Análise IEDI
Ponderações sobre o resultado de maio
Nenhum dos grandes setores da economia saiu ileso da paralisação dos caminhoneiros em maio. As perdas frente a abril chegaram a 10,9% na indústria, a 4,9% no varejo em seu conceito ampliado e, segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, a 3,8% no setor de serviços, já descontados os efeitos sazonais. Já em relação a maio de 2017, o faturamento real de serviços também caiu 3,8%.
O resultado negativo dos serviços, porém, não expressa integralmente o significado do mês de maio para o setor. Três aspectos precisam ser considerados para que tenhamos uma melhor visão de seu quadro geral.
O primeiro aspecto diz respeito à magnitude da queda de maio, que de fato, foi a mais intensa desde o início da série com ajuste sazonal, ainda que tenha sido muito próxima de março de 2017 (-3,7%), outro mês bastante ruim. O que vale ser enfatizado, contudo, é que este patamar recorde de queda do setor como um todo se deveu a apenas um de seus segmentos, justamente aquele que esteve no centro da paralisação de maio: transportes, seus serviços auxiliares e correio, cuja retração chegou a 9,5% frente a abril, devido ao transporte terrestre (-15%).
O segundo aspecto a ser destacado é que, além do segmento acima mencionado, todas as demais atividades de serviços também fecharam o mês no negativo. Isto é, as perdas foram generalizadas, como mostram as variações com ajuste abaixo, e não pouparam o grupamento especial de atividades turísticas (-2,4% ante abr/18).
• Serviços total: -0,3% em mar/18; +1,1% em abr/18 e -3,8% em mai/18;
• Serviços prestados às famílias: +3,0%; +1,6% e -0,3%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +1,8%; -0,5% e -0,4%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: -1,8%; +1,5% e -1,3%;
• Transporte, seus auxiliares e correio: -0,2%; +0,7% e -9,5%;
• Outros serviços: -0,5%; -0,6% e -2,7%, respectivamente.
Apesar da disseminação, as quedas da maioria dos segmentos não foram fortes o suficiente para destoarem do padrão recente. Ajudou para isso, inclusive, o fato de alguns componentes dos segmentos de serviços terem preservado sinal positivo, embora tenham sido poucos. Nos serviços familiares, por exemplo, o componente outros serviços prestados às famílias cresceu 0,2% ante abril. No segmento de serviços de informação e comunicação, por sua vez, o componente telecomunicações teve alta de faturamento real de 0,6%, enquanto no de transportes, o componente aquaviário variou +0,4%.
Por fim, o terceiro aspecto que merece atenção diz respeito às trajetórias. Mesmo atípico, o mês de maio foi apenas mais um capítulo desfavorável de uma frágil evolução em alguns segmentos. É o caso, por exemplo, dos serviços de informação e comunicação, cujo faturamento real cai sistematicamente na série com ajuste sazonal desde dez/17, com uma única exceção (+1,8% em mar/18). Muito semelhante é o caso do segmento de outros serviços, com queda nos últimos quatro meses.
Já serviços profissionais, administrativos e complementares não chegam a uma tal sucessão de resultados negativos, mas têm oscilado bastante, sem praticamente sair do lugar desde janeiro de 2018. Essa trajetória deriva de seus dois componentes, ou seja, de serviços administrativos e complementares, que incluem muitas das atividades habitualmente terceirizadas pelas empresas, e, principalmente, de serviços técnico-profissionais, que consistem naqueles serviços corporativos mais especializados.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de maio, o volume de serviços prestados apresentou contração de 3,8% frente ao mês de abril de 2018, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (maio/2017) houve recuo de 3,8%. No acumulado de 12 meses, observou-se retração de 1,6% e para o acumulado do ano o decréscimo foi de 1,3%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, todos os segmentos analisados apresentaram contração em relação a abril de 2018, sendo eles na ordem decrescente: transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-9,5%), outros serviços (-2,7%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,3%), serviços de informação e comunicação (-0,4%) e serviços prestados às famílias (-0,3%). Para o segmento das atividades turísticas houve queda de 2,4% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Na comparação com maio de 2017, os cinco segmentos analisados apresentaram contração, sendo eles: transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-7,8%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,0%), outros serviços (-1,7%), serviços de informação e comunicação (-1,4%) e serviços prestados às famílias (-1,3%). Ainda para esta comparação, as atividades turísticas apresentaram a variação positiva de 1,9%, frente a maio de 2017.
No acumulado de doze meses (abril de 2017 a de 2018), somente o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio apresentou crescimento de 2,8%. De outra forma, os demais setores registraram contrações, sendo eles: serviços profissionais, administrativos e complementares (-4,5%), outros serviços (-3,9%), serviços de informação e comunicação (-2,5%) e serviços prestados às famílias (-0,3%). O volume de serviços relacionados as atividades turísticas aferiram queda de 4,0%.
Na análise por unidade federativa, no mês de maio de 2018 comparado ao mesmo mês do ano anterior, 2 dos 27 estados apresentaram expansões, são eles Roraima (9,0%) e Distrito Federal (4,8%). Para as outras unidades federativas foi aferido contrações, com as maiores sendo em: Tocantins (-14,1%), Mato Grosso (-14,0%), Ceará (-12,6%), Rio Grande do Norte (-11,7%), Paraná (-11,6%), Pará (-10,2%), Bahia (-9,8%), Amapá (-9,5%), Paraíba (-8,1%), Rio Grande do Sul (-7,2%), Pernambuco (-7,1%), Sergipe (-6,9%), Minas Gerais (-6,7%), Mato Grosso do Sul (-5,8%), Acre (-5,3), Espírito Santo (-4,9%), Goiás (-4,8%), Alagoas (-4,1%), Maranhão (-3,5%), Rondônia (-3,3%), Amazonas (-3,0%), Santa Catarina (-2,3%), São Paulo (-1,9%), Piauí (-1,2%) e Rio de Janeiro (-0,6%).
Por fim, e ainda na análise por unidade federativa, na comparação do acumulado do ano com relação ao mesmo período do ano anterior verificou-se expansão em três dos vinte e sete estados analisados sendo eles: Roraima (4,7%), Espírito Santo (0,8%) e São Paulo (0,5%). Nos demais estados observou-se retrações, sendo elas nos estados do Rio Grande do Norte (-10,0%), Ceará (-9,4%), Pará (-8,3%), Tocantins (-7,7%), Acre (-7,2%), Bahia (-6,5%), Sergipe (-5,3%), Paraíba (-5,2), Alagoas (-5,1%), Piauí (-5,0%), Pernambuco (-4,1%), Amapá (-4,0%), Maranhão (-3,6%), Minas Gerais (-3,0%), Distrito Federal (-2,6%), Paraná (-2,3%), Mato Grosso (-2,1%), Rio de Janeiro (-1,7%), Rio Grande do Sul (-1,6%), Rondônia (-1,2%), Mato Grosso do Sul (-1,1%), Goiás (-0,4%) e Santa Catarina (-0,2%). No estado do Amazonas não houve variação.