IEDI na Imprensa - Indústria de SP sobe, mas opera no nível de 2004
Valor Econômico
Bruno Villas Bôas
Principal parque fabril do país, o Estado de São Paulo produziu 0,7% a mais de bens industriais em novembro, na comparação a outubro, e puxou a indústria nacional para o campo positivo no mês (0,2%). Quando comparado a novembro de 2016, o crescimento em São Paulo foi de 7,1%. Com todo avanço, a indústria local segue operando em níveis baixos, semelhantes aos registrado em 2004.
Conforme a Pesquisa Industrial Mensal - Regional (PIM-Regional), divulgada ontem pelo IBGE, a produção industrial em São Paulo cresceu em 14 das 18 atividades investigadas pelo instituto. Entre os setores com destaque positivo, na base de comparação a novembro de 2016, estão veículos (17,2%), produtos de refino e biocombustíveis (15,1%) e metalurgia (20,7%).
Para calcular o nível de atividade do setor, o IBGE tem como referência a média produção de 2012, considerada a base 100. Em novembro de 2017, o número-índice da indústria paulista estava em 86,2. Isso significa que o nível da produção do setor em São Paulo era inferior à média de 2012 e semelhante ao registrado em agosto de 2004 (86,8) e dezembro de 2008 (84,2).
"A indústria de São Paulo está 19,7% abaixo de seu pico histórico de produção, que foi registrado em março de 2011. Isso dá um pouco da dimensão do tamanho da perda que o setor teve ao longo dos anos de crise, em 2014, 2015 e 2016", disse André Macedo, gerente da coordenação de Indústria do IBGE.
Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), diz que, apesar do baixo patamar de produção, o parque fabril de São Paulo está entre os que tiveram desempenho mais consistente ao longo do ano, com crescimento em oito dos 11 meses do ano, considerando as variações na margem, com ajuste.
Segundo ele, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro também tiveram comportamento mais consistente de recuperação da indústria, por diferentes fatores. Apesar disso, Cagnin considera que a indústria nacional, na média, permanece com uma dinâmica fraca e frágil de recuperação da atividade, o que seria algo esperado para o início do ciclo de recuperação.
"O teste de fogo do setor será o período eleitoral, que tem potencial para trazer instabilidade no câmbio e nos juros. Após a eleição, espera-se que o nivel de incerteza tenha redução e que a recuperação continua na direção correta, mesmo que de forma lenta", disse o economista, que não faz previsões para o desempenho do setor.
Em novembro, oito de 14 locais pesquisados pelo IBGE apresentaram alta da produção frente a outubro. Além de São Paulo, que pesa 35% na pesquisa, o avanço de 2,4% da produção de Minas Gerais foi destaque no mês. O maior avanço percentual foi no Espírito Santo, de 5,8% por essa base de comparação.
Para Macedo, do IBGE, o equilíbrio de resultados positivos e negativos - oito de 14 locais pesquisados - reforça a sensação de estabilidade no desempenho da indústria nacional em novembro, ao lado da alta de apenas 0,2% no mês. Na comparação a novembro de 2016, a expansão alcançou 14 dos 15 locais.