IEDI na Imprensa - Fabricantes nacionais de bens de capital reclamam de ‘invasão chinesa’
O Globo
O aumento dos investimento sé um sinal positivo paraa economia, mas os sinais de que máquinas e equipamentos importados estão substituindo os brasileiros deixam um gosto amargo para a indústria nacional de bens de capital. Para José Velloso, presidente da Abimaq, que reúne fabricantes nacionais de equipamentos, há uma “invasão chinesa”, com o país asiático ocupando mais que o espaço de exportadores tradicionais como EUA e Alemanha. A importação de máquinas na China também é recorde no ano: US $9,7 bilhões até novembro.
Nos indicadores mensais da Abimaq, o “consumo aparente” (a produção nacional mais as importações, menos as exportações) do país registrava queda de 5,3% no acumulado em 12 meses até outubro.
—O Brasil não está investindo mais. A importação cresce só com a China —diz Velloso.
IMPACTO LIMITADO
Segundo Leonardo Carvalho, pesquisador do Ipea, dados do IBGE apontam que o crescimento da produção doméstica de bens de capital (sem descontar as exportações) tem se concentrado em caminhões e ônibus. Ade máquinas e equipamentos está em queda no país.
Rafael Cagnin, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), observa que, além do impacto positivo do aumento do investimento, as importações de máquinas trazem novas tecnologias de ponta, que aumentam a produtividade. Mas o círculo virtuoso deveria também passar pela indústria local dessas máquinas, o que geraria mais investimentos e empregos também nesta parte da cadeia.
Além de mais competitivas que as máquinas nacionais, as da China refletem apolítica industrial de Pequim nos últimos anos, focada na evolução tecnológica, que tem afetado todos os países. Isso é evidente nos painéis solares. Em maio, os EUA elevaram a tarifa de importação de kits chineses.
Segundo Wladimir Janousek, da consultoria JCS, o resultado é fruto de um desenvolvimento de quase 30 anos, com investimentos robustos em tecnologia, estruturada num modelo verticalizado.
É algo que o Brasil não conseguiu fazer, apesar de muitos incentivos públicos ao setor.