Análise IEDI
Para avançar a inovação no Brasil
A Carta IEDI a ser divulgada hoje discute algumas iniciativas para fazer avançar a inovação no Brasil, tendo como substrato o estudo realizado por Paulo Tigre, PhD em Política Científica e Tecnológica pela Universidade de Sussex (Inglaterra) e Professor Titular (aposentado) do Instituto de Economia da UFRJ. Este estudo, cuja versão integral encontra-se em nosso site , faz parte de uma série de trabalhos realizados para subsidiar a elaboração da estratégia industrial do IEDI, a ser divulgada em breve. Alguns destes trabalhos já estão disponíveis: Cartas IEDI n. 855 de 26/6/18; n. 856, de 28/6/18; n. 857 de 29/618; n. 858 de 2/7/18; n. 859 de 3/7/18; n. 860 de 5/7/18 e n. 862 de 10/7/18.
O tema é da maior relevância porque a capacidade de inovar é determinante para a competitividade das empresas e das nações, assegurando as condições para um crescimento sustentado ao longo do tempo. Além disso, a inovação também ajuda a solucionar problemas econômicos e sociais complexos em áreas como saúde, educação, segurança, mobilidade urbana, gestão pública, equidade e sustentabilidade. Por isso, é fundamental que o Brasil se torne um país mais inovador.
Segundo Paulo Tigre, são três as linhas de ação que poderiam melhorar o quadro da inovação no país, sintetizadas a seguir:
1. Priorizar atividades inovativas com maior potencial competitivo. Conhecer as necessidades tecnológicas das empresas deve constituir uma atividade permanente, assim como o monitoramento da difusão de inovações. Tais necessidades não são necessariamente de alta tecnologia, pois podem simplesmente envolver a adoção de melhores práticas produtivas que já se encontram disponíveis. Apoiar a interação entre usuários e fornecedores de tecnologia tem a vantagem de canalizar recursos e esforços tecnológicos para problemas concretos defrontados por agentes econômicos.
As cadeias produtivas dos setores agropecuário, mineral, industrial e de serviços abrem muitas oportunidades para atrair fornecedores de soluções inovadoras que precisam ser desenvolvidas e adaptadas ao contexto nacional. Isso inclui a infraestrutura tecnológica, desenvolvimento e operação de redes de comunicação, internet das coisas, máquinas e equipamentos especializados além de software e serviços tecnológicos utilizando inteligência artificial.
Muitas startups estão surgindo trazendo soluções para a produção, logística e distribuição, contribuindo assim para o aumento da qualidade e produtividade. Apoiar a interação entre usuários e fornecedores de tecnologia tem a vantagem de canalizar recursos e esforços tecnológicos para problemas concretos defrontados por agentes econômicos.
2. Fortalecer a educação básica e tecnológica e promover sua articulação com o setor produtivo. Políticas públicas para fortalecer a educação básica e técnica, aproximando-as do setor produtivo constitui um dos passos fundamentais para o avanço da inovação no país. Vários são os instrumentos disponíveis, incluindo a criação de cursos específicos em nível técnico, graduação e pós-graduação; fundos e linhas de financiamento à pesquisa universitária em áreas de interesse social e econômico; programas de qualificação de professores; introdução de novas tecnologias na educação; inserção de pesquisadores na indústria; etc.
3. Desenhar políticas orientadas a missões. As missões constituem uma maneira objetiva de pensar as interações dinâmicas entre políticas horizontais (por exemplo, educação, capacitação tecnológica, pesquisa e inovação) e verticais (saúde, meio ambiente, energia, etc.). Políticas orientadas para missões contribuem não só para dar maior foco e direcionamento aos esforços de P&D e inovação como também para motivar e mobilizar os agentes que efetivamente irão implementá-las. Ações públicas sistemáticas visando aproveitar oportunidades tecnológicas para buscar soluções aos grandes desafios da economia e da sociedade brasileira e para promover a equidade e a sustentabilidade podem representar um elemento catalizador para mobilizar a ciência e tecnologia brasileira.