Análise IEDI
Sem entusiasmo
O início da segunda metade de 2018 decididamente não trouxe sinais favoráveis para o desempenho industrial. O resultado geral anunciado na semana passada acusou declínio de 0,2% em julho frente a junho, já descontados os efeitos sazonais. Ou seja, passada a volatilidade decorrente da greve dos caminhoneiros, a indústria encontrou-se novamente no negativo. A composição regional deste resultado, divulgada hoje pelo IBGE, também não é nada reconfortante.
Das quinze localidades pesquisadas, oito registraram perda de produção na série com ajuste. Além deste placar pouco favorável, dado que a maioria ficou no vermelho, o mais grave é que o núcleo industrial do Sudeste, a região do país com maior renda, maior consumo e maior densidade industrial, não se saiu bem.
A trajetória de São Paulo é sintomática. Em julho, sua indústria caiu (-1,1%) muito mais do que a média nacional (-0,2%) apontando para a possibilidade de registrar mais um trimestre de perdas na série com ajuste. Vale lembrar que a indústria paulista já havia declinado -0,8% no 1º trim/18 e -1,3% no 2º trim/18, descontados os efeitos sazonais. Na comparação interanual, tampouco a indicação gera entusiasmo: +5,2% no 1º trim/18; +4,0% no 2º trim/18 e +2,8% em jul/18 contra jul/17. Ao que parece, São Paulo está perdendo vigor industrial com o avançar do ano; exatamente o oposto do desejável.
A indústria paulista, porém, não é a única a deixar a desejar, como mostram as variações frente ao período anterior com ajuste sazonal, logo abaixo. Rio de Janeiro e sobretudo Minas Gerais também caíram mais do que o total Brasil em julho, retomando, no caso mineiro, a sequência de resultados negativos que já vinha ocorrendo há mais tempo. Paraná, Mato Grosso, Goiás, Ceará e Pernambuco completam a lista dos desaventurados.
• Brasil: +0,2% no 1º trim/18; -2,6% no 2º trim/18 e -0,2% em jul/18.
• São Paulo: -0,8%; -1,3% e -1,1%, respectivamente;
• Minas Gerais: -0,5%; +0,2% e -1,0%;
• Rio de Janeiro: -2,6%; +0,4% e -0,3%;
• Nordeste: -1,2%; -0,1% e +0,5%;
• Amazonas: +9,7%; -8,2% e +2,5%;
• Rio Grande do Sul: +2,3%; -2,2% e +4,6%, respectivamente.
Em contrapartida, julho também assegurou alguns resultados promissores. Além dos estados com forte presença de ramos extrativistas, como Pará e Espírito Santo, o destaque coube ao Rio Grande do Sul, que não só conseguiu crescer +4,6% em julho frente a junho, como superou os impactos adversos vindos da greve dos caminhoneiros em maio. O nível de produção em jul/18 estava 5,4% acima daquele de abr/18, uma das melhores performances regionais nesta ótica. Cabe notar ainda que o 1º trimestre do ano havia sido positivo para a indústria gaúcha.
Outras localidades também se destacam favoravelmente, como o Amazonas, cuja queda no 2º trim/18 não foi capaz de anular o crescimento acumulado nos três primeiros meses do ano. Agora em julho, cresceu +2,5% frente a junho, com ajuste sazonal. O Nordeste também logrou ampliar produção em julho, mas foi de apenas +0,5%. Como o histórico recente da região não é dos melhores, tendo apresentado queda nos dois primeiros trimestres de 2018 e no último trimestre de 2017, é cedo para considerar esta alta uma sinalização de reação da indústria nordestina.
A partir dos dados dessazonalizados, na passagem de junho para julho de 2018, a produção industrial brasileira registrou retração de 0,2%. Entre os 15 locais pesquisados, 7 registraram variações positivas: Espírito Santo (5,8%), Rio Grande do Sul (4,6%), Pará (2,7%), Amazonas (2,5%), Santa Catarina (1,9%), Bahia (1,0%) e Nordeste (0,5%). Em sentido oposto, os estados que apresentaram decréscimos foram: Goiás (-2,1%), Paraná (-1,3%), São Paulo (-1,1%), Minas Gerais (-1,0%), Mato Grosso (-0,9%), Rio de Janeiro (-0,3%), Pernambuco (-0,2%) e Ceará (-0,2%).
Analisando em relação a julho de 2017, aferiu-se expansão de 4,0% da indústria nacional, sendo que 12 dos 15 locais pesquisados registraram crescimento: Rio Grande do Sul (13,9%), Pará (13,7%), Pernambuco (12,3%), Rio de Janeiro (10,6%), Santa Catarina (8,3%), Amazonas (7,6%), Espírito Santo (7,5%), Paraná (6,1%), Mato Grosso (4,3%), Nordeste (3,3%), São Paulo (2,9%) e Bahia (0,7%). Para os demais estados observaram-se decréscimos, sendo eles em Goiás (-4,9%), Minas Gerais (-0,8%) e Ceará (-0,3%).
No acumulado do ano (janeiro a julho de 2018) frente a igual período de 2017, observou-se expansão de 2,5% em termos nacionais, com crescimentos da produção em 11 dos 15 estados pesquisados: Amazonas (14,1%), Pará (8,9%), Pernambuco (4,7%), Santa Catarina (4,6%), Rio de Janeiro (4,5%), São Paulo (4,3%), Rio Grande do Sul (2,6%), Paraná (1,8%), Bahia (0,5%), Mato Grosso (0,5%) e Nordeste (0,2%). Na mesma base de comparação, os estados que apresentaram retrações foram Goiás (-3,8%), Espírito Santo (-3,7%), Minas Gerais (-1,6%) e Ceará (-0,1%).
São Paulo. Frente ao mês de junho de 2018, a produção da indústria paulista aferiu retração de 1,1%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a julho de 2017, houve crescimento de 2,9%. No entanto, analisando os dados acumulados de janeiro a julho de 2018, tivemos aumentos nos seguintes setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (15,9%), metalurgia (13,6%), máquinas e equipamentos (10,4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,7%) e coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (7,4%). Por outro lado, os cinco setores que apresentaram decréscimos foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-12,9%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-11,0%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-3,2%), produtos alimentícios (-2,7%) e produtos têxteis (-1,1%).
Goiás: Na comparação com o mês de junho de 2018, a produção da indústria goiana registrou decréscimo de 2,1%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a julho de 2017, houve retração de 4,9%. No acumulado do ano a indústria de Goiás apresentou a maior retração dos estados brasileiros analisados (-3,8%), sendo que os setores com contribuições positivas foram: produtos de minerais não-metálicos (9,2%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (4,0%) e indústrias extrativas (0,2%). Por outro lado, os cinco demais setores que apresentaram retrações foram: produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-14,2%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-7,1%), produtos alimentícios (-5,6%), outros produtos químicos (-5,3%) e indústria de transformação (-4,0%).
Amazonas: Na comparação com o mês de junho de 2018, a produção da indústria amazonense apresentou crescimento de 2,5%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a julho de 2017, houve expansão de 7,6%. Por fim, os setores com os maiores incrementos (acumulado janeiro a julho de 2018) foram: bebidas (28,9%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (22,9%), outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (19,9%), indústria de transformação (15,0%) e impressão e reprodução de gravações (10,5%). Por fim, as maiores retrações se deram nos seguintes setores: máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-15,3%), produtos de borracha e material plástico (-8,8%) e industrias extrativas (-0,7%).