IEDI na Imprensa - Freio forte na indústria deve bater no PIB
Valor Econômico
PMI da S&P Global mostra queda em produção, emprego e encomendas. Custos sobem
Ana Conceição
O IBGE mostrou nesta semana que a produção física da indústria desacelerou com força no bimestre abril e maio, na comparação com o mesmo período em 2024. Mas os dados do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) mostram que esse quadro pode ter piorado em junho.
O PMI dá uma ideia geral da atividade da indústria. Além da produção, mostra os movimentos de emprego, preços, custos, encomendas domésticas e externas e estoques de insumos. Cerca de 400 empresas do setor são consultadas todo mês.
Em junho, o PMI geral caiu 1,2 ponto, para 48,3. Foi a quarta queda mensal consecutiva e o menor valor em 23 meses. Leituras abaixo de 50 indicam contração da atividade.
Um detalhamento do relatório da S&P Global feito pelo Goldman Sachs mostra que o declínio dos componentes do PMI foi generalizado. “A produção, os novos pedidos domésticos e de exportação recuaram em um ritmo mais acelerado, e o componente de emprego mergulhou em território contracionista pela primeira vez em quase 2 anos”, observa o banco.
A forte queda na demanda de exportação se destacou, com recuo de 7,5 pontos, para 41,7. Os estoques de insumos e bens acabados diminuíram. As pressões sobre os preços de insumos e produtos aceleraram ligeiramente na margem.
Já cálculos do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) mostram o forte freio na produção no bimestre abril/maio, na comparação com 2024, depois de uma forte expansão nos trimestres anteriores. Os dados oficiais da produção de junho ainda não saíram, mas o segundo trimestre pode fechar no vermelho.
Chama atenção a reversão expressiva em bens de capital, que de uma alta acima de 10% entre o terceiro e o quarto trimestre de 2024 desacelerou a 4,5% no primeiro trimestre e, agora, caiu 1,4% no bimestre de abril e maio.
É a parte da indústria que entra na conta dos investimentos no PIB (formação bruta de capital fixo) e, ao lado dos bens duráveis (que está positivo, mas desacelerou), é a mais suscetível ao aumento de custo representado pela alta da Selic.
O PIB do segundo trimestre deve “sentir” esses números quando for divulgado em 2 de setembro pelo IBGE.