e a indústria
em geral declinando 3,0% e 1,2%, respectivamente.
Pelo lado
da demanda, os investimentos (Formação Bruta de
Capital Fixo) caíram 0,7% no segundo trimestre, um resultado
evidentemente negativo, mas não tanto quanto o do primeiro
trimestre (–1,5%, taxas relativas ao trimestre imediatamente
anterior com ajuste sazonal). A expectativa é a de que
no segundo semestre, especialmente no quarto trimestre, os investimentos
voltem a apresentar um quadro mais favorável e possam fazer
frente à queda de 2,9% registrada no primeiro semestre.
O destaque
negativo do lado da demanda é o resultado especialmente
ruim das exportações brasileiras. O revés
de 3,9% no segundo trimestre frente ao trimestre imediatamente
anterior (com ajuste sazonal) é o maior desde o primeiro
trimestre de 2009 (–10,4%), quanto a economia sofria os
efeitos da crise financeira internacional. O fato é que
as exportações vêm apresentando menor vigor
desde o início deste ano, a despeito do câmbio mais
favorável. Isto é decorrência da nova crise
econômica que está ocorrendo nas principais economias
do mundo e da menor capacidade de concorrência do produto
fabricado no Brasil em mercados do exterior.
O ponto acima
deve ser sublinhado. O fraco desempenho das exportações
ajuda a entender o momento adverso pelo qual passa a indústria
brasileira. Se os produtos importados vêm disputando acirradamente
o mercado doméstico com os produtos nacionais, ou ainda,
se eles vêm reduzindo na prática o mercado interno
dos produtores domésticos, agora, diante de mercados externos
fracos e da falta de competitividade do produto nacional, a exportação
da indústria brasileira também encolheu. Esse duplo
movimento vem comprometendo a evolução da indústria,
mas as causas, o que está por trás, do fraco desempenho
da indústria nacional já são bem conhecidas
e podem ser sintetizadas na sua falta de competitividade –
decorrente do alto custo de se produzir no País e da baixa
produtividade da economia.
|
Segundo dados divulgados pelo IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo
trimestre de 2012 atingiu os R$1,1 trilhão a preços de mercado.
O índice trimestral com ajuste sazonal, por sua vez, assinalou
frente ao trimestre imediatamente anterior um incremento de 0,4%. Frente
ao segundo trimestre de 2011, o PIB brasileiro assinalou alta de apenas
0,5%. No acumulado do ano, o PIB brasileiro acumulou um avanço
de 0,6%, enquanto nos últimos quatro trimestres, o crescimento
foi de 1,2%.
Do ponto de vista
da oferta, na comparação com o primeiro trimestre de 2012
com dados livres dos efeitos da sazonalidade, a atividade Agropecuária
teve crescimento de 4,9% no volume do valor adicionado. Nos Serviços,
houve aumento de 0,7%, enquanto a Indústria registrou queda de
2,5%.
Em relação
ao segundo trimestre de 2011, a Agropecuária cresceu 1,7% devido
ao desempenho de produtos da lavoura como milho (27,0%), café (4,9%)
e algodão (4,9%). A Indústria voltou a registrar taxa negativa
(–2,4%), com queda de 5,3% da Indústria de transformação
– com destaque negativos para os resultados setoriais de materiais
eletrônicos e equipamentos de comunicações; veículos
automotores; artigos do vestuário e calçados; produtos farmacêuticos;
e máquinas e materiais elétricos. A indústria extrativa
também registrou queda (–1,8%). O valor adicionado dos Serviços
assinalou alta de 1,5% na mesma comparação, impulsionada
pelas atividades de Administração, saúde e educação
pública (3,3%), Serviços de informação (2,6%),
intermediação financeira e seguros (1,8%), Serviços
imobiliários e aluguel (1,4%), Outros serviços (1,0%) e
comércio (0,2%).
O PIB acumulado nos
quatro trimestres terminados no segundo trimestre de 2012 apresentou crescimento
de 1,2% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
O resultado dentre os setores foi: Agropecuária (1,5%), Indústria
(-0,4%) e Serviços (1,6%).
Pela ótica
da demanda, na passagem do primeiro trimestre de 2012 para o segundo trimestre
de 2012, com dados dessazonalizados, contribuindo para o avanço
de 0,4% do PIB, atuou, principalmente, a Despesa de Consumo da Administração
Pública e a Despesa de Consumo das Famílias, que cresceram,
respectivamente, 1,1% e 0,6%. A Formação Bruta de Capital
Fixo, por sua vez, teve queda de 0,7%. Em relação ao setor
externo, as importações de bens e serviços cresceram
1,9%, enquanto as exportações tiveram queda de 3,9%.
Na comparação
com o período que englobou os meses de abril a junho de 2011, a
despesa de consumo das famílias apresentou crescimento de 2,4%,
impulsionado pelo aumento o crescimento da massa salarial e aumento do
crédito. A FBKF registrou queda de 3,7%, puxada pela queda da produção
interna de máquinas e equipamentos. O consumo do governo, por sua
vez, cresceu 3,1% na comparação com o mesmo período
de 2011. No setor externo, as importações mantiveram ritmo
de crescimento (1,6%), enquanto que as exportações registraram
queda de 2,5%.
Na comparação
dos quatro trimestres terminados no segundo trimestre de 2012, o consumo
das famílias cresceu 2,5%, seguido pelo consumo do governo (2,2%).
A Formação Bruta de Capital Fixo novamente registrou queda
(–0,3%). Em relação a demanda externa, tanto as exportações
(2,8%) como as importações (5,0%) apresentaram crescimento.

Participação
no PIB. Pela
ótica da oferta, entre o primeiro trimestre de 2012 e o segundo
trimestre de 2012, destaca-se o setor Agropecuário, que partiu
de uma participação de 4,3% e chegou a 6,0%. A indústria,
por sua vez, reduziu sua participação de 22,2% para 21,9%.
Todos os setores, exceto a indústria extrativa (de 3,4% para 3,8%)
seguiram essa mesma tendência. O setor de serviços, o de
maior peso no valor total do PIB, perdeu 1,0 p.p. ,obtendo participação
de 57,3% no segundo trimestre.
Já, pela ótica
da demanda, o maior destaque no segundo trimestre foi o Consumo do Governo,
que obteve aumento de 1,0 p.p. em relação ao PIB. O maior
componente continua sendo o Consumo das Famílias com 61,0% do PIB,
seguido pelo Consumo do Governo (20,7%) e FBKF (17,9%).







|
|