Análise IEDI
Importações em alta
Em 2018, a balança comercial deve seguir uma evolução distinta dos anos anteriores. Ao longo da crise recente, isto é, em 2015 e 2016, o saldo foi positivo em função do forte declínio das importações. Em 2017, ano de reação econômica, como vimos nos dados do PIB divulgados hoje, a balança se manteve superavitária, mesmo diante de um avanço importante das importações. Isso porque nossas vendas externas tiveram um desempenho excepcional e mais do que compensaram a alta das importações.
Com a economia voltando ao terreno positivo, é de se esperar que haja uma troca no ritmo de crescimento de exportações e importações. Ou seja, as importações tenderiam a crescer mais do que as exportações. Este é um movimento que já pode ser observado no primeiro bimestre de 2018, quando os embarques somaram US$ 34,2 bilhões e os desembarques, US$ 26,6 bilhões, gerando um superávit de US$ 7,7 bilhões.
Tomadas as médias por dia útil, o avanço das importações no acumulado de janeiro e fevereiro foi de 15,1%, enquanto o das exportações ficou em 12,9%. Deve-se notar que embora a taxa de elevação das importações tenha ultrapassado a das exportações, estas últimas continuam registrando um ritmo de crescimento bastante satisfatório.
• Exportações: +17,9% no 3º trim./17; +17,6% no 4º trim./17 e +12,9% no 1º bim./18;
• Importações: +10,8% no 3º trim./17; +16,4% no 4º trim./17 e +15,1% no 1º bim./18;
O descasamento dessas evoluções é ainda maior se for excluída a virtual exportação de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 1,5 bilhão que ocorreu no mês de fevereiro. Neste caso, nossas vendas externas teriam crescido 7,9% no primeiro bimestre, isto é, quase a metade da alta das importações. De todo modo, este não é um ritmo de crescimento desprezível.
Nas exportações, o destaque cabe a produtos manufaturados, cujo crescimento no primeiro bimestre de 2018 frente a igual período de 2017 chegou a 32,9% na média por dia útil. Mesmo descontado a plataforma de petróleo, seu desempenho permanece expressivo: +18,9%. Semimanufaturados e básicos tiveram resultados bem mais modestos, de +1,4% em ambos os casos.
Já nas importações, o maior avanço coube a combustíveis e lubrificantes, de 43,6% ante o primeiro bimestre de 2017. Neste caso, além de um maior nível de atividade econômica geral, explica essa evolução níveis mais elevados dos preços internacionais de petróleo e seus derivados.
Bens de consumo duráveis também tiveram suas compras externas ampliadas nesta entrada de ano. A alta foi de 20,2% a partir das médias por dia útil. Ainda que variações positivas tenham sido generalizadas nas diferentes categorias desses bens, chamam atenção os bens de consumo duráveis (+59,1%), notadamente em função da importação de automóveis (+86,8%).
As importações de bens de capital, em ascensão deste agosto do ano passado, voltaram a registrar resultados positivos tanto em janeiro como em fevereiro, de modo a produzir uma alta de 17,2% no primeiro bimestre do ano. Este dado juntamente com o retorno ao crescimento da formação bruta de capital fixo no último trimestre de 2017, conforme as informações do PIB, trazem uma sinalização favorável para o investimento em 2018, ainda que venha a se concentrar em projetos de menor porte, voltados à atualização de equipamentos e maquinários.
De acordo com os dados divulgados pelo MDIC, no mês de fevereiro de 2018 a balança comercial brasileira apresentou superávit de US$ 4,907 bilhões, valor que representou aumento de 7,7% frente ao mesmo mês do ano anterior, em que o saldo positivo foi de US$ 4,555 bilhões.
As exportações alcançaram US$ 17,315 bilhões, o que representa um incremento de 11,9% em relação a fevereiro do ano passado tomando por base as médias diárias, que considera o número de dias úteis no mês. As importações somaram US$ 12,408 bilhões, o que implica um aumento de 13,7% na mesma base de comparação. No mês, as médias diárias das exportações e importações foram de US$ 962 milhões e US$ 689 milhões, respectivamente.
Exportações por fator agregado. A exportação de produtos básicos foi de US$6,809 bilhões no período, queda de 7,5% em relação a fevereiro de 2017, tomando por base as médias diárias. Nesta mesma comparação, os produtos manufaturados somaram US$ 7,853 bilhões e os semimanufaturados somaram US$ 2,245 bilhões, variações de 41,6% e 1,8%, respectivamente.
Levando em conta as médias diárias das exportações, na comparação com igual mês de 2017 houve aumento de: 41,6% para manufaturados, 30,3% para produtos industrializados, 15,6% para operações especiais e 1,8% para semimanufaturados. Os produtos básicos apresentaram queda de 7,5% na mesma base de comparação.
Destaques exportações. Na comparação com fevereiro de 2017, considerando o grupo dos produtos básicos, os destaques positivos foram: algodão em bruto (+142,4%, para US$ 93 milhões), milho em grão (+132,3%, para US$ 200 milhões), farelo de soja (+100,3%, para US$ 482 milhões), fumo em folhas (+60,3%, para US$ 146 milhões) e carne bovina (+20,7%, para US$ 392 milhões).
Para os semimanufaturados, na mesma base de comparação, os aumentos mais relevantes foram: celulose (+74,5%, para US$ 654 milhões) óleo de soja em bruto (+56,2%, para US$ 94 milhões), madeira serrada (+19,2%, para US$ 53 milhões) e ferro-ligas (+12,6%, para US$ 215 milhões).
Também na comparação com fevereiro de 2017, nos embarques de produtos manufaturados houve acréscimo principalmente de pisos e revestimentos (+361,3%, para US$ 110 milhões), bombas e compressores (+115,2%, para US$ 166 milhões), tratores (110,3%, para US$ 133 milhões), máquinas para terraplanagem (+64,9%, para US$ 222 milhões), autopeças (28,6%, para US$ 190 milhões), automóveis de passageiros (28,4%, para US$ 622 milhões), óleos e combustíveis (26,8%, para US$ 207 milhões), motores para veículos e partes (27,7%, para US$ 155 milhões) e demais (9,7%, para US$ 3.605 milhões).
Importações por categoria de uso. Dos US$ 12,408 bilhões importados em fevereiro, US$ 7,414 bilhões foram de bens intermediários, US$ 2,028 bilhões de bens de consumo, US$ 1,695 bilhões de combustíveis e lubrificantes e US$ 1,270 bilhão foram referentes ao grupo de bens de capital.
Na comparação frente ao mesmo período de 2017, considerando as médias diárias, houve crescimento das importações em todos os grupos, puxado por bens de capital (24,4%), seguido por bens de consumo (21,3%), bens intermediários (11,7%) e combustíveis e lubrificantes (7,5%).
Destaques importações. Com relação a bens de capital, cresceram, principalmente, veículos de carga, motores elétricos, lâmpadas de LED, unidades de processamento digital, escavadoras, quadros de energia, máquinas/aparelhos mecânicos, máquinas/aparelhos autopropulsados, máquinas p/embalar mercadorias, aviões, máquinas p/elevação de carga.
No segmento bens de consumo, os principais aumentos foram observados nas importações de automóveis de passageiros, produtos imunológicos, azeite de oliva, medicamentos, confecções, produtos de beleza, calçados.
No segmento de bens intermediários cresceram as aquisições de partes para aparelhos de radiodifusão, hidróxido de sódio, memórias digitais, catodos de cobre, microprocessadores, enxofre, pigmento rutilo, circuitos integrados, partes p/tratores e veículos automóveis, copolímeros de etileno, caixas de marcha.
Por fim no grupo dos combustíveis e lubrificantes, o crescimento ocorreu principalmente pelo aumento de petróleo em bruto, coques, gás natural, querosenes de aviação, fuel-oil, propanos liquefeitos, óleos lubrificantes sem aditivos.