Análise IEDI
Sem atenuantes regionais
Fevereiro deste ano foi um mês de crescimento pífio para a indústria, como vimos na semana passada. A variação, embora positiva, foi de apenas 0,2% em relação a janeiro, já descontados os efeitos sazonais. Além disso, a proporção de setores no azul não chegou a ser expressiva, atingindo pouco mais da metade deles.
Hoje, o IBGE nos mostra que a indústria só não ficou no negativo mais uma vez, já que também houve queda em janeiro, como mostram as variações abaixo, devido ao resultado de poucos estados. Isto é, o mês foi fraco e não teve atenuantes do ponto de vista regional. Na série com ajuste sazonal, 6 das 15 localidades acompanhadas conseguiram obter alguma elevação da produção em fevereiro. Entretanto, estados onde a indústria tem maior peso recuaram.
• Brasil: +2,9% em dez/17; -2,2% em jan/18 e +0,2% em fev/18.
• Paraná: +1,3%; -4,2% e +3,3%, respectivamente;
• Santa Catarina: +0,9%; +1,5% e +0,9%;
• Nordeste: 0%; -1,1% e +2,6%;
• Rio de Janeiro: +0,8%; -2,3% e +1,2%;
• São Paulo: +3,5%; -3,9% e -0,5%;
• Minas Gerais: -0,6%; +0,7% e -2,8%;
• Amazonas: +12,9%; +7,8% e -5,9%, respectivamente.
A região sul foi aquela que melhor se saiu em fevereiro. Registraram crescimento frente ao mês anterior dois de seus três estados: a produção industrial do Paraná aumentou 3,3%, compensando parte do declínio acentuado de janeiro (-4,2%), e a de Santa Catarina 0,9%, sempre com ajuste sazonal. Cabe destacar que o resultado na margem da indústria catarinense vem se mantendo no positivo já há vários meses, desde maio de 2017.
O Nordeste foi outra região com bom desempenho, devido a Pernambuco (+1,3%) e Bahia (+0,9%). Seu crescimento de 2,6% frente a janeiro foi o mais intenso desde julho do ano passado na série com ajuste, mas ainda assim foi insuficiente para fazer frente a uma sequência de maus resultados nos meses anteriores, quando acumulou declínio de 2,9% entre ago/17 e jan/18.
No Sudeste, apenas o Rio de Janeiro teve expansão industrial. Já descontados os efeitos sazonais, a alta chegou a 1,2% em fevereiro, mantendo o perfil recente de intercalar meses positivos e negativos. A força do crescimento neste mês foi, contudo, muito aquém do necessário para compensar o recuo de janeiro (-2,3%).
Dentre as localidades em retração, que contribuíram para a baixa performance do total nacional de fevereiro, ganha destaque a indústria paulista. São Paulo, com o maior e mais diversificado parque industrial do país, parece ter perdido no primeiro bimestre de 2018 aquilo que ganhou no último bimestre do ano passado. Sua produção caiu 3,9% em janeiro e 0,5% em fevereiro, retomando um patamar equivalente ao de out/17. Com isso, a variação da média móvel trimestral com ajuste voltou a ficar negativa (-0,3% ante jan/18)
Além de São Paulo, outros estados também decepcionaram: Minas Gerais caiu 2,8% e Rio Grande do Sul ficou quase estável (-0,1%). O Amazonas, por sua vez, cuja indústria apresentou um dinamismo intenso na virada do ano, devolveu uma parcela deste dinamismo em fevereiro, com queda de 5,9%. Demais estados com estruturas industriais mais especializadas foram na mesma direção, como Pará (-10,9%), Espírito Santo (-1,1%) e Mato Grosso (-4,4%).
A partir dos dados dessazonalizados, a produção industrial brasileira apresentou acréscimo de 0,2% na passagem de janeiro para fevereiro. Dentre os 15 locais pesquisados, seis registraram avanço: Paraná (3,3%), Nordeste (2,6%), Pernambuco (1,3%), Rio de Janeiro (1,2%), Bahia (0,9%) e Santa Catarina (0,9%). As demais localidades apresentaram retrações: Pará (-10,9%), Amazonas (-5,9%), Mato Grosso (-4,4%), Minas Gerais (-2,8), Espírito Santo (-1,1%), Ceará (-0,7%), São Paulo (-0,5%), Rio Grande do Sul (-0,1%), ficando Goiás com zero.
Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve crescimento de 2,8% da indústria nacional, com 9 dos 15 locais pesquisados registrando expansão: Amazonas (16,1%), Santa Catarina (6,2%), São Paulo (4,9%), Pernambuco (4,9%), Bahia (3,2%), Rio de Janeiro (3,0%), Ceará (2,8%), Nordeste (2,3%) e Rio Grande do Sul (0,3%). Para as demais regiões observamos decréscimos: Minas Gerais (-6,3%), Espírito Santo (-6,2%), Mato grosso (-2,3%), Goiás (-2,1%), Pará (-0,9%) e Paraná (-0,3%).
No acumulado do ano (janeiro a fevereiro de 2018) frente ao mesmo período do ano anterior, houve crescimento de 4,3% em termos nacionais, com elevação na produção de 10 das 15 regiões pesquisadas. Os principais aumentos ocorreram nos estados do Amazonas (24,5%), Santa Catarina (8,5%), Pará (7,3%), São Paulo (6,2%), Bahia (4,5%), Rio de Janeiro (4,1%), Ceará (3,9%), Rio Grande do Sul (3,5%), Nordeste (1,6%) e Pernambuco (0,9%). Já para as regiões que apresentaram retração tivemos: Espírito Santo (-7,7%), Minas Gerais (-1,3%), Mato Grosso (-1,0%), Paraná (-0,9%) e Goiás (-0,5%).
São Paulo. Na comparação com o mês de janeiro de 2018, a produção da indústria paulista apresentou retração de -0,5% em fevereiro, a partir de dados dessazonalizados. Por outro lado, frente ao mesmo mês do ano passado, houve expansão de 4,8%. Olhando para os dados de fevereiro de 2018 contra fevereiro de 2017, tivemos aumento nos seguintes setores: metalurgia (21,3%), veículos automotores (17,2%), sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e higiene (15,2%), produtos de borracha e material plástico (10,7%) e máquinas e equipamentos (8,7%). Os setores que apresentaram contribuições negativas foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-15,9%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-10,1%), coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-9,8%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-5,8%) e bebidas (-3,6%).
Amazonas. Frente a janeiro de 2018, a produção industrial amazonense retraiu -5,9% em fevereiro, para dados dessazonalizados. Na comparação com o mesmo mês de 2017, houve expansão de 16,2%. Os setores com as maiores variações positivas foram: equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (43,3%), máquinas e equipamentos (31,8%), outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (23,6%), indústria de transformação (17,3%) e bebidas (10,8%). Por outro lado, as maiores retrações foram registradas em: impressão e reprodução de gravações (-19,3%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-15,5%), produtos de borracha e material plástico (-1,7%) e indústria extrativa (-1,3%).