Análise IEDI
Segundo trimestre de 2017: Indústria mundial em aceleração puxada pelos setores de maior intensidade tecnológica
Em 2017, a indústria de transformação mundial deve apresentar o melhor resultado dos últimos seis anos, de acordo com as estimativas divulgadas no relatório trimestral da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization). O aumento real do valor adicionado do setor este ano deve atingir 3,2% contra 2,1% em 2016.
Assim, confirma-se a tendência favorável iniciada o ano passado na rota da indústria mundial, tanto nos países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. As razões para o cenário mais positivo incluem a recuperação dos investimentos e da demanda agregada em nível mundial, com especial destaque para os países desenvolvidos – sobretudo EUA, Japão, Alemanha, Itália e França –, além da China no grupo de economias em desenvolvimento.
Segundo a UNIDO, a produção na série com ajuste sazonal assinalou, no segundo trimestre de 2017, elevação de 4,2% relativamente ao mesmo período do ano anterior. No primeiro trimestre, o crescimento havia sido menor, de 3,7% na mesma comparação.
O conjunto das economias desenvolvidas tiveram alta de 2,7% em abril-junho de 2017 ante o mesmo período do ano anterior e de 0,8% em comparação com o primeiro trimestre de 2017, já descontados os efeitos sazonais. Houve aceleração do crescimento em todas as regiões: +2,7% na Europa, +1,6% na América do Norte e +4,4% no Leste Asiático, sempre em relação ao mesmo período de 2016 na série com ajuste sazonal.
Nos países em desenvolvimento e emergentes, por sua vez, a produção cresceu 6,1% no segundo trimestre de 2017 comparativamente ao mesmo período de 2016. Frente ao primeiro trimestre de 2017, o avanço chegou a 1,5%, já descontados os efeitos sazonais. As regiões com maior dinamismo foram Ásia e Pacífico (+6,6% ante 2º trim/16), essencialmente a China (+7,4%), e África (+10,5%).
A UNIDO chama atenção para a recuperação na América Latina, cujo resultado na comparação interanual foi positivo em 1,8% no segundo trimestre de 2017, após quedas severas da produção industrial em 2016, por conta do Brasil.
Como sabemos, a indústria de transformação brasileira enfrentou uma crise das mais agudas a partir de 2014, com quedas sucessivas até o início de 2017. No segundo trimestre do ano, logrou um crescimento de 0,4% frente ao mesmo trimestre de 2016 com ajuste sazonal. A indústria argentina também melhorou (+1,9%) neste período, bem como a mexicana (+3,9%) e a colombiana (+3,8%).
Em âmbito mundial, a UNIDO assinala que todos setores industriais cresceram em abril-junho de 2017, tanto em relação ao mesmo trimestre do ano passado, como ante o primeiro trimestre do ano. Aqueles que lideram esse movimento ascendente da manufatura mundial foram os de média-alta e alta intensidade tecnológica, que nos últimos 12 meses registraram expansão de 5,3% - o melhor resultado dos últimos cinco anos.
As taxas de crescimento mais elevadas em abril-junho de 2017 versus abril-junho de 2016 foram nos produtos eletrônicos, óticos e computadores (+8,3%), máquinas e equipamentos (+7,9%) e veículos automotivos (+5,9%).
Perspectivas para 2017. O relatório da indústria de transformação mundial no segundo trimestre de 2017 da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) divulgou recentemente a projeção para o crescimento mundial do setor do corrente ano e a revisão do ano anterior. Em 2016, o valor adicionado da indústria de transformação cresceu 2,1%, isto é, um valor inferior ao que se estimava em setembro daquele ano, de 2,8%.
Para 2017, contudo, as projeções são mais otimistas, indicando o melhor resultado dos últimos seis anos: +3,2% no valor adicionado mundial dos manufaturados. As causas essenciais desse desempenho advêm da retomada das economias industrializadas, especialmente dos países europeus, mas também dos EUA, onde se verificaram avanços no emprego e na confiança do consumidor. No Japão, analogamente, observa-se maior fôlego da indústria, notadamente por conta da evolução das exportações e da elevação do investimento. Assim, o crescimento das economias industrializadas deve passar de 0,4% em 2016 para 1,8% em 2017, isto é, um resultado quase cinco vezes superior.
Além disso, aguarda-se uma melhora do valor adicionado dos produtos manufaturados nas economias em desenvolvimento, destacadamente da América Latina. Razão disso seria principalmente a reversão das tendências negativas da indústria brasileira. A estimativa para a indústria chinesa é ligeiramente inferior em 2017 relativamente a 2016, passando de +6,4% para +6,3%. Assim, a variação do valor adicionado de transformação das economias emergentes industriais deve chegar a +3,0% no presente ano, tendo sido de +1,4% no ano passado.
O desempenho no 2º Trim. de 2017. A produção mundial da indústria de transformação no segundo trimestre segue aumentando, assinalando uma elevação de 4,2% relativamente ao mesmo período do ano anterior, com ajuste sazonal. No primeiro trimestre, o crescimento tinha sido de 3,7%. Na margem, isto é, frente ao trimestre imediatamente anterior, o resultado tanto no primeiro como no segundo trimestre de 2017 foram coincidentes: +1,1%.
Desde o ano passado, vem se confirmando uma tendência ascendente na rota da indústria mundial, tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento. O cenário mais positivo se deve à recuperação dos investimentos e da demanda agregada em âmbito mundial, mas sobretudo nos países desenvolvidos.
