IEDI na Imprensa - Resultado de São Paulo puxou queda da indústria em janeiro, mostra IBGE
Valor Econômico
Bruno Villas Bôas
Maior parque industrial do país, o Estado de São Paulo foi o principal responsável pela queda da produção da indústria brasileira no início do ano. A produção local recuou 1,8% em janeiro, frente a dezembro, impactada pelos resultados mais fracos dos setores farmacêutico e de alimentos, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado ocorre após três meses consecutivos de crescimento da produção paulista - outubro (+0,2%), novembro (+0,7%) e dezembro (+1%), todas acima da média nacional nesse período. O nível de produção paulista está, contudo, 5,3% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado.
Segundo Bernardo Almeida, analista da Coordenação de Indústria do IBGE, a produção de remédios ficou menor em janeiro por causa da convocação de férias coletivas em uma grande empresa do setor. "É uma empresa também com fábrica no Rio de Janeiro, o que ajudou também a explicar a queda de 1,3% da produção fluminense", disse.
O resultado geral de São Paulo só não foi pior porque as montadoras locais de incrementaram o ritmo de produção em janeiro, na contramão do restante do país. O IBGE não detalha variações de atividade por unidade da federação na "margem", por falta de deflatores. Na média nacional, a produção de veículos teve queda 0,5% em janeiro.
A produção industrial nacional teve queda de 0,8% na passagem de dezembro para janeiro, com ajuste sazonal, como divulgado pelo IBGE na quarta-feira. Ontem, o instituto detalhou esse resultado pelas unidades de federação. A boa notícia é que, dos 15 locais acompanhados pelo IBGE, apenas seis tiveram queda no primeiro mês do ano.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) o resultado de janeiro foi bastante negativo para São Paulo. O instituto chama atenção para a queda interanual (-5,3%) e para a disseminação das quedas enter seus ramos: em média, 67% dos itens ficaram no terreno negativo em novembro de 2018 e em janeiro, sobretudo alimentos, informática e eletrônicos.
"Sudeste e o Nordeste claramente contribuíram para a interrupção da recuperação industrial. A região Sul, por sua vez, caminhou na direção oposta. Ainda que alguns de seus Estados tenham passado recentemente por períodos de menor dinamismo", acrescentou o IEDI.
No outro extremo da pesquisa, a produção da indústria do Amazonas cresceu 5,2% em janeiro, frente a dezembro. Segundo Almeida, duas atividades puxaram esse crescimento: bebidas e equipamentos de informática, eletrônico e ópticos. Pernambuco (+3%), Rio Grando do Sul e Goiás (ambos com +2,6%) também foram destaques positivos.