IEDI na Imprensa - Caixa reduz taxa de juros para financiar casa própria
Folha de São Paulo
Banco aumenta de 50% para 70% a cota de empréstimo para imóvel usado
Natália Portinari
Redução no custo do crédito habitacional vem com atraso em relação às demais instituições do mercado
A Caixa Econômica Federal anunciou, nesta segundafeira (16), uma redução na taxa de juros para financiar a casa própria. O banco também voltou a financiar até 70% do valor de imóveis usados; o limite estava em 50%.
É o primeiro corte feito pelo banco desde novembro de 2016, ou seja, em 17 meses.
O corte dos juros vale para financiamentos com recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo). As taxas começam a valer a partir desta segunda.
As taxas mínimas da Caixa na linha do SBPE caíram de 10,25% ao ano para 9% ao ano para imóveis de até R$ 950 mil no Distrito Federal, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Para os demais estados, o limite é de R$ 800 mil. Já para imóveis acima desses valores, as taxas mínimas caíram de 11,25% ao ano para 10%.
O Banco do Brasil oferece, respectivamente, taxas de 9,24% e 10,15% ao ano para as categorias citadas acima. No Itaú, são 9% e 9,5%.
Com a mudança, a Caixa se torna a instituição com a melhor taxa para o consumidor. Itaú e Bradesco empatam em segundo lugar, segundo a consultoria Melhor Taxa.
A redução vem com atraso em relação aos concorrentes privados, que começaram a reduzir as taxas à medida que o Banco Central passou a cortar a Selic, taxa básica de juros da economia. Entre as maiores instituições do país, a Caixa era a única que ainda cobrava juros de dois dígitos no crédito imobiliário. CAPITALIZAÇÃO Com os níveis de capital enfraquecidos após anos de fortes desembolsos de crédito num país em recessão, a Caixa luta para elevar seus níveis de patrimônio líquido, à medida que se prepara para exigências de capitalização mais rígidas em 2019.
Como consequência, a carAlém teira de crédito da Caixa fechou 2017 com retração de 0,4%. Para 2018, a previsão do banco é de estabilidade.
“A Caixa estava praticando as taxas mais caras do mercado. No ano passado, o banco estava se debatendo para conseguir resolver sua capitalização e não conseguiu liberar crédito”, diz Alberto Ajzental, professor de mercado imobiliário da FGV (Fundação Getulio Vargas).
da redução de juros, a Caixa aumentou o limite para financiar imóveis usados de 50% para 70% e retomou o financiamento de operações de interveniente quitante (imóveis com produção financiada por outros bancos) com cota de até 70%.
“O objetivo da redução é oferecer as melhores condições para os nossos clientes, além de contribuir para o aquecimento do mercado imobiliário e suas cadeias produtivas”, diz Nelson Antônio de Souza, presidente da Caixa, em nota.
Em novembro de 2017, a Caixa perdeu a liderança no financiamento com recursos da poupança, que detinha até o mês anterior, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).
A instituição que mais emprestou na linha SBPE naquele mês foi o Itaú, seguido do Santander, Bradesco e, em quarto lugar, a Caixa.
Em fevereiro deste ano, o banco ficou em segundo lugar, direcionando R$ 783 milhões para esse tipo de financiamento imobiliário, só atrás do Bradesco, com R$ 1 bilhão.
A economia ficou praticamente em ponto morto em fevereiro na comparação com janeiro, reforçando as suspeitas de que a recuperação neste ano se dará de forma mais lenta do que o imaginado.
O IBC-Br, indicador do BC (Banco Central) que foi construído para simular o comportamento do PIB (Produto Interno Bruto), teve expansão de apenas 0,09% no mês retrasado, segundo foi divulgado nesta segunda (16).
O indicador veio abaixo da média das expectativas. O mercado já previa uma alta modesta por causa dos resultados decepcionantes para o mês da produção industrial, comércio e serviços.
Esses números são influenciados, principalmente, pelo fato de que a geração de empregos está se dando com mais força no mercado informal de trabalho. Ou seja, vagas sem carteira assinada, que não dão a confiança necessária para uma retomada vigorosa do consumo.
“Na indústria, o que mais cresceu foram bens de consumo duráveis, que dependem mais de crédito do que de renda”, diz Rafael Cagnin, economista-chefe do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Se o consumo como motor do crescimento demora a engrenar, uma retomada estimulada por investimentos é pouco provável.
Ainda com folga para produzir, e em um cenário incerto de eleição presidencial, não há expectativa de alta expressiva de investimentos do setor privado. No setor público, a crise fiscal impede qualquer novo gasto. Por essas razões, analistas revisam para baixo suas projeções para o PIB de 2018.
De acordo com o último boletim Focus, também do BC, a projeção média é de um crescimento da economia brasileira de 2,76%. Há quatro semanas, a expectativa era de uma alta de 2,83%.
Apesar disso, economistas ainda dizem acreditar que é cedo para revisar para baixo as expectativas. “Não vemos sinais mais preocupantes que alterem nosso diagnóstico. Temos um cenário externo benigno, alta da massa salarial e juros em queda”, diz Leonardo Carvalho, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
“Continuamos a projetar uma tendência firme de recuperação”, diz Rodolfo Margato, economista do Santander. “Talvez reavaliemos a velocidade da recuperação, mas é improvável uma reversão dos indicadores.”