IEDI na Imprensa - Com que roupa?
O Globo
Alvaro Gribel
Quando o assunto é Henrique Meirelles, está cada vez mais difícil separar o ministro do pré-candidato à Presidência. Com a agenda econômica esvaziada pela impossibilidade de votação da reforma da Previdência, Meirelles disse que o governo pode rever a fórmula de reajuste da gasolina. Só há duas opções nesse caso: a Petrobras subsidiar o combustível e ter prejuízo, como aconteceu no governo Dilma, ou o consumidor encher o tanque tendo como referência a cotação internacional. A ideia de buscar um meio termo parece contabilidade criativa. Não faz sentido para o ministro, mas tem tudo a ver com o pré-candidato.
Peso dos impostos
A Petrobras se viu obrigada a negar em nota, porque mudar a fórmula pode afetar a cotação da empresa. Na segunda-feira, a companhia rompeu a barreira dos R$ 300 bilhões em valor de mercado. Na época do preço controlado, ela chegou a valer R$ 67 bi. Já a análise dos preços da gasolina nas refinarias mostra que pouca coisa mudou em um ano. Segundo dados da ANP, o litro valia R$ 1,52 em 26 de fevereiro de 2017. Em 25 de fevereiro deste ano, estava cotado a R$ 1,54. Alta de 0,08%. Nas bombas, o aumento foi de 12%. Um dos culpados, diz a consultoria CBIE, são os impostos, que subiram no período. Em julho de 2017, a alíquota de PIS/Cofins mais do que dobrou, de R$ 0,38 para R$ 0,79 o litro, e houve aumento de ICMS por vários governos estaduais.
Último a chegar
Depois dos setores de máquinas e calçados, foi a vez da indústria automotiva dizer que não pretende fazer grandes contratações este ano. A justificativa é a mesma: o nível de emprego caiu menos do que a produção, durante a crise, e agora as empresas devem se recuperar mantendo o quadro atual de funcionários. Todos elogiam a reforma trabalhista, mas, por ora, ninguém aponta a mudança na legislação como indutor na geração de vagas.
Mas de volta ao azul
No primeiro bimestre, o setor automotivo abriu quase 3 mil vagas, com crescimento de 2,5% no emprego em relação a 2017. A expectativa é chegar no final do ano com esse ritmo de crescimento, frente a uma alta de 13% na produção. No setor eletroeletrônico, houve abertura de 2,7 mil postos de trabalho em janeiro e a previsão é empregar mais 3,2 mil até dezembro, o que daria um aumento anual também de 2,5% no nível de emprego. Se os números ainda estão longe do período pré-crise, pelo menos já voltaram ao azul.
Indústria oscila
Os economistas fazem a comparação com o mesmo mês de 2017 para dizer que o crescimento da indústria é sólido. Em janeiro de 2018, houve aumento de 5,7% sobre janeiro do ano passado. Mas, segundo análise do IEDI, preocupa muito a oscilação “na ponta”. Houve queda de 2,4% sobre dezembro, o que indica que a indústria continua patinando. O gráfico abaixo mostra como a queda foi muito mais rápida e intensa do que a recuperação atual.
SEM REFORMA I. Segundo sondagem da Abramat, de janeiro para fevereiro caiu de 19% para 5% o percentual de empresas que confiam em ações do governo para estimular a construção civil.
SEM REFORMA II. Também caiu o percentual de empresas da construção que pretendem investir. Era 70% em dezembro e foi para 60% em fevereiro.
(COM MARCELO LOUREIRO)