Análise IEDI
Emprego e renda: resultados de 2017 e tendências para 2018
O quadro de reativação do dinamismo econômico em 2017, embora ainda muito insuficiente, amenizou a crise do emprego no país. Este é o principal resultado que os dados da PNAD hoje divulgados pelo IBGE revelam para o quadro do emprego no ano passado. A taxa de desocupação recuou dois pontos percentuais ao longo do ano, chegando a 11,8% no quarto trimestre. Este continua sendo um patamar elevado, porém a tendência está na direção de queda.
A população ocupada registrou crescimento desde a segunda metade do ano passado, contando com certa aceleração ao passar de +1,6% no terceiro para +2,0% no quarto trimestre, na comparação interanual. A reação atingiu todos os tipos de ocupação à exceção do trabalho com carteira assinada e a maioria dos setores acompanhados pelo IBGE.
Tais sinais positivos relativamente disseminados apontam para um cenário mais favorável em 2018, com a taxa de desemprego declinando ainda mais, a menos que a força de trabalho venha a se expandir expressivamente. É possível que isto ocorra, já que melhores perspectivas de obtenção de emprego costumam atrair de volta ao mercado de trabalho aqueles que haviam caído no desalento.
Dentre os aspectos adversos da evolução do emprego em 2017, destaca-se a queda continuada do trabalho com carteira assinada que, como sabemos, é aquele de maior qualidade por apresentar rendimentos regulares e mais elevados, possibilitando, inclusive, melhores condições de acesso ao crédito.
No 4º trim/17, houve declínio de 684 mil postos com carteira em relação ao mesmo período do ano anterior. Ainda que negativo, este patamar de queda foi quase a metade daquele do 1º trim/17 (1,2 milhão de vagas), indicando que a situação foi ficando cada vez menos grave ao longo do ano. Esse desempenho é ilustrado abaixo em termos de variações percentuais ante mesmo período do ano anterior.
• Ocupação total: -1,9% no 1º trim/17; -0,6% no 2º trim/17; +1,6% no 3º trim/17 e +2,0% no 4º trim/17;
• Trabalho com carteira assinada: -3,5%; -3,2%; -2,4% e -2,0%;
• Trabalho sem carteira assinada: +4,7%; +5,4%; +6,2% e +5,7%;
• Trabalhador por conta própria: -4,6%; -1,8%; +4,8% e +4,8%;
• Empregador: +10,8%; +13,1%; +4,0% e +6,3%, respectivamente.
Convém observar que essa demora do emprego formal em voltar ao positivo não chega a ser anormal, já que os empresários geralmente esperam algum tempo para ver consolidada a melhora do quadro econômico, antes de iniciar as recontratações. Enquanto isso, optam por aumento de jornada de trabalho, por meio de horas extras ou turnos adicionais, por exemplo. É razoável, então, que os postos com carteira assinada voltem a crescer em 2018 caso a recuperação da economia se mantenha.
Outro fator a indicar uma evolução mais favorável do emprego formal é a trajetória da indústria, setor em que as ocupações são majoritariamente com carteira assinada. A partir do segundo trimestre de 2017, emprego industrial voltou a crescer sistematicamente, chegando a +527 mil postos (+4,6%) na comparação do 4º trim/17 com o 4º trim/16. No final do ano passado, foi o setor com melhor resultado, sendo seguido por alojamento e alimentação (+421 mil postos ou +8,7%) e por informação, comunicação e atividades imobiliárias, financeiras e profissionais (+408 mil postos ou +4,2%)
Por ora, entretanto, quem tem puxado a ocupação total é o trabalho por conta própria, absorvendo no 4º trim/17 atingiu 1 milhão de pessoas (ou +4,8%) frente ao mesmo período do ano anterior, e sem carteira assinada, com alta de 598 pessoas (ou +5,7%) em igual comparação.
De um modo ou de outro, o emprego em rota ascendente vem assumindo um peso maior no crescimento da massa real de rendimentos, que manteve um patamar razoável de crescimento no final de 2017 (+3,5% ante 4º trim/16). Este é um fator fundamental para o reaquecimento do mercado de consumidor doméstico, alavancando não só o varejo e os serviços, mas também muitos ramos da indústria. Em contrapartida, o rendimento real mostrou desaceleração na segunda metade do ano (+1,6% ante 4º trim/16), já que perdeu força o efeito positivo do recuo da inflação. A expectativa para 2018 é que a massa real de rendimentos tenha uma evolução em linha com o aumento constatado no último trimestre de 2017 (3,5%).
De acordo com dados da PNAD Contínua divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação registrada no trimestre compreendido entre outubro e dezembro de 2017 foi de 11,8%. No mesmo trimestre do ano anterior a taxa foi de 12,0%.
O rendimento real médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$2.154,00, crescimento de 1,6% frente ao mesmo trimestre de referência do ano anterior (R$2.120,00). A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos atingiu R$193,4 bilhões no trimestre encerrado em novembro, alta de 3,6% (R$181,6 bilhões) na mesma base de comparação.
No trimestre de referência, a população ocupada foi de 92,1 milhões de pessoas, variação positiva de 2,0% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (90,3 milhões de pessoas ocupadas). Na mesma base de comparação, o número de desocupados diminuiu 0,3%, chegando a 12,3 milhões de pessoas.
Frente ao mesmo trimestre do ano anterior, os grupamentos de atividades que apresentaram aumento da ocupação foram: Alojamento e alimentação (8,7%), Outros serviços (8,7%), Indústria (4,6%), Serviços domésticos (4,2%), Informação, Comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (4,2%), Administração pública, defesa, seguridade, educação, saúde humana e serviços sociais (1,6%) e Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (1,2%). Do outro lado, as categorias que apresentaram retração foram: Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-5,1%), Construção (-1,9%) e Transporte, armazenagem e correios (-1,0%).