IEDI na Imprensa - Brasil é vítima de populismo fiscal e cambial, diz Bresser-Pereira
Valor Econômico
Estevão Taiar e Luciano Máximo
O ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP-FGV), afirmou nesta segunda-feira que “populismo fiscal e populismo cambial” são causas da dificuldade que o Brasil tem para crescer com consistência. “O que eu chamo de semiestagnação da economia, algo que ocorre desde 1990”, disse o economista, durante painel que discutiu política cambial no 14º Fórum de Economia da EESP-FGV.
Notável crítico de políticas econômica e monetária que mantêm o real valorizado em relação ao dólar e adepto do desenvolvimentismo, Bresser-Pereira também voltou seu descontentamento à recente situação dramática das contas públicas do país, que acaba relacionada com um tradicional alvo de ataques do economista: a taxa de juro elevada. “A irresponsabilidade fiscal dos governos reduz o crédito do Estado, e eles acabam insistindo em juros altos para atrair capital.”
Para o diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EESP-FGV), Yoshiaki Nakano, a falta de soluções óbvias para a crise econômica é positiva para o Brasil. “Fico um pouquinho mais otimista do que há 14 anos, porque todas as categorias chegam à conclusão de que não há solução [simples]”, disse em debate no 14º Fórum de Economia da FGV.
“Ninguém tem a solução para o país, e isso é ótimo, porque temos que deixar os paradigmas de lado e pensar de uma maneira nova.” Ele afirmou que é preciso “fazer grandes e drásticas reformas”, mas que a principal delas é “a do Estado”.
“O que vivemos hoje é que o Estado está em crise. É a Procuradoria-Geral [da República] brigando com o Supremo [Tribunal Federal], o Supremo brigando com a Polícia Federal, o Congresso, juiz de primeira instância. Não é só uma crise total de lideranças políticas, o próprio Estado está degringolando”, afirmou.
Também presente no debate, o presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento (IEDI), Pedro Wongtschowski, defendeu que o sistema regulatório brasileiro seja reforçado neste momento em que o governo federal propõe um amplo processo de privatizações e concessões. “Estão se criando poderosas empresas privadas” que precisam ser devidamente fiscalizadas, afirmou.