IEDI na Imprensa - Operações com empresas mostram melhora
Valor Econômico
Talita Moreira, Álvaro Campos e Sérgio Tauhata
O crédito a empresas mostrou novos sinais de melhora, visíveis na alta das concessões de recursos em fevereiro. No entanto, o aumento do risco político pode atrapalhar esse processo, já que a reforma da Previdência tem sido apontada pelos bancos como fator essencial para as companhias desengavetarem investimentos.
Para o Goldman Sachs, a expectativa é que o crédito continue a se recuperar de forma gradual em resposta à recuperação econômica e do mercado de trabalho. "No entanto, o perfil geral de risco político e macro é uma fonte de preocupação que poderia eventualmente prejudicar a recuperação cíclica do crédito bancário", afirma, no documento, o economista-chefe do banco para a América Latina, Alberto Ramos.
O governo enfrenta dificuldades de articulação e uma relação tumultuada com o Congresso, de quem depende para aprovação da reforma da Previdência. Bancos e economistas consideram o ajuste essencial para melhorar a confiança e destravar o crédito.
Em fevereiro, os serviços e as pequenas empresas sustentaram o avanço das concessões de empréstimos a pessoas jurídicas, destacou a Boa Vista, companhia de análise de risco. "Passado o pior momento da crise, o cenário para as pequenas e médias empresas melhorou. Além disso, a maior parte dos pequenos negócios se concentra no setor de serviços", disseram, em relatório, analistas do birô.
De acordo com eles, a retomada da economia tem se dado, no geral, num "ritmo aquém do desejado", mas com forte discrepância entre os diversos setores.
Dados do Banco Central mostram que a carteira de crédito do setor industrial recuou 3,4% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2018. No setor de serviços, foi registrado crescimento de 6,9%. O comércio, maior segmento dentro de serviços, teve alta de 5,5%. A antecipação de faturas de cartão, muito comum no varejo, cresceu 35,6% em um ano.
Pelo segundo mês consecutivo, as operações para pequenas e médias empresas cresceram em ritmo superior ao das grandes companhias. Em fevereiro, o saldo de operações com pessoas jurídicas de menor porte subiu 3,7% na comparação anual. A alta das maiores companhias foi de 0,2%.
O crédito às empresas caminha para mais um trimestre de recuperação, segundo análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). Os analistas do órgão apontam que em janeiro e fevereiro houve alta real de 12,8% nas concessões para pessoa jurídica em relação ao mesmo período do ano anterior.
Apesar da melhora, o IEDI ressaltou que ainda há um longo caminho a ser trilhado. A relação entre crédito e PIB está estagnada perto de 47%, basicamente o mesmo patamar de maio de 2012. O pico se deu em dezembro de 2015, quando chegou a 53,7%.