IEDI na Imprensa - A volta do PIB perdido será lenta
O Globo
Míriam Leitão
Um estudo do IEDI estima que as perdas com os 13 trimestres de recessão só serão recuperadas a partir de
2019. Esse é o melhor dos cenários. Na prática, pode ser ainda mais demorada a retomada.
A projeção, divulgada pelo GLOBO, considera o ritmo de recuperação de outras grandes crises na economia brasileira. O futuro teria que repetir o passado, o que provavelmente não acontecerá.
Em 1981, o PIB caiu 4,3%; em 1982 ficou ligeiramente positivo e caiu novamente em 1983: -2,9%. A reversão começou no ano seguinte. A economia avançou 5,4%, depois mais 7,8%, e em 1986 saltou 7,5%. No começo da década seguinte, o país perdeu 4,3% em 1990, ficou quase estável no ano seguinte, caiu em 1992 para no ano seguinte avançar 4,9%, mais 5,9% em 1994 e outros 4,2% em 1995.
A economia se recuperava muito rapidamente. Dessa vez é diferente. A queda em sequência foi mais aguda, mais de 3% em 2015 e em 2016. E hoje ninguém prevê um salto forte agora como houve nas outras saídas de crise. Para os próximos anos, as estimativas são de alta em torno de 2,5% ao ano. Mas no meio do caminho tem uma eleição. Os próprios especialistas consideram que um governo populista a partir de 2019, que proponha aumento dos gastos, pode provocar um novo voo de galinha, um curto período de crescimento
seguido por um colapso.
O crescimento sustentável é atrapalhado pelo baixo investimento, que despencou 29% nessa crise. A queda livre torna a retomada mais penosa e lenta. Se o projeto a ser eleito em 2018 desconsiderar a necessidade dos ajustes nos gastos, a incerteza vai contaminar o processo de recuperação da economia.