Por um lado, as economias desenvolvidas registraram elevação da produção da indústria manufatureira de 2,7% no segundo trimestre de 2017 relativamente a abril-junho do ano anterior e de 0,8% em comparação com o primeiro trimestre de 2017, já descontados os efeitos sazonais. Destacaram-se os desempenhos dos países responsáveis pela maior parcela da produção global – EUA, Japão, Alemanha, Itália e França –, além da China, no grupo de economias em desenvolvimento. A indústria chinesa continua com taxa expressiva de crescimento: 7,4% em abril-junho de 2017 relativamente a igual período de 2016, puxando a região Ásia e Pacífico (+6,6%) como um todo.
O desempenho da produção da indústria de transformação das economias industrializadas melhorou significativamente no segundo trimestre de 2017 em relação aos resultados dos trimestres anteriores em todas as regiões. Nesse sentido, houve elevação de 2,7% na Europa, de 1,6% na América do Norte e de 4,4% no Leste Asiático, sempre em comparação com o mesmo período de 2016, com ajuste sazonal.
Na Europa, o crescimento foi liderado pela Alemanha, que teve variação de +2,9% na produção de manufaturados na comparação interanual. Outros países também apresentaram um dinamismo considerável na mesma comparação, como +2,9% na Itália, +2,4% na Franca e +2,4% na Espanha. Estônia e Eslovênia lograram expansão de 8,0%, seguidas por República Tcheca (+7,4%) e Suécia (+5,2%). Irlanda, de outro modo, registrou queda de 1,1% na produção da indústria de transformação e a Noruega de 0,4%, enquanto o Reino Unido apontou variação positiva de somente 0,2% - sempre na comparação entre abril-junho de 2017 e de 2016.
No Leste Asiático, o Japão, depois de diversos trimestres de perdas, assinalou em abril-junho de 2017 elevação de 5,8% na produção da indústria de transformação. Nesse embalo Singapura cresceu 8,5%, Malásia 5,6% e Taiwan 2,6%.
Por sua vez, nos países em desenvolvimento e emergentes a produção de manufaturados cresceu 6,1% no segundo trimestre de 2017 comparativamente ao mesmo de 2016, puxada pela Ásia, devido sobretudo à China (+7,4%). Índia e Tailândia não foram tão bem assim: a primeira cresceu somente 1,8% e a segunda caiu 0,1%.
A África, que apresenta reduzido peso na produção mundial, deteve no segundo trimestre do corrente ano um aumento de 10,5% no setor de transformação, condicionado pelo crescimento de Egito, Costa do Marfim e Marrocos. Entretanto Senegal e Tunísia tiveram quedas de 3% e a África do Sul de 1,7%.
As outras economias em desenvolvimento, que incluem países da Comunidade dos Estados Independentes do Leste Europeu, assinalaram taxas bastante expressivas de expansão da produção manufatureira: +6,2% na Polônia, +10,6% na Romênia, +8,5% na Bulgária, +6,0% na Servia e +8,7% na Latvia. Neste grupo, também se destacaram Turquia (+4,7%), puxada por exportações e pela desvalorização da taxa de câmbio, e Grécia (+2,5%).
Por fim, a América Latina, que sofreu quedas severas na produção industrial em 2016, vem agora se recuperando, puxada pelo Brasil. A indústria de transformação brasileira enfrentou crise aguda a partir de 2014, com declínios sucessivos até o princípio de 2017, para finalmente lograr uma variação positiva de 0,4% em abril-junho de 2017 relativamente ao mesmo trimestre de 2016. A indústria argentina também melhorou (+1,9%) neste período, bem como a mexicana (+3,9%) e a colombiana (+3,8%).
Análise setorial. Todos os setores da indústria de transformação cresceram em abril-junho de 2017, tanto em relação ao mesmo trimestre do ano passado, como ante o trimestre imediatamente anterior. Os setores que lideram esse movimento foram os de média-alta e alta intensidade tecnológica. Nos últimos 12 meses, expandiram 5,3% - melhor resultado dos últimos cinco anos.
Assim, as taxas de crescimento mais elevadas em abril-junho de 2017 versus abril-junho de 2016 foram as dos setores de eletrônicos, óticos e computadores (+8,3%), máquinas e equipamentos (+7,9%), veículos automotivos (+5,9%). Vale notar que no trimestre em questão houve expansão muito significativa em relação aos resultados do trimestre anterior nesta mesma comparação. E ainda, esses setores apresentam desempenhos bem superiores nas economias em desenvolvimento e emergentes relativamente às desenvolvidas.
Em contraste, os setores com menor variação da produção no segundo trimestre de 2017, ainda em relação ao mesmo período de 2016, foram publicação e impressão (-0,3%), outros equipamentos de transporte (-0,4%) e outros manufaturados (-0,3%).
Nos países desenvolvidos, ainda na comparação interanual, os setores que registraram declínio na produção foram vestuário e confecção (-7,1%), produtos do tabaco (-6,4%), produtos de couro e calçados (-2,7%), outros manufaturados (-2%), publicação e impressão (-1,7%), outros equipamentos de transporte (-1,3%), têxteis (-1,2%) e produtos farmacêuticos básicos (-0,5%). Já as elevações mais expressivas couberam a máquinas e equipamentos (+6,4%), eletrônicos, óticos e computadores (+5,4%) e veículos automotivos (+3,8%) – seguindo a tendência da indústria de média-alta e alta tecnologia.
Nas economias emergentes e em desenvolvimento, quase todos setores tiveram aumento da produção no segundo trimestre de 2017 em relação ao mesmo período de 2016, exceto coque e petróleo refinado (-0,1%) – tal qual na mensuração do trimestre anterior. Nota-se elevação significativa em equipamentos eletrônicos, óticos e computadores (+12,9%), máquinas e equipamentos (+10,0%), produtos farmacêuticos básicos (+10,0%), veículos automotivos (+9,6%) e móveis (+8,4%).