Análise IEDI
Um bom ano para os manufaturados
Já próximo de encerrar o ano, é certo que o saldo da balança comercial atingirá um patamar recorde em 2017. Apoiado nas exportações tanto de produtos primários como de produtos industriais, o resultado chega a US$ 58,5 bilhões no acumulado de janeiro a outubro. Apenas no mês de outubro, o saldo foi de US$ 5,2 bilhões.
Do lado das exportações, o ano de 2017 tem sido marcado por desempenhos positivos em todos os tipos de bens, o que tem mais do que compensado a reação das importações decorrente de um quadro econômico em recuperação.
No mês de outubro, as vendas externas do Brasil totalizaram US$ 18,9 bilhões. Tomada a média das exportações por dia útil, esse resultado significou um crescimento de 31,1% frente a outubro de 2016, a maior taxa de crescimento do ano na comparação interanual. Os bens básicos concorreram muito para isso, seguidos pelos bens semimanufaturados, como mostram as variações ante mesmo período do ano anterior a partir das médias diárias.
• Exportações totais: -3,4% em 2016 como um todo e +19,8% em janeiro-outubro de 2017;
• Exportações de básicos: -9,6% e +28,2%, respectivamente;
• Exportações de semimanufaturados: +5,3% e +15,0%;
• Exportações de manufaturados: +1,2% e +12,1%, respectivamente.
Mas vale notar que as exportações de manufaturados não ficaram atrás. Em outubro, cresceram 20,9% ainda de acordo com a média por dia útil, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Somou-se assim mais um mês em uma trajetória bastante satisfatória, que na maior parte do ano apresentou variações positivas de dois dígitos. No acumulado janeiro-outubro, a expansão foi de 19,9%.
Destacam-se no ano entre os produtos manufaturados as exportações da cadeia automobilística, como as de veículos de passageiros (+52,7%), veículos de carga (+39,8%), autopeças (+17,1%), bem como de máquinas de terraplanagem (+54,1%), tratores (+58,3%) laminados planos de ferro/aço (+36,3%), entre outros.
Do lado das importações, o fim da recessão econômica vem estimulando as compras externas do país, que registraram valor de US$ 13,7 bilhões em outubro de 2017. Assim, como no caso das exportações, as variações positivas são disseminadas. Tomada a média por dia útil, o crescimento de 14,5% frente a outubro do ano passado foi um dos mais intensos na comparação interanual.
O fator mais importante desses dados, contudo, é o dinamismo das importações de bens de capital. Depois de um longo período de declínio, já por três meses consecutivos têm apresentado crescimento: +6,6% em agosto, +34,5% em setembro e +18,7% em outubro, sempre em relação ao mesmo mês do ano anterior e a partir da média por dia útil.
Porém, não é apenas a inversão de sinal da importação de bens de capital que chama atenção, mas também a velocidade com que tem se dado sua reação. Duas medidas a partir da média por dia útil ilustram bem este ponto: a alta de 19,8% do trimestre agosto-outubro contrasta frontalmente com o declínio de 26,9% acumulado de janeiro a julho de 2017, frente aos mesmos períodos do ano anterior.
De acordo com os dados divulgados pelo MDIC, no mês de outubro a balança comercial brasileira apresentou superávit de US$5,201 bilhões. Valor que representou elevação de 122,5% frente ao mesmo mês do ano anterior, quando o saldo positivo fora de US$2,338 bilhões.
As exportações alcançaram US$18,877 bilhões, incremento de 31,1% em relação a outubro do ano passado segundo as médias diárias, que considera o número de dias úteis no mês. Já as importações atingiram US$13,676 bilhões, expansão de 14,5% na mesma base de comparação.
No mês, as médias diárias das exportações e importações foram de US$898,9 milhões e US$651,2 milhões, respectivamente.
Exportações por fator agregado. A exportação de produtos básicos foi de US$8,468 bilhões no mês, variação de 42,3% em relação a outubro de 2016. Nesta mesma comparação, os produtos semimanufaturados somaram US$2,957 bilhões e os manufaturados US$7,000 bilhões, com expansões de 26,2% e 21,0%, respectivamente.
Levando em conta as médias diárias das exportações, frente a igual mês de 2016 houve aumento de: 42,3% para produtos básicos, 21,0% para manufaturados, 26,2% para semimanufaturados. As operações especiais registraram crescimento de 43,1% na mesma base de comparação.
Destaques exportações. Na comparação com outubro de 2016, considerando o grupo dos produtos básicos, os destaques positivos foram: de milho em grão (+287,2%, para US$ 774 milhões), soja em grão (+116,2%, para US$ 940 milhões), minério de ferro (+68,9%, para US$ 2,0 bilhões), minério de cobre (+46,1%, para US$ 217 milhões), algodão em bruto (+45,7%, para US$ 267 milhões), farelo de soja (+45,4%, para US$ 424 milhões), carne bovina (+34,1%, para US$ 503 milhões), carne de frango (+24,4%, para US$ 559 milhões), fumo em folhas (+14,9%, para US$ 315 milhões) e petróleo em bruto (+5,9%, para US$ 1,2 bilhão).
Para os semimanufaturados, na mesma base de comparação, os aumentos mais relevantes foram: óleo de soja em bruto (de US$ 8 milhões para US$ 88 milhões), catodos de cobre (+307,9%, para US$ 41 milhões), ferro fundido (+210,1%, para US$ 88 milhões), semimanufaturados de ferro/aço (+89,0%, para US$ 449 milhões), madeira serrada (+46,1%, para US$ 62 milhões), alumínio em bruto (+41,6%, para US$ 52 milhões), ferro ligas (+24,9%, para US$ 248 milhões), açúcar em bruto (+14,4%, para US$ 862 milhões), celulose (+12,2%, para US$ 538 milhões) e ouro em formas semimanufaturadas (+1,9%, para US$ 187 milhões).
Também na comparação com outubro de 2016, a elevação dos embarques de produtos manufaturados teve como principais oscilações positivas: motores e turbinas para aviação (de US$ 8 milhões para US$ 132 milhões), torneiras/válvulas (+186,5%, para US$ 138 milhões), laminados planos (+132,4, para US$ 232 milhões), máquinas p/terraplanagem (+127,5%, para US$ 250 milhões), tratores (+96,3%, para US$ 169 milhões), automóveis de passageiros (+59,9%, para US$ 590 milhões), pneumáticos (+40,8%, para US$ 120 milhões), veículos de carga (+35,4%, para US$ 252 milhões), motores p/ veículos e partes (+21,0%, para US$ 165 milhões), autopeças (+20,8%, para US$ 197 milhões), óxidos/hidróxidos de alumínio (+16,7%, para US$ 207 milhões), chassis com motor (+10,9%, para US$ 108 milhões), açúcar refinado (+5,0%, para US$ 168 milhões), motores e geradores elétricos (+4,7%, para US$ 111 milhões) e polímeros plásticos (+2,3%, para US$ 149 milhões).
Importações por categoria de uso. Dos US$13,676 bilhões importados em outubro, US$1,580 bilhão foram referentes ao grupo de bens de capital, US$8,226 bilhões a bens intermediários, US$2,122 bilhão a bens de consumo e US$1,745 bilhão a combustíveis e lubrificantes.
Na comparação frente ao mesmo período de 2016, considerando a média diária, houve crescimento das importações em todos os grupos puxado por combustíveis e lubrificantes (68,2%) e seguido por bens de capital (18,7%) bens de consumo (9,3%) e bens intermediários (7,9%).
Destaques importações. No segmento combustíveis e lubrificantes, o crescimento ocorreu principalmente pelo aumento de óleo diesel, carvão, gasolina, petróleo em bruto, gás natural, energia elétrica, coques, propanos liquefeitos, querosenes.
Dentre os bens intermediários, as principais elevações couberam as aquisições de partes de naftas p/petroquímica, partes de aparelhos de radiodifusão/televisão, cloretos de potássio, sulfetos de minério de cobre, catodos de cobre refinado, partes de aparelhos de telefonia, laminados de ferro/aço, pigmento rutilo, microprocessadores, ureia, copolímeros de etileno e alfa-olefina, circuitos integrados.
Quanto aos bens de consumo, as principais altas foram observadas nas importações de automóveis de passageiros, produtos imunológicos, frações do sangue, medicamentos, receptores/decodificadores de vídeo, camisetas.
Por fim, dentre os bens de capital, cresceram, principalmente, veículo de carga, máquinas p/fabricação de papel, aviões, lâmpadas de LED, dumpers para transporte de mercadorias, equipamentos terminais ou repetidores, helicópteros, chassis com motor diesel, instrumentos e aparelhos para medicina, robôs industriais.