Análise IEDI
Começando 2018 com o pé direito
Diferentemente da indústria, o comércio varejista começou 2018 com o pé direito, registrando crescimento das vendas reais em praticamente todas as comparações. Em relação ao mês anterior, já com ajuste sazonal, o resultado de janeiro (+0,9%) foi o melhor desde julho do ano passado. Se forem consideradas as vendas de automóveis, autopeças e material de construção, isto é, no conceito ampliado, o desempenho é mais modesto, tendo havido apenas uma virtual estabilidade (-0,1%).
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o varejo completou em janeiro de 2018 uma sequência de dez meses de crescimento. A alta mais recente de 3,2%, não chegou a ser uma das melhores performances do setor, mas tampouco destoa do padrão verificado em 2017. O mesmo vale para seu conceito ampliado, embora neste caso bases mais baixas de comparação contribuam para avanços mais expressivos que no conceito restrito, como o crescimento apurado em janeiro de 2018 de +6,5%.
Cabe ainda considerar que os resultados positivos foram bastante difundidos entre os segmentos do comércio varejista na comparação interanual, atingindo, em janeiro do corrente ano, 8 dos 10 ramos acompanhados pelo IBGE que compõem o varejo em seu conceito ampliado e 19 dos 27 estados da federação.
Assim, ainda que já tenha tido meses melhores, o dinamismo do comércio continua satisfatório. Os segmentos que têm contribuído para isso ao expandir mais fortemente suas vendas compreendem, em boa medida, aqueles mais dependentes do crédito e do nível de confiança dos consumidores, aspectos que apresentaram progresso ultimamente. Estes são justamente aqueles que mais perderam ao longo da crise, como o comércio de veículos e autopeças, material de construção, móveis e eletrodomésticos.
O crédito também é uma poderosa alavanca inclusive para outros segmentos cujas vendas dependem de um mix mais equilibrado entre renda corrente e financiamento, como o varejo de tecidos, vestuário e calçados e o de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que incluem as lojas de departamento. Todos estes estão igualmente em rota ascendente, ainda que em velocidade menor do que aqueles de bens duráveis citados antes.
A contar pela comparação das variações interanuais da média móvel trimestral finda em janeiro de 2018 com o resultado de 2017 como um todo, a maior parte desses segmentos do varejo que vêm se destacando caminha para um reforço adicional de seu dinamismo, influenciando a trajetória do total do varejo restrito (+4,3% contra +2,1%) e ampliado (+7,3% contra +4,0%).
Os dados abaixo mostram esse movimento, que afeta também outros ramos, como o de supermercados, alimentos, bebidas e fumo, bem como artigos farmacêuticos, médicos e ortopédicos. Ao todo, metade dos segmentos do varejo apontam para uma aceleração.
• Varejo restrito: +2,1% em 2017 e +4,3% no trimestre móvel findo em jan/18;
• Supermercados, alimentos, bebidas e fumo: +1,5% e +5,0%, respectivamente;
• Tecido, vestuário e calçados: +7,6% e +5,9%;
• Móveis e eletrodomésticos: +9,5% e +9,7%;
• Outros artigos de uso pessoal e doméstico: +2,1% e +4,9%;
• Varejo Ampliado: +4,0% e +7,3%
• Veículos e autopeças: +2,7% e +10,9%
• Material de construção: +9,1% e +10,3%, respectivamente.
Quem foge à regra são móveis e eletrodomésticos, que parece ter estabilizado o nível de crescimento de suas vendas reais em torno de 9,5%, o que é razoável para compensar as perdas anteriores. Outro caso é o de tecidos, vestuário e calçados, que registraram desaceleração, saindo de +7,6% em 2017 para +5,9% no trimestre findo em jan/18. Apesar disso, seu dinamismo continua expressivo, muito embora a virtual estabilidade (+0,3%) de jan/18 contra jan/17 seja um sinal de cautela.
Além dos 5 segmentos em aceleração, 1 em desaceleração e 1 com manutenção do dinamismo, o placar do varejo se completa com outros 3 segmentos que não só permanecem no vermelho, como indicam uma deterioração adicional na virada do ano. São eles: combustíveis e lubrificantes (-3,3% em 2017 e -4,6% no trimestre findo em jan/18), livros, jornais, revistas e papelaria (-4,1% e -6,8%) e equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação (-3,1% e -8,5%, respectivamente).
De acordo com os dados de janeiro de 2018 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional apresentou crescimento de 0,9% frente a dezembro de 2017, já descontados os efeitos sazonais. Na comparação com janeiro do ano passado, houve alta de 3,2%. No acumulado dos últimos 12 meses, o resultado foi um crescimento de 2,5%.
O volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção, registrou variação de -0,1% em relação a dezembro de 2017, a partir de dados livres de influências sazonais. Na comparação com janeiro de 2017, houve crescimento de 6,5%, sendo esta a nona taxa de crescimento seguido. Para o acumulado dos últimos 12 meses, a variação foi de 4,6%.
A partir de dados dessazonalizados, verificou-se resultados positivos em cinco das oito atividades que compõem o varejo na comparação frente ao mês de dezembro de 2018, as variações foram as seguintes: outros artigos de uso pessoal e doméstico (6,8%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (3,7%), hipermercados, supermercados, produtos, alimentícios, bebidas e fumo (2,3%), tecidos, vestiários e calçados (0,9%) e livros, jornais, revistas e papelaria (0,3%). Para os outros segmentos analisados, foi registrado retração em: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,5%), móveis e eletrodomésticos (-2,3%), e combustíveis e lubrificantes (-0,3%). Em relação ao comércio varejista ampliado, houve retração de -0,1%; com crescimento em veículos, motos, partes e peças (3,8%) e queda em material de construção (-0,2%).
Em relação ao mês de janeiro de 2017, registrou-se expansão em seis dos oito segmentos analisados, sendo: outros artigos de uso pessoal e doméstico (10,5%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (5,4%), móveis e eletrodomésticos (5,3%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (4,2%), hipermercados, supermercados, produtos, alimentícios, bebidas e fumo (3,1%), tecidos, vestiários e calçados (0,2%). De outro lado, foi registrado retração em: livros, jornais, revistas e papelaria (-7,3%) e combustíveis e lubrificantes (-4,0%). Em relação ao comércio varejista ampliado, houve expansão de 6,5%, em razão do crescimento de veículos, motos, partes e peças (18,2%) e material de construção (7,3%).
Avaliando o acumulado de 12 meses, registrou-se variações positivas em cinco das atividades pesquisadas: móveis e eletrodomésticos (9,6%), tecidos, vestuário e calçados (7,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (3,2%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,1%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,7%). Nos demais setores observamos contrações: livros, jornais, revistas e papelaria (-3,7%), combustíveis e lubrificantes (-3,1%) e equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-2,3%). No comércio varejista ampliado houve crescimento de 4,6%, com expansão de 9,4% em material de construção e de 4,5% em veículos, motos, partes e peças.
Em relação a janeiro de 2017, 17 das 27 unidades federativas tiveram aumento do volume comércio, evidenciando-se com as maiores variações: Rondônia (18,2%), Santa Catarina (15,5%), Roraima (14,6%), Rio Grande do Norte (13,1%), Maranhão (13,0%) e Pará (11,6%). As unidades federativas que apresentaram recuo nas vendas foram: Goiás (-9,2%), Amapá (-4,9%), Mato Grosso do Sul (-3,4%), Minas Gerais (-2,9%), Espírito Santo (-2,9%) e Distrito Federal (-1,7%).