Análise IEDI
Três meses de declínio
Setembro foi mais um mês de declínio para o setor de serviços. É verdade que o resultado de -0,3% na série com ajuste não é tão negativo assim, mas devemos lembrar que julho e agosto também fecharam no vermelho e em um patamar não desprezível.
Dada essa sequência de resultados, os serviços completaram um trimestre que não foi nada bom. Seu faturamento real caiu 0,6% frente ao trimestre imediatamente anterior, já descontados os efeitos sazonais. Foi o pior resultado do ano.
O setor está, assim, sem aceleração na margem e sem compensar as perdas acumuladas nos anos anteriores. Diferentemente da indústria e comércio varejista, o resultado acumulado em 2017 permanece negativo, em -3,7%, o que não difere muito do padrão de 2016 (-4,7% no acumulado até setembro).
No caso dos serviços, nem o ganho de renda real das famílias devido à queda da inflação nem os efeitos da safra agrícola recorde conseguiram dar impulso positivo suficiente em 2017. Serviços de informação e comunicação e serviços profissionais continuam andando para trás e, devido ao seu peso, arrastando junto com eles o setor de serviços como um todo.
No trimestre findo em setembro com ajuste sazonal, estes dois segmentos foram os únicos a registrar resultados negativos, além do grupamento especial de atividades turísticas, como mostram as variações frente o trimestre anterior a seguir.
• Serviços totais: -0,1% no 1º trim/17; +0,2% no 2º trim/17 e -0,6% no 3º trim/17;
• Serviços prestados às famílias: +0,3%; -0,7% e +0,4%;
• Serviços de informação e comunicação: +2,3%; -1,6% e -1,7%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: -4,8%; +0,3% e -0,5%;
• Serviços de transporte e correios: +1,5%; +1,1% e +1,1%;
• Outros serviços: -5,2%; -3,7% e +0,9%;
• Atividades turísticas: -4,4%; -1,5% e -1,6%, respectivamente.
O declínio mais intenso nesta comparação coube aos serviços de informação e comunicação, especialmente em função de seu componente telecomunicações (-3,4% ante 2ºT/17). Este pode ser um sinal de que as finanças das famílias e empresas ainda não estão saneadas o bastante para evitar a redução da demanda desse tipo de serviços, o que, neste caso, é facilitado pelo surgimento de novas tecnologias.
Nos serviços profissionais, administrativos e complementares, a queda de faturamento real foi mais branda, de apenas 0,5%, mas já foi capaz de anular o ganho de 0,3% do trimestre anterior. Foram os serviços administrativos e complementares (-0,3% ante 2ºT/17), isto é, aqueles que, em geral, são de menor qualificação, que provocaram esse retorno ao negativo. Já os serviços técnicos-profissionais voltaram a crescer (+0,7%), depois de perdas expressivas em trimestres anteriores.
São os segmentos de serviços prestados às famílias, de outros serviços e, sobretudo, os de transporte e correios que têm segurado um pouco o setor. No primeiro caso, a trajetória trimestral em 2017 tem oscilado entre ganhos e perdas. Agora no terceiro trimestre voltou a apontar alguma reação, em grande medida, devido a um bom resultado em setembro: +5,9% frente a agosto, com ajuste sazonal.
No caso de outros serviços, que congregam um conjunto diversificado de atividades, como serviços financeiros, imobiliários, de manutenção, etc, o terceiro trimestre trouxe a primeira alta de 2017, porém muito aquém do necessário para fazer frente às quedas dos dois trimestres anteriores.
A trajetória mais promissora tem sido a dos serviços de transporte, seus auxiliares e correios, com alta em todos os três trimestres de 2017, quando descontados os efeitos sazonais: +1,5%, +1,1% e +1,1%, sempre em relação ao período imediatamente anterior. Na comparação interanual, por sua vez, também há uma sequência positiva, porém nos dois últimos trimestres: +1,6% no segundo e +3,9% no terceiro.
Na base desse desempenho do segmento de transporte estão tanto os transportes terrestres como os serviços de armazenagem, auxiliares de transporte e correios, puxados pela supersafra e pela melhora do dinamismo geral da economia. É importante que isso se mantenha, pois, dado o peso de quase 1/3 desse segmento nos serviços totais, a sua recuperação é a grande candidata para colocar o setor novamente no azul.
De acordo com dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados pelo IBGE para o mês de setembro, o volume de serviços prestados apresentou redução de 0,3% na comparação com o mês de agosto, para dados com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior houve queda de 3,2%. No acumulado do ano a variação foi de -3,7%, já para os 12 meses a queda foi de 4,3%.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, o volume de serviços prestados apresentou crescimento nos seguintes seguimentos: serviços prestados às famílias (5,9%) e transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (0,3%). Todas as demais categorias tiveram quedas, puxadas por serviços de informação e comunicação (-1,8%); serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,2%) e outros serviços (-0,1%). O agregado especial das atividades turísticas subiu 2,0%.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve recuo em todos os segmentos exceto serviços prestados às famílias (4,6%) e transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (3,4%). Os demais segmentos tiveram variações negativas das seguintes ordens: outros serviços (-6,5%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-6,4%) e serviços de informação e comunicação (-5,7%). O segmento de atividades turísticas registrou queda de 6,8%.
No acumulado do ano, com exceção dos serviços de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (0,8%), todos os demais setores mantiveram o desempenho negativo. A maior contração foi observada no segmento de outros serviços (-9,7%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-8,0%), serviços de informação e comunicação (-2,6%) e serviços prestados às famílias (-1,2%). O volume de serviços relacionados a atividades turísticas caiu 6,6%.
Na variação acumulada em 12 meses, houve retrações generalizadas, nas seguintes intensidades: -7,5% em outros serviços, -7,1% em serviços profissionais, administrativos e complementares, -3,1% em serviços de informação e comunicação, -2,1% em serviços prestados às famílias e queda de -1,9% em transportes, serviços de transportes e correio. Na mesma base de comparação, os serviços de atividades turísticas recuaram 5,3%.
Na análise por unidade federativa, em setembro frente ao mesmo mês do ano anterior, as variações positivas ocorreram em duas das 27 unidades da federação: Mato Grosso (22,5%) e Paraná (5,7%). Nos demais estados as principais quedas foram observadas em Sergipe (-14,3%), Tocantins (-12,9%), Rondônia (-11,1%), Paraíba (-10,9%), Amapá (-9,9%), Maranhão (-9,1%) e Pará (-8,6%).