IEDI na Imprensa - Serviços registra recuperação tímida em abril após três meses no vermelho
DCI
Setor apresenta desempenho insuficiente para recuperar acúmulo de perdas nos anos de crise; desemprego e renda familiar comprometida impedem qualquer possibilidade de retomada real
João Vicente Ribeiro
Mesmo após apresentar um ligeiro crescimento, de 0,3%, em abril sobre o mês anterior, o setor de serviços ainda está longe de recuperar perda acumulada no primeiro trimestre de 2019, de 1,8%. Fatores como queda no poder de compra das famílias e desemprego devem continuar mantendo o avanço tímido para os próximos meses.
Conforme dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), realizada pelo instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os segmentos com os maiores percentuais de recuo em abril sobre igual período de 2018 foram transporte aéreo (-18%); armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio (-5,1%); serviços audiovisuais (-3,9%); e serviços administrativos e complementares (-2,1%).
“O setor se encontra ainda 11,9% abaixo do patamar mais alto da série histórica, ocorrido em janeiro de 2014. Com isso, temos como destaques negativos o segmento de transporte de cargas”, afirmou o gerente da PMS, Rodrigo Lobo. Segundo ele, o avanço registrado em abril pode ser explicado pela alta de segmentos como serviços prestados a família (12%), serviços de tecnologia (12,8%), e serviços tecno-profissionais (2,9%).
Para o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) Rogolpho Tobler, o setor de serviços ainda está longe de recuperar as perdas acumuladas nos últimos meses. “Tradicionalmente, esse setor costuma ser o último a entrar na crise e também o último a sair. Esse crescimento de abril sobre março não significa necessariamente que os serviços devem deslanchar no País até o final do ano. O que podemos afirmar é que essas áreas estão andando de lado e devem apresentar sinais de evolução bem tímidos”, ponderou Tobler.
Questionado sobre a forte queda verificada no segmento de transporte aéreo (-18%) em abril sobre igual período do ano passado, o economista argumenta que a mudança no calendário de feriados foi crucial para esse recuo.
Tobler também ressalta que o grande otimismo do mercado durante o período pós-eleição vem caindo gradualmente, o que tem reflexo direto no ritmo de recuperação da economia. “É quase impossível o setor de serviços recuperar neste ano o que perdeu nos anos de crise, a massa salarial das famílias ainda está reduzida”, complementou.
Ainda de acordo com o levantamento realizado pelo IBGE, no acumulado do ano, frente a igual período do ano anterior, o setor de serviços cresceu 0,6%. Na mesma base de comparação, os serviços de informação e comunicação (3,0%) apresentaram o principal resultado positivo.
No que diz respeito ao desempenho regional no País no acumulado do ano sobre o mesmo período do ano passado, a pesquisa aponta para o Rio de Janeiro (-4,8%) como destaque negativo. Já em relação aos estados com desempenho positivo, São Paulo teve evolução de (4,0%) na mesma base de comparação. Além disso, no balanço sobre todos os estados, em abril de 2019 sobre um ano antes, houve recuo em 19 das 27 unidades federativas.
Segundo uma análise realizada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) sobre o desempenho do setor em abril, “os sinais mais recentes podem estar indicando, na verdade, mais uma rodada de perda de dinamismo ou, no melhor dos casos, a mera continuidade de uma fase de estagnação.”
Ainda de acordo com a análise, os “raros” avanços em termos de crescimento verificados nos últimos meses não são suficientes para indicar de fato força do setor para ingressar em uma trajetória sólida de evolução